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Com rock e novos compositores, Ney Matogrosso se apresenta no Rio

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BRASÍLIA - Com a roupa negra, Ney Matogrosso entra no palco do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, em meio ao caos. Nos versos e no arranjo de “Rua da Passagem (Trânsito)”, de Lenine e Arnaldo Antunes, há excesso de estímulos, pouco espaço para respiração: “Dando seta pra mudar de pista”, “Pisca-alerta pra encostar na guia”, “Desencoste o seu do meu metal”. Em meio àquele volume de som e informação, Ney afirma a senha que dá entrada para seu novo show “Atento aos sinais”, que aporta no Vivo Rio na sexta-feira, depois de ter passado por cidades como São Paulo, Brasília, Florianópolis e Salvador. A chave está em versos que defendem a vida em meio à incivilidade do mundo.

— O show não é apocalíptico, como pode parecer pelo nome “Atento aos sinais”. Eu falo da decadência generalizada da Humanidade, mas afirmo o que acredito: “Todo mundo tem direito à vida/ Todo mundo tem direito igual/ Travesti, trabalhador, turista/ Solitário, família, casal” — diz Ney, por telefone, já no Rio, citando a canção de abertura. — Começo de preto porque queria uma primeira parte do show mais roqueira.

O preto acompanha Ney pela pressão de “Incêndio”, de Pedro Luís, com imagens de violência nos telões; atravessa o balanço de “Vida louca vida”, de Lobão e Bernardo Vilhena; e passa por uma supreendente “Roendo as unhas”, de Paulinho da Viola, que ganha novos significados.

— É uma canção densa, mas eu faço deboche com ela. Quando canto “Se digo uma mentira sem me arrepender”, não estou sofrendo. Tem malícia, ironia — diz Ney.

Após o primeiro momento de sinais amplificados, Ney troca preto pelo prata (no palco, como sempre) e canta “Two naira fifty kobo”, de Caetano Veloso. Imagens de índios no telão e a interpretação sublinham o caráter político da canção:

— Estou tocando em dois temas no qual fingem que não existe problema, mas existe: os negros e os índios. Continuo defendendo um ponto de vista que é o meu, como quando abro o show dizendo que “todo mundo tem direito à vida”.

A partir daí, o show começa a trazer compositores da nova geração, em canções como “Freguês da meia-noite”, de Criolo, e “Não consigo”, de Rafael Rocha (Tono), destaques no repertório que inclui ainda Itamar Assumpção, Dan Nakagawa, Dani Black e Vitor Pirralho.

— “Atento aos sinais” é eu me colocando. Porque o passado não me interessa, do amanhã não temos certeza. Estou apresentando esses compositores porque quero estar sintonizado com o momento. Tive medo que estranhassem, talvez achassem o texto juvenil. Mas aí entra o intérprete.

O repórter viajou a convite da Natura


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