RIO - Com a tag “cantora e compositora” destacada, a atriz, escritora, roteirista, dramaturga e humorista Clarice Falcão ativou a sua porção musical na noite de terça-feira, no Solar de Botafogo, no primeiro dos cinco shows de divulgação do seu álbum de estreia, o independente “Monomania” — todos com lotação esgotada. Os 30 minutos de atraso no início da apresentação, marcada para as 21h30m, foram o suficiente para que grupos de adolescentes — aparentemente a turma onde mais ecoaram as delicadas e divertidas canções românticas da artista de 23 anos — tirassem várias fotos, sorridentes, em seus celulares enquanto se espalhavam pelos 180 lugares disponíveis do local. Sua presença física ali era uma espécie de materialização do sucesso virtual de Clarice na internet, onde seus vídeos, de tons folk e em formato voz e violão, já foram vistos por cerca de 10 milhões de pessoas.
Enquanto contas do Instagram e Facebook eram alimentadas, na entrada do Solar, o ator, escritor, roteirista e humorista Gregorio Duvivier — também um fenômeno na internet, graças aos hilários vídeos do canal Porta dos Fundos, onde Clarice também atua — ativava a tag “marido” e ajudava a vender o CD por R$10. Perto dele, destacados em meio ao mar de tênis All Star, podiam ser avistados o diretor Daniel Filho, os humoristas Bruno Mazzeo e Fabio Porchat, e a cantora Olivia Byington, mãe de Duvivier e sogra e conselheira musical de Clarice.
— Boa noite. Eu sou a Monomania e estou aqui para lançar o meu CD, Clarice Falcão — brincou ela, de capa e guarda-chuva, após abrir o show com “Eu esqueci de você”.
A música, como quase todas do repertório de Clarice — que começou a colocá-las no YouTube há pouco mais de um ano — conta uma história de amor, mas do ponto de vista de quem ficou para trás, do loser, como diriam os jovens americanos.
— Desde pequena eu adoro ouvir e contar histórias — dizia Clarice por telefone, dias antes do show. — Não vim da música, vim da narrativa. Comecei a compor mais para contar histórias do que por querer ser uma grande instrumentista.
No disco, porém, ela se permitiu ficar cercada por eles. “Monomania” (à venda no iTunes) tem participações de craques como Jaques Morelenbaum, Sacha Ambak e Jam da Silva, que dão suaves cores às narrativas lo-fi de Clarice. Ao vivo, ela também não fica desamparada, sendo acompanhada por uma segura banda, formada pelos multinstrumentistas Marcelo Muller, Ricco Vianna, João Bustamante e Beto Lemos. Primo da cantora, Vianna ainda colabora com os vocais de “Eu me lembro”.
Explícita paixão
A plateia faz o seu papel (tag “backing vocal improvisado”), acompanhando com fervor Clarice nessa e em outras músicas, numa demonstração de explícita paixão, pontuada por declarações de amor, recebidos com tímidos sorrisos por ela, já despida da capa de chuva e encarando tamanho calor com um mais apropriado vestido branco de babados.
— Estava tão nervosa que tive que tomar um calmante. Aí fiquei tão leve que tive que tomar um cafezinho pra rebater — disse ela.
Nem parecia. No final, simulando um sapateado ao som de “Fred Astaire”, canção de “Monomania”, Clarice, a atriz, escritora, roteirista, dramaturga e humorista estava à vontade no palco, de onde saiu aplaudida de pé, após uma hora de show e de libertação da porção “cantora e compositora”.
Cotação: Bom