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‘A sagração da primavera’ chega aos cem anos com encenações no Brasil e no mundo

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RIO - Poucas obras causaram tanto desconforto e furor em sua estreia quanto “A sagração da primavera”, que uniu os talentos do bailarino e coreógrafo Vaslav Nijinsky (1890-1950) e do compositor Igor Stravinsky (1892-1971), considerada um marco fundamental da história da dança moderna. Criada para os Balés Russos de Serguei Diaghilev, com passos que se opunham às linhas clássicas, tema pagão e música dissonante, a peça levou o público presente ao Teatro do Champs-Elysées, em Paris, em 29 de maio de 1913, ao limite. Foi um escândalo, com aplausos, vaias, brigas e intervenção policial. E, assim, a dança e a música não foram mais as mesmas.

O mundo inteiro celebra em 2013 o centenário de “A Sagração da Primavera”. Sua força e ousadia já inspiraram diferentes versões, assinadas pelos mais consagrados coreógrafos. Na lista figuram, por exemplo, as de Maurice Béjart (1927-2007), Pina Bausch (1940-2009) e Kenneth MacMillan (1929-1992). As duas primeiras acabaram de integrar o festival que o Balé Bolshoi fez em abril em tributo ao centenário.

No Rio, “A sagração da primavera” também será lembrada em eventos que se estendem até o fim do ano. A agenda será aberta neste sábado, às 21h, no Teatro Municipal, com a exibição de “A sagração...”, no festival O Boticário na Dança, pela Shen Wei Dance Arts, companhia do chinês Shen Wei, que assinou a coreografia da abertura das olimpíadas de Pequim, em 2008. Para ele, o que o inspira é o espírito de ousadia e transgressão presente na obra de Stravinsky, como diz ao GLOBO, em entrevista por telefone.

— A música de Stravinsky fala comigo num senso coreográfico, busco dialogar com ela. Quando penso no que Stravinsky fez há cem anos, isso me faz pensar no que vou fazer. Ele me ensina a não ter medo de quebrar regras.

O Espaço Sesc preparou Sagração da Primavera, Para Além dos Cem Anos, evento com oficinas, palestras e apresentação de três obras inéditas, criadas pelos coreógrafos Luis Arrieta, Marcelo Braga e Marcia Milhazes. A programação, com curadoria da crítica de dança do GLOBO Silvia Soter e da coreógrafa Lia Rodrigues, começa na próxima terça-feira e segue até o dia 26 de agosto. Na abertura, haverá palestra com a professora e crítica de dança Helena Katz, oficina com Caroline Baudouin e Cyril Hernandez e exibição do documentário “The rite of spring”. Caroline Baudouin participou da recriação de extratos da coreografia original de Nijinsky para o filme “Coco Chanel et Stravinsky”, em 2008. O filme aborda a reconstrução de “A sagração da primavera”.

Nijinsky não deixou seu trabalho escrito e preservado, apenas alguns desenhos e notas que chegaram às mãos dos coreógrafos Millicent Hodson e Kenneth Archer. É esta versão de Hodson e Archer que o Balé do Teatro Municipal vai dançar em outubro, contando com a presença dos coreógrafos.

Opes tocará a peça

Em outubro, o festival Panorama da Dança deve incluir três versões em sua grade. Uma já está acertada: a da coreógrafa alemã Pina Bausch, em que, com fones de ouvido e instruções, o público também participa da execução, dirigida pelo espanhol Roger Bernat.

Para os que gostam de ouvir, a Orquestra Petrobras Sinfônica (Opes) vai tocar a peça em novembro, com regência do maestro Isaac Karabtchevsky, que afirma:

— Até hoje, quando estou regendo, eu sinto esse frisson na plateia. Claro, sem a histeria que tomou conta do público antes. Mas sinto que a obra desperta a mesma pujança, a mesma força vital.


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