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Baú de Bob Marley será aberto para os 70 anos do ídolo

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O cantor jamaicano Bob Marley - Divulgação

RIO - O lançamento de um CD/ DVD ao vivo inédito de Bob Marley & The Wailers dá início às celebrações dos 70 anos do nascimento do artista jamaicano, morto em 1981 por complicações decorrentes de um câncer. “Easy skanking”, gravado em 1978, deve chegar às lojas no dia 10 de fevereiro, marcando a abertura do baú do compositor nascido em 6 de fevereiro de 1945 — é a primeira vez que sua família concede à gravadora Universal o acesso ao extenso material do arquivo privado do artista. A ideia é que as gravações gerem novos discos ao vivo, DVDs e faixas-bônus nas reedições dos álbuns de sua discografia oficial.

“Easy Skanking in Boston ’78” foi filmado com uma câmera de mão por um fã que teve permissão de Marley para fazer a gravação posicionado em frente ao palco. O cantor fez dois shows da turnê do disco “Kaya” no Boston Music Hall no dia 8 de junho — não se sabe em qual sessão foi registrado “Easy skanking”. Nas duas apresentações foi tocado o mesmo repertório, com músicas da fase inicial da banda ao lado de clássicos como “No woman, no cry”, “I shot the sheriff”, “Get up, stand up”, “War”, “No more trouble” e “Exodus”.

O aúdio do show foi gravado na íntegra, mas como tudo foi feito com uma câmera só, há uma falha no vídeo — referente ao momento em que o diretor teve que mudar os rolos de filme ao longo do show. Essas lacunas de vídeo serão preenchidas com novas cenas de animação criadas e dirigidas por S77 e Matt Reed, que já trabalharam em clipes de artistas como Pearl Jam, Red Hot Chili Peppers e Cee Lo Green.

A gravadora Universal pretende anunciar nos próximos meses mais edições de luxo de Marley e novas versões de seus álbuns de estúdio, acrescidas de material inédito, que serão lançadas ao longo de 2015.

MARCAS DE CAFÉ E MACONHA

Em novembro, a família do cantor havia anunciado a criação da Marley Natural, uma marca de produtos feitos à base de maconha — desde cigarros a cremes, passando por acessórios para os usuários da erva. As vendas — obviamente nos lugares em que a comercialização da maconha é permitida, como o estados americano do Colorado — já devem começar no final de 2015. Já existe uma marca de café com o nome do músico, a Marley Coffee — cada variação leva o nome de músicas do compositor, como “One love”, “Buffalo Soldier” e “Get up, stand up”.

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IMS promove troca de livro 'Millôr 100 + 100: desenhos e frases', lançado em julho

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Millôr Fernandes em seu ateliê, 1994 - Arquivo/Leonardo Aversa/21-9-1994

RIO - Após anunciar que recolheria todos os exemplares de “Millôr 100 + 100: desenhos e frases”, lançado em junho, por conterem um desenho de Saul Steinberg (1914-1999) erroneamente identificado como sendo da autoria de Millôr Fernandes, o Instituto Moreira Salles (IMS) divulgou ontem que as trocas poderão ser feitas até 30 de dezembro de 2015.

Para isso, pode-se usar os Correios, a loja virtual do IMS, os centros culturais do instituto e as livrarias Da Travessa e Cultura. Os destalhes estão no site da instituição. O erro foi detectado no sétimo desenho do livro. Agora, a nova edição traz na capa o selo de identificação “100% Millôr”.

Cantora lírica Montserrat Caballé é condenada a seis meses de prisão

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Montserrat Caballé em show de comemoração dos seus 50 anos de carreira, em 2006 - Georgios Kefalas / AP / Georgios Kefalas

RIO — Aos 81 anos, a soprano Montserrat Caballé foi condenada a seis meses de prisão pela justiça espanhola por fraude fiscal. O processo, aberto em abril, foi encerrado após a artista chegar a um acordo em que, além do encarceramento, terá que pegar uma multa no valor de 240 mil euros.

Segundo a acusação da promotoria de Barcelona, Montserrat "solicitou que diversos shows realizados no exterior, em 2010, fossem pagos a uma empresa em Andorra, como se tivesse residência nesta país, quando, na verdade, vivia em Barcelona". No último mês de maio, a soprano já tinha devolvido, na íntegra, o valor reclamado pelo fisco.

Segundo o portal espanhol "El País", fontes próximas a cantora relatam que, por conta da idade avantajada, o estado de saúde de Montserrat não é bom. Ela praticamente não sai de casa e o problema judicial teria abalado ainda mais sua condição. Em 2012, ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) durante uma visita a Rússia.

