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Paralamas celebra aniversário com show no Rio

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RIO - O ano de 1982, os Paralamas do Sucesso jamais irão esquecer. Herbert Vianna (vocais e guitarra), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) tinham acabado de acertar a primeira formação estável da banda — a que se manteria até hoje. E compartilhavam um enorme entusiasmo pela música, indo juntos a shows de rock e MPB pelo Rio, em casas como os teatros Tereza Rachel e Ipanema e a boate Papagaio, onde certa vez testemunharam uma noite em que as atrações eram Rita Lee, Lulu Santos e Robertinho de Recife.

— A gente foi parar no camarim, para falar com o Lulu, e o Serguei estava lá. Ele ficou ensinando para a gente como que tocava guitarra, mostrando qual era a postura de guitarrista. Essa foi uma das grandes lições que a gente teve! E o Serguei ainda falou que o melhor visual de baterista deveria ser de sunga com gravata borboleta — recorda Barone, aos risos.

Lembranças inevitáveis na hora em que a banda se reúne para um show comemorativo dos 30 anos de carreira — a apresentação carioca é neste sábado, na Fundição Progresso.

— Estava todo mundo fazendo show de 30 anos. O Barão, o Kid Abelha, os Titãs... e aí a gente resolveu se dar ao trabalho também — diz o baterista, sobre a apresentação que já passou por São Paulo e ainda irá a Porto Alegre, Curitiba, Recife e Salvador.

Há quatro anos sem sair da estrada, com o show de seu último álbum de inéditas, “Brasil afora”, os Paralamas tinham entrado, segundo Barone, “na zona de conforto”. Aos poucos, foram planejando o que poderia ser o show dos 30 anos.

— O desafio era não chover no molhado com o nosso repertório mais conhecido — diz o homem das baquetas dos Paralamas. — Então, a gente conseguiu configurar um show todo novo, inserindo referências, influências e homenagens. Não é que a gente faça covers. Usamos essas referências de forma bem pontual no show.

O GLOBO acompanhou um dos ensaios para a apresentação, na Fundição Progresso. Pouco antes, Herbert Vianna desfiou, sozinho, na guitarra, algumas dessas músicas. “Como uma onda” (Lulu Santos), “Every breath you take” (The Police), entre outras de Bob Marley e The Who, que vão entrando no set list como vinhetas para o desfile de canções de todos os álbuns da banda, de “Cinema mudo”, de 1983 (um disco de que eles não gostam já que, segundo Barone, a banda “fez muitas concessões, porque ainda era inexperiente”) a “Brasil afora”, de 2009.

Show com guerra de sorvete

Não deixa de ser uma forma de remeter aos primeiros shows do trio, como os no bar Western, no Humaitá (onde hoje está a Casa do Mago) e um outro, insólito, num coreto da praça de alimentação do Barra Shopping, que terminou com guerra de sorvete.

— No repertório, tinha Legião Urbana, Lulu, Lobão... Nossas músicas próprias ainda eram poucas — conta Bi, lembrando que até canção de um iniciante U2 (“I will follow”) eles tocavam nos shows e que, na prova para a Ordem dos Músicos, feita junto com o Kid Abelha, eles foram de “De do do do, de da da da”, do Police.

— Na época, a gente usava muito esse recurso de tocar músicas dos outros para fazer um set list razoável, com referências do que tinha sido fundamental em nosso entusiasmo por música — diz Herbert. — Para o novo show, a gente ligou o liquidificador, trazendo à tona todas essas lembranças.

Tudo aconteceu muito rápido para os Paralamas a partir daquelas primeiras apresentações com Herbert, Bi e Barone.

— A primeira vez em que a gente fez um show com o João, show ensaiado, foi em setembro de 1982 — informa o baixista. — Logo depois, a gente gravou a nossa fita demo, que em novembro já estava tocando na Fluminense FM.

No começo de 1983, os Paralamas realizaram um sonho: tocaram no Circo Voador, abrindo para Lulu Santos. E, não demorou muito, o trio estava assinando contrato com a gravadora EMI.

— Nem precisamos correr atrás de gravadora, elas vieram até nós — confessa Barone.

Há 30 anos, os Paralamas se preparavam para lançar o tal compacto, com “Vital e sua moto” no lado A e “Patrulha noturna” no B. Esse último, um animado rock, que encena o confronto de um garoto com um policial (“Qual é seu guarda? Que papo careta! Só tô tirando chinfra com a minha lambreta!”) volta a ser tocada pela banda após três décadas.

— Essa é uma canção que eu fiz porque tinha familiares em Londrina. Numa das vezes em que fui lá, tinha um escândalo na cidade, muito turbulento, de um garoto de moto que tinha sido morto por um guarda porque não atendeu à ordem de parar — conta Herbert.

A auxiliar a banda em sua viagem pelo tempo, pela primeira vez ela terá um aparato de vídeo — um painel de LEDs, em forma de tríptico — que o diretor Claudio Torres e o videomaker Batman Zavareze usam para contar a história dos Paralamas, com filmetes reunindo material de arquivo e clipes. As músicas são agrupadas em blocos temáticos, com alguns medleys, para dar a cara de uma grande celebração.

— Uma parte do show está bem rock, outra bem afro, outra reggae — diz João Barone.

Um efeito da revisitação ao vivo do disco “Selvagem?” (1986), que os Paralamas fizeram até o ano passado, é que eles voltaram a tocar músicas como “A novidade” e “Melô do marinheiro” com os arranjos originais. E, além de “Patrulha noturna”, eles também trazem de volta a sumida “Aonde quer que eu vá” (“É que ela lembrava muito a época do acidente do Herbert”, alega Barone).

— É muito terapêutico e evidente o entusiasmo e o carinho que o Bi e o Barone manifestam por mim, de poder voltar a fazer o que sempre foi o nosso sonho, a nossa busca — diz Herbert. — Eu cheguei a falar com os médicos que me tiraram do coma, após o acidente, que a medicina ainda tinha que conseguir sintetizar, em termos químicos, o que a alegria das conquistas com os teus melhores amigos pode causar num organismo.

Setlist atual dos Paralamas do Sucesso

“Vulcão dub”

“Alagados”

“Carro velho”

“Bora Bora”

“Patrulha noturna”

“Cinema mudo”

“Ska”

“Selvagem”

“O Calibre” (com “Whole lotta love”, do Led Zeppelin)

“Mensagem de amor”

“Cuide bem do seu amor”

“De perto”

“Busca vida” (com “Won’t get fooled again”, do The Who)

“Me liga”

“Como uma onda” (Lulu Santos)

“Saber amar”

“Romance ideal”

“Quase um segundo”

“Meu erro”

“Óculos”

“Lanterna dos afogados”

“Na Pista”

“Meu Sonho”

“Ela disse adeus”

“Você”

“A novidade”

“Melô do marinheiro”

“Uma brasileira”

“O beco”

“Lourinha Bombril”

“Aonde quer que eu vá”

“Caleidoscópio”

Vital e Sua Moto (com “Do do do de da da da”, do Police)

“Que país é esse?” (Legião Urbana)


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