A catalã, nascida em 1933, se tornou uma cantora lírica de renome mundial na década de 1970 e, mesmo com a idade avantajada, seguia fazendo shows nos últimos anos.

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'A entrevista' terá estreia limitada no Natal

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Cena de 'A entrevista' - Divulgação

RIO — A polêmica em torno de "A entrevista" acaba de ter uma reviravolta. Dois cinemas dos Estados Unidos — Plaza Atlanta, em Atlanta, e Alamo Drafthouse, em Austin — anunciaram nesta terça-feira, no Twitter, que exibirão, no Natal, a comédia estrelada por Seth Rogen e James Franco que provocou a ira da Coreia da Norte e os subsequentes ataques hackers a arquivos confidenciais da Sony. Ao longo do dia, vários outros cinemas seguiram a decisão.

No Plaza, o longa terá cinco sessões em 25 de dezembro. Haverá ainda projetações entre o dia 26 e 1º de janeiro, mas os horários ainda não foram divulgados. As exibições foram autorizadas pela Sony, que havia cancelado a estreia do filme após ameaças terroristas feitas pelo autodenominado grupo Guardiões da Paz. As sessões no Alamo Drafthouse ainda terão as datas definidas, segundo o fundador da rede, Tim League.

"Quero agradecer à talentosa equipe de 'A entrevista', que trabalhou incansavelmente durante os muitos desafios que enfrentamos no mês passado", disse em comunicado o presidente da Sony Entertainment, Michael Lynton. "Ao mesmo tempo, continuaremos nossos esforços para garantir mais plataformas e cinemas para que esse filme atinja o maior número de espectadores."

O estúdio afirmou que também vai oferecer o filme a serviços de vídeo sob demanda, mas não detalhou os nomes das plataformas.

Desde as críticas do presidente Barack Obama à decisão da Sony de cancelar a estreia de "A entrevista" que o estúdio já sinalizava o desejo de exibir o longa por vias alternativas. Hospedar o filme no YouTube foi uma das opções estudadas, segundo o diretor executivo da empresa, Michael Lynton. O advogado da Sony, David Boies, também reforçou essa possibilidade. "A Sony apenas adiou o lançamento. A companhia vem brigando para distribuir o filme, e isso vai acontecer. Ninguém sabe, até agora, como vai ser isso, mas ele será distribuído", afirmou.

Numa carta entregue na segunda-feira a Michael Lynton e à copresidente da Sony, Amy Pascal, um grupo de exibidores independentes reiterou a vontade de exibir o filme. Além disso, o Treehouse Theater, em Nova York, anunciou que vai apresentar, dois dias após o Natal, uma leitura ao vivo do roteiro da produção.

A Casa Branca divulgou um comunicado afirmando que o presidente Barack Obama "aplaude" a decisão desta terça-feira.

CRÍTICAS DE OBAMA

Na última sexta-feira, em coletiva de imprensa na Casa Branca, Obama disse que a Sony "errou" ao cancelar o lançamento de "A entrevista". "A Sony é uma corporação que sofreu danos significativos, ameaças aos funcionários. Eu compreendo as preocupações deles. Dito isso, sim, acho que eles cometeram um erro", disse.

Em comunicado, a companhia se defendeu afirmando que a decisão foi tomada após as principais cadeias de cinema se recusarem a exibir o longa. “Não tivemos escolha”, afirmou o comunicado.

Poucos dias antes, os Guardiões da Paz ameaçaram atacar os locais em que as sessões fossem realizadas. O grupo hacker pediu a moradores que mantivessem distância dos complexos de cinema. Para mostrar a seriedade das ameaças, o grupo chegou a citar os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Na trama de "A entrevista", os personagens de Rogen e Franco assumem a missão de assassinar o líder norte-coreano Kim Jong-un. A série de ataques cibernéticos a arquivos confidenciais da Sony — que resultou no vazamento de informações constrangedoras, como o salário de artistas e ofensas a celebridades como Angelina Jolie e Leonardo Dicaprio — seria uma retaliação ao lançamento do longa. A Coreia do Norte condenou a produção, mas negou estar por trás dos crimes. O FBI, porém, acusou diretamente, na última sexta-feira, o governo da Coreia do Norte de ter organizado os ataques hackers aos servidores da Sony Pictures. Foi a primeira vez que os Estados Unidos acusaram oficialmente os líderes de um país estrangeiro de invadir computadores em território americano.

Diretor Tim Burton e atriz Helena Bonham Carter se separam, diz revista

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NOVA YORK - O diretor de cinema Tim Burton e a atriz britânica Helena Bonham Carter se separaram depois de 13 anos juntos, informou a revista "People" nesta terça-feira.

O casal, que nunca se casou oficialmente, deixou de ter um relacionamento neste ano, mas eles mantiveram-se amigos e dividem a custódia dos filhos, Billy, de 11 anos, e Nell, de 7, de acordo com o representante da atriz.

"Nós pedimos que respeitem a privacidade deles e a de seus filhos durante este tempo", afirmou o representante.

Burton, 56, conheceu Carter, de 48 anos, quando ele a dirigiu no filme "Planeta dos macacos" (2001). Desde então, a dupla trabalhou em vários filmes juntos, incluindo "Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da Rua Fleet" e "Alice no país das maravilhas".

Música para esperar o bom velhinho: TV exibe shows de Caetano, Paul McCartney e Michel Bublé

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RIO — Enquanto Papai Noel não chega, uma alternativa a missas e programas tradicionais é, sempre ela, a música. O Bis preparou uma bela seleção, começando com o show “Abraçaço”, versão ao vivo do disco mais recente de Caetano Veloso. Gravada no Rio, a apresentação tem as canções do disco, como a faixa-título e “A bossa nova é foda”, e também sucessos eternos da carreira de Caetano, como “Eclipse oculto”, “Você não entende nada”, “Um índio”, “Reconvexo” e “De noite na cama”.

Depois, numa rápida viagem Rio de Janeiro-Nova York, é a vez de assistir à performance do sir Paul McCartney — um habitué do Brasil nos últimos anos, podemos dizer — na inauguração do estádio New York City Citi Field, em 2009. Curiosidade: ele deu lugar ao famoso Shea Stadium, onde os Beatles tocaram em 1965. Sucessos como “Drive my car”, “The long and winding road” e “Hey Jude” estão no repertório.

Por fim, quem resolver se render ao espírito natalino à meia-noite tem a opção de assistir ao show de Michael Bublé, recheado de hits temáticos como “It’s beginning to look a lot like christmas”, “Christmas (Baby please come home)” e “All I want for christmas is you”.

Confira a programação:

Caetano Veloso - Abraçaço

Musical

Paul McCartney - Good evening New York City

Musical

BIS, 21h e 22h45

Michel Bublé

Musical

Record, 0h

Letícia Birkheuer diz que não pretende dar um irmão para o filho João

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Letícia Birkheuer diz que não pretende dar um irmão para o filho João - Matheus Coutinho / Matheus Coutinho

RIO — Mãe de João Guilherme, de três anos, Letícia Birkheuer conta que não pensa em dar um irmãozinho ao filho. O menino é fruto da união da atriz com o empresário Alexandre Furmanovich, de quem se separou em 2013.

— Amo o meu filho, amo ser mãe. Mas não sei se teria outra criança hoje. Amanhã, eu já não sei. Depende de muita coisa — avalia a atriz, que está solteira.

No ar em “Império”, na pele da jornalista Érika, ela se desdobra para conciliar a rotina de atriz e mãe e conta que reserva o pouco tempo livre que lhe resta para corujar o pequeno.

— Gosto de levar na escola, na natação, brincar no balanço da pracinha e andar de bicicleta. Criar um filho é você dar condições emocionais e psicológicas para que ele mesmo vá atrás daquilo que ele quer e acredita. Dar estudo, amor, carinho, estar presente, para que ele lute pelas próprias conquistas. Em outras palavras, eu diria, “ensinar a pescar o peixe” — diz.

Primeiro longa-metragem da Disney inspirado num quadrinho da Marvel, 'Operação Big Hero' chega ao Brasil

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LOS ANGELES — Ultracolorida e frenética, a cidade de San Fransokyo, uma surpreendente mistura de São Francisco com Tóquio, serve de cenário para a ação de “Operação Big Hero”, novo filme animado da Disney, que chega nesta quinta aos cinemas brasileiros. Primeiro longa do estúdio inspirado em um título da Marvel — editora comprada pela Disney em 2009 —, a história é marcada por mash-ups. É o que frisam os próprios diretores, Don Hall (de “O ursinho Pooh — O filme”) e Chris Williams (correteirista e codiretor de “Bolt — Supercão”), após a apresentação de partes da história numa sala de exibição dos estúdios da Disney Animation, em Los Angeles.

— Quando começamos a falar com os caras da Marvel, eles disseram: “façam o que vocês quiserem e criem seu próprio mundo baseado na nossa história”. E a gente gosta muito dessa ideia de ter criado um mash-up entre Disney e Marvel, entre São Francisco e Tóquio — destaca Hall.

Baseado nos obscuros quadrinhos “Big Hero 6” (também título original do longa), criados em 1998 pela Marvel, o filme mistura aventura, ação e humor em doses iguais. Um dos personagens centrais é o (literalmente) fofo Baymax, um robô inflável de 1,83 metro de altura e de apenas 34kg, feito de vinil branco. Ele é descoberto por Hiro Hamada, um geniozinho da robótica de 14 anos, depois que perde seu irmão mais velho e grande incentivador, Tadashi, o criador da “máquina”.

Construído para ser uma espécie de robô-enfermeiro, Baymax é capaz de descobrir a intensidade de estresse ou de dor das pessoas após escaneá-las. Mas, em vez de cuidar da saúde alheia, o personagem passa por um intensivo treinamento para se transformar em super-herói e ganha uma armadura vermelha, criada por Hiro, que o faz voar. Isso depois que o adolescente descobre que a invenção apresentada por ele numa feira de tecnologia — micropartículas capazes de reproduzir qualquer forma, batizadas como microbots — foi parar nas mãos do vilão.

— Baymax e Hiro criam laços e desenvolvem um relacionamento fraternal. Trata-se de um garoto e seu robô. Esse tipo de amizade é um traço clássico da Disney, que vem desde Timóteo e Dumbo — diz o roteirista Paul Briggs, citando os personagens do clássico filme de 1941 e sinalizando que “Operação Big Hero” está mais para os filmes produzidos pelos estúdios dos criadores de Mickey do que para a Marvel dos heróis Homem-Aranha e Homem de Ferro.

BRASILEIRO NA EQUIPE

Para o roteirista Dan Gerson, a relação entre o robô grandalhão e o mirrado adolescente é mesmo o que norteia a história.

— Claro que o filme tem muita ação, mas o que mais chama a atenção é a amizade entre eles.

Para combater o mal, Hiro conta ainda com o auxílio de um equipe de outros quatro amigos nerds que também serão transmutados em heróis. Donos de habilidades especiais, eles adquirem mais poderes ao longo da narrativa. Assim, o grandão Wasabi, um sujeito tranquilão com dreadlocks na cabeça, desenvolve suas habilidades com a ajuda de uma coleção de lâminas. Também pacato, Fred se transforma em Fredzilla, um monstro que cospe fogo e é capaz de dar grandes saltos. Louca por velocidade, Go Go fica mais rápida com a ajuda de dois discos que fazem as vezes de rodas acopladas em seu uniforme. E a colorida Honey Lemon usa seus conhecimentos de química para criar misturas que a ajudam no combate ao inimigo.

— A Marvel nos deixou muito à vontade e apenas supervisionou os resultados. Se houvesse necessidade de mudanças, eles nos falariam, mas o processo foi muito democrático — diz Robert Baird, da equipe de roteiristas.

“Operação Big Hero” contou com uma equipe de animação composta por 103 pessoas — 15 animadores a mais do que o sucesso mais recentes dos estúdios, “Frozen — Uma aventura congelante”, de 2013.

Funcionário da Disney há cinco anos e meio, o brasileiro Leo Matsuda foi um dos responsáveis pelo storyboard da animação e esteve envolvido com o projeto nos seus primeiros dois anos e meio de desenvolvimento. Leia a entrevista:

Qual a sua participação em “Operação Big Hero”?

Trabalhei na pré-produção do filme e ajudei a desenvolver os personagens, o enredo, e o roteiro. Foram mais de dois anos de criação, num trabalho em conjunto.

Dá para reconhecer o seu trabalho em meio a um filme com uma equipe tão grande?

A gente que desenvolve a história só vê a essência do que criou quando o filme está pronto. É como um engenheiro civil numa construção. No fim das contas, o que você criou de fato não aparece tanto, mas serviu de base, de alicerce.

Como foi trabalhar com algo que já existia de alguma forma?

O filme é baseado no universo criado pela Marvel, mas completamente diferente. Tentamos fazer um trabalho original. É um filme da Disney inspirado na Marvel.

O que mais chamou a sua atenção no filme?

A dinâmica entre o Baymax e o Hiro. Também achei muito interessante a história de um robô que é enfermeiro.

Quais são os seus próximos trabalhos?

O meu trabalho com “Big Hero” já acabou há algum tempo, e imediatamente depois fui para outro projeto. Agora estou envolvido na produção de um curta, mas ainda não posso divulgar nada.

Como chegou até aqui?

Sou de São José dos Campos (SP) e moro nos EUA há 13 anos. Sempre gostei de desenhar e cheguei a trabalhar nos estúdios do Maurício de Sousa, em São Paulo. Como era mais novo e não tinha nada a perder, meti as caras e vim para cá. Foi uma etapa longa. Cheguei na época da transição da tecnologia 2D para a 3D e tive que estudar, aprimorar o meu inglês. Estou na Disney há cinco anos e meio.


Violonista e arranjador de Chico Buarque, caçula Luiz Cláudio Ramos convence Carlos José a voltar ao estúdio

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Luiz Cláudio (com o violão) e Carlos José: disco apenas com músicas dedicadas a mulheres - Divulgação

RIO — Há mulheres de vários tipos entre as musas escolhidas para o primeiro disco reunindo os talentos de Carlos José, cantor romântico que acaba de comemorar seus 80 anos, e Luiz Cláudio Ramos, violonista e arranjador sensível que não descansou enquanto não convenceu o irmão mais velho a voltar a um estúdio de gravação.

— Nessas condições — diz Carlos José, referindo-se ao pequeno estúdio que Luiz Cláudio tem em casa —, acabei concordando. Um disco feito aqui, voz, violão e convidados.

Um dos convidados é Chico Buarque, de quem Luiz Cláudio é arranjador e diretor musical. Chico canta com Carlos José um sucesso do carnaval de 1944, “Odete”, aquela que abandona sua gente lá no morro de Mangueira. Bom ponto de partida para que Luiz Cláudio explique alguns caminhos que resolveu tomar ao trabalhar em cima de velhos sambas:

— Ouvi a gravação original de Francisco Alves e aquela que João Gilberto cantou em shows. Preferi a primeira, naturalmente acrescida de algumas ideias harmônicas. Já “Doralice” está mais para a versão bossa nova do João.

JERRY ADRIANI CANTA ‘LAURA’

Luiz Cláudio reconhece as dificuldades de um disco só de voz e violão, que expõe demais tanto o cantor como quem o acompanha. Foram muitos meses de preparo e pouco mais de três de gravação. A escolha das personagens retratadas no CD “Musas das canções” obedeceu ao gosto pessoal de Carlos José. Aconteceu, porém, de ser um interessante levantamento de como os poetas da canção popular têm tratado a mulher, quase santificando Maria, a “de olhos claros como o dia, como os de Nosso Senhor”, ou rogando praga para Esmeralda, já de véu e grinalda para casar-se com outro; praticamente deixando Amélia morrer de fome ou ansiando por uma Emília boa de tanque e fogão; advertindo Luciana para os perigos do amor ou brigando por Celina (música e letra de Carlos José); inapelavelmente abandonado por Helena ou endeusando Laura.

Jerry Adriani é o outro convidado, emprestando sua voz justamente a “Laura”, endeusada mas não exatamente perto. Carlos José lembra que gravou a canção no primeiro de seus 26 LPs, lançado em 1958, um ano depois de ter sido eleito a revelação de cantor pelo Clube dos Cronistas do Disco.

— Quando a Polydor decidiu fazer o LP, fui procurar o Tom Jobim — conta Carlos José. — Queria que ele me sugerisse músicas suas para o repertório. Tom me deu três para escolher: “Eu não existo sem você”, “Aula de matemática” e “Foi a noite”. Fiquei com as três.

“Foi a noite” seria uma regravação, pois, antes, Carlos José já a cantara no 78 rotações de estreia, o samba-canção de um lado e “Ouça”, de Maysa, no outro. Foi o começo de bem-sucedida carreira em disco, na qual um dos pontos altos foram os seis LPs de serestas produzidos na Columbia.

Em época mais recente, Carlos José viajou muito (“O único estado em que não cantei foi o Acre”), fez amizades e se mostra feliz por ter atendido à insistência do irmão. Embora de família musical, os dois só se profissionalizaram depois de vencer a resistência da mãe, Flora.

— Ela era a porta-voz do nosso pai — esclarece Luiz Cláudio. — Eles queriam que os filhos se formassem. Carlos completou o curso de Direito, nosso outro irmão é arquiteto, e eu cheguei a estudar dois anos de Medicina.

A influência de Carlos José sobre o irmão 15 anos mais moço é ampla: ele levou Luiz Cláudio ao violão, fez com que torcesse pelo Vasco, convenceu-o a se dedicar à música. Autodidata, Luiz Cláudio acabou se transformando num dos mais atuantes músicos de sua geração. Foi integrante da Brazuca, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, fez arranjos para o primeiro disco de Fagner e também para Wilson Simonal, Eliana Pittman e Sérgio Ricardo. Depois, mais arranjos, trilhas para a TV Globo, composições. É linda a inédita “Cecília”, letra de Chico Buarque, que Luiz Cláudio mostra meio obrigado pela sobrinha Luciana, filha de Carlos José: “Mas nem as sutis melodias merecem/Cecília, teu nome espalhar por aí...” Musa que bem merecia um lugar no disco.

Um dos maiores acervos privados dedicados ao cordel ganha mostra na Casa de Rui Barbosa

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Cordéis portugueses, da coleção do professor Arnaldo Saraiva, em exposição na Casa de Rui Barbosa - Reprodução

RIO — Que a literatura de cordel é uma tradição muito popular no Nordeste — e no resto do Brasil, com as ondas migratórias —, todo mundo sabe. Sua influência na cultura erudita, da literatura ao cinema, também é conhecida. Mas, ainda que seja associado ao Nordeste do país, esse tipo de publicação barata, de títulos ora apoteóticos ora engraçadinhos, surgiu a um oceano de distância daquela região: em Portugal. E é essa origem, de percurso pouco conhecido até terras nacionais, que a exposição “Folhetos de cordel portugueses — Coleção Arnaldo Saraiva”, em cartaz na Casa de Rui Barbosa até 1º de fevereiro, tenta tornar explícita.

Com curadoria de Alexei Bueno, a mostra exibe exemplares do acervo do professor Arnaldo Saraiva, catedrático de Literatura da Universidade do Porto e sócio-correspondente da Academia Brasileira de Letras. É uma das maiores coleções privadas dedicadas ao cordel. Ao todo, são 4.500 exemplares brasileiros e 870 portugueses — lembrando que a produção do Brasil ainda segue, enquanto a de Portugal terminou nos anos 1960.

— Os cordéis portugueses hoje têm status de raridade, porque desapareceram com o progresso, enquanto os brasileiros se espalharam pelo país inteiro — afirma Bueno. — Ao ver os exemplares de lá, fica imediatamente clara a influência na produção daqui, inclusive graficamente. A diferença é que, enquanto o cordel brasileiro é feito em poesia, o português também tem prosa e textos dramatúrgicos.

O público pode esbarrar com histórias de grande fabulação — ou apenas pegadinhas. É o caso de “O monstruoso parto da famosa giganta de Coimbra, chamada Gollacia Trumba”, de 1741, que não tem nada monstruoso, não tem parto e não tem giganta — o título foi usado, alerta o autor ao fim do folheto, apenas para vender. Também está lá “O livro de S. Cipriano”, supostamente tirado de um manuscrito cheio de feitiços para amarrar homem e se vingar dos inimigos, com a colaboração do capeta.

Os folhetos portugueses abusam ainda do humor, à semelhança dos irmãos brasileiros. É o caso do exemplar de “A peidologia”, folheto só com poemas sobre a flatulência — tema recorrente na produção portuguesa, segundo Arnaldo Saraiva. Também há aqueles que querem ajudar casais com dúvidas sobre seu relacionamento. É o caso dos folhetos com versos e cartas de amor para cavalheiros pouco dotados poeticamente cortejarem suas damas. Ou ainda do singelo “Deve ou não deve o homem casado bater em sua mulher? — Paradoxo conjugal”.

— Meu interesse começou na faculdade de Letras, quando descobri o cordel brasileiro — diz Saraiva. — Isso estimulou meu interesse pelo português. Dei-me conta de que já conhecia alguns cordéis lusitanos, porque havia visto cegos cantarem em trens poemas que existiam em folhas volantes. Aí soube que o cordel era tido por muitos brasileiros como uma invenção típica do seu país.

De acordo com o pesquisador, é difícil estabelecer em que momento exato surgiu o cordel brasileiro — mas o modelo que conhecemos hoje teria se fixado no fim do século XIX. O primeiro folheto português da coleção data do século XVI. E os primeiros brasileiros, ainda sem o modelo conhecido hoje, já surgem com a chegada da Imprensa Régia ao país, em 1808. Tudo isso sem falar, é claro, da tradição oral que não foi registrada em forma impressa — e que antecede tudo isso.

A irmandade entre os poetas populares daqui e d’além-mar também é temática. Algumas histórias se repetem. João Grilo, imortalizado em “O auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, já era personagem do cordel português, diz Saraiva. Também é recorrente, lá e aqui, João de Calais, “história de mar, magia e mistério” importada da França, sobre o fidalgo que combate os mouros. Outro exemplo são as histórias de Carlos Magno e os Doze Pares de França. Aparecem, ainda, como lembra o colecionador, os temas bíblicos, amorosos e romanos, além de críticas a governantes e os criminosos célebres: se nós temos Lampião, eles têm Zé do Telhado.

O caso de João Grilo, diz Bueno, é exemplar de como a literatura de cordel influenciou a cultura erudita no Brasil. O movimento armorial, de Suassuna, queria exatamente isto: criar uma arte erudita com bases na arte popular. Mas há outros casos. Diadorim, jagunço de “Grande sertão: veredas” por quem o protagonista se apaixona, e que ao fim do romance revela-se mulher, explora um tema que vem da tradição oral portuguesa: a história da donzela travestida. Bueno também lembra o cinema de Glauber Rocha como uma produção influenciada pela estética do cordel. Para o curador, aliás, o próprio senso épico na literatura brasileira tem suas bases no mundo sertanejo influenciado pelas narrativas da antiga colônia. E as heranças se estendem entre poetas populares e artistas canônicos. Assim, ao traçar essas relações, a exposição tentar mostrar os laços que unem o Brasil a Portugal.

'Boyhood 2' é uma possibilidade, segundo Richard Linklater

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Cena de 'Boyhood - Da infância à juventude' - Divulgação

RIO - Com indicações a prêmios importantes do cinema, críticas elogiosas de especialistas e recomendado pelo público, executivos de Hollywood estão empolgados com uma possibilidade de continuação de "Boyhood - Da infância à juventude". Mas o que o diretor Richard Linklater acha disso?

"Existe uma espécie de mundo paralelo que criamos através destes personagens", disse após ser perguntado sobre uma possível sequência durante uma entrevista para a revista "Empire". "Nunca se sabe, nunca se sabe... Os vinte poucos anos são interessantes também. Há muitas áreas de desenvolvimento. Se você pensar como isso pode ser representado no cinema, geralmente é a faculdade, você ganha um diploma, passa por um casamento, tem filho - mas os vinte e poucos antes também podem ser esse limbo em que você ainda está descobrindo quem você é. Então talvez haja alguma história aí. Mas não sei. Ainda é cedo. Muito cedo".

Criador da trilogia que narra a história de dois jovens, Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy), Linklater prefere não se comprometer com o novo projeto ainda. Ele usa como exemplo o longo tempo que levou entre um filme e outro.

"Se aprendi alguma coisa da trilogia que começou com 'Antes do amanhecer' é que você nunca sabe o que pode acontecer. E que é muito cedo. Esses filmes, por exemplo, eu levei cinco anos, e depois mais cinco anos para me recuperar. Levei um tempo para percer que Jesse e Celine estavam em uma nova fase d avida. Não sei, mas poderia ser a mesma coisa com esses membros da família. É difícil dizer".

O sol dos ‘Teletubbies’ cresceu: veja como está menina que interpretava o bebê, hoje com 19 anos

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Jess hoje, aos 19 anos, e aos 9 meses, quando interpretou o solzinho - Reprodução

RIO - Popular nos anos 1990, o programa infantil “Teletubbies” sempre começava e terminava seus episódios com a participação de um solzinho com cara de bebê, que ria para os bonecos que protagonizavam a atração. A prova de que o tempo é implacável está aí: a menina que interpretou a tal bebezinha resolveu se revelar nas redes sociais, segundo o jornal londrino Telegraph: Jess Smith tem 19 anos e tinha apenas 9 meses quando gravou a risadinha que a tornou famosa.

“Recentemente eu comemorei meu 19º aniversário e depois de muito pensar decidi que é hora de contar a todos. Costumava esconder isso mas depois de muito incentivo de meus amigos da faculdade, ganhei confiança para contar. Eu sou o sol dos ‘Teletubbies’. Outras pessoas já apareceram por aí fingindo ser ‘o sol’, mas só eu posso contar a verdadeira história”, ela escreveu no Facebook.

Segundo ela, o assunto surgiu na sua primeira semana na universidade, a Canterbury Christ Church, quando os alunos foram encorajados a contar algo sobre si mesmos que os outros nem imaginavam. Apesar da timidez, ela acabou revelando sobre seu passado famoso.

A oportunidade surgiu em 1996, quando a mãe de Jess a levou para fazer exames de rotina no hospital e uma enfermeira, que já havia sido contactada pela produção do programa para encontrar bebês sorridentes, indicou o nome de Jess. “Foi apenas uma coisa meio diferente e nunca achamos que seria tão grande como foi”, disse a mãe da menina ao Telegraph. Como ninguém previa que o programa seria tão bem sucedido no mundo inteiro, Jess ganhou apenas 250 libras e uma caixa de brinquedos pelo trabalho.

Sony expande o número de salas que exibirão 'A Entrevista' e libera o filme na internet

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James Franco e Seth Rogen na pré-estreia de 'A entrevista', em Los Angeles - AFP

RIO — Em uma decisão surpreendente, a Sony anunciou que o filme "A Entrevista", estrelado por Seth Rogen e James Franco, que causou um intenso ataque de hackers aos servidores do estúdio, será exibido em 200 salas de cinema dos Estados Unidos e em plataformas como YouTube Movies, Google Play, XBox Video e em um site exclusivo (Seetheinterview.com), já a partir desta quarta-feira. O filme está disponível na internet, em todo o território americano, desde 16h (horário de Brasília).

Segundo o comunicado divulgado pelo estúdio, "A Entrevista" poderá ser alugado (pelo valor de US$5,99) ou adquirido (US$14,99) em alta definição. Por enquanto, o filme só pode ser assistido nos Estados Unidos, incluindo as cópias on-line. Ainda não há informações sobre quando as versões legendadas também estarão disponíveis.

"Sempre foi desejo da Sony ter uma plataforma nacional onde pudéssemos exibir esse filme", afirmou o diretor executivo Michael Lynton. "Com isso em mente, nós procuramos o Google, a Microsoft e outros parceiros na última quarta-feira, 17, quando ficou claro que nossos planos para distribuição do filme nos cinemas não seriam possíveis. Estamos gratos por nos juntarmos a esses parceiros para oferecer o filme em todo o país, hoje", acrescentou.

Além da exibição pela internet, o estúdio anunciou que 200 salas de cinema americanas passarão o filme a partir desta quinta-feira, contrariando a decisão da última quarta, quando, em comunicado, foi divulgado que "A Entrevista" não seria lançado na data prevista.

CRÍTICAS DE OBAMA

Na última sexta-feira, em coletiva de imprensa na Casa Branca, Obama disse que a Sony "errou" ao cancelar o lançamento de "A entrevista". "A Sony é uma corporação que sofreu danos significativos, ameaças aos funcionários. Eu compreendo as preocupações deles. Dito isso, sim, acho que eles cometeram um erro", disse.

Em comunicado, a companhia se defendeu afirmando que a decisão foi tomada após as principais cadeias de cinema se recusarem a exibir o longa. “Não tivemos escolha”, afirmou o comunicado.

Poucos dias antes, o grupo de hackers, autointitulados Guardiões da Paz, ameaçou atacar os locais em que as sessões fossem realizadas. O grupo pediu a moradores que mantivessem distância dos complexos de cinema. Para mostrar a seriedade das ameaças, o grupo chegou a citar os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Na trama de "A entrevista", os personagens de Rogen e Franco assumem a missão de assassinar o líder norte-coreano Kim Jong-un. A série de ataques cibernéticos a arquivos confidenciais da Sony — que resultou no vazamento de informações constrangedoras, como o salário de artistas e ofensas a celebridades como Angelina Jolie e Leonardo Dicaprio — seria uma retaliação ao lançamento do longa. A Coreia do Norte condenou a produção, mas negou estar por trás dos crimes. O FBI, porém, acusou diretamente, na última sexta-feira, o governo da Coreia do Norte de ter organizado os ataques hackers aos servidores da Sony Pictures. Foi a primeira vez que os Estados Unidos acusaram oficialmente os líderes de um país estrangeiro de invadir computadores em território americano.

‘Essa é a temporada mais imprevisível do ‘The voice’, diz Tiago Leifert

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RIO — O ano de Tiago Leifert é dividido em dois: no primeiro semestre, ele é titular do “Globo esporte São Paulo”. No segundo, apresentador do “The voice Brasil”, cuja final será exibida nesta quinta-feira, ao vivo, depois de “Império” às 22h20. Estão na competição a dupla Danilo Reis e Rafael (do time de Lulu Santos), Romero Ribeiro (de Carlinhos Brown), Lui Medeiros (Cláudia Leitte) e Kim Lírio (Daniel).

As duas funções atraem Tiago igualmente, ele afirma. E, aos 34 anos, o jornalista quer acumular mais duas: ser pai e aprender a escrever ficção. Nesta entrevista, Tiago fala sobre a atual temporada de “The voice Brasil”, diz torcer pela permanência dos técnicos Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Daniel e Lulu Santos, afirmando que eles “ainda têm muita lenha para queimar", e conta que não enxerga favoritos para a vitória nesta edição do reality.

Pode contar algumas curiosidades sobre o “The voice Brasil”? Por exemplo, lembra-se de quando Gabriela Solecki ganhou o apelido de Tiaguete?

Foi num ensaio. Era o meu primeiro ao vivo. Falei sem querer: “A que horas a Tiaguete entra?”. A produção a chamava de “The voicete”. E até hoje, coitada, ela é Tiaguete (risos).

E quando você passou a chamar os candidatos de “vozes”?

Uma vez li no roteiro que cada time teria 12 vozes. Aí eu pensei: “Ah, quer saber? Vou chamar esses caras de vozes”. Quem joga futebol é jogador, quem joga tênis, é tenista, então, eles seriam vozes.

E se lembra da primeira vez que você passou aperto num “The voice” ao vivo?

Claro! Foi na primeira temporada, quando ainda estava indo ao ar nas tardes de domingo. A gente fez a primeira parte do programa antes do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 e a segunda, depois. E, em seguida, entraria um jogo de futebol marcado para as 17h. Não poderíamos atrasar a programação de jeito nenhum. Esse foi um um dia tenso, mas a gente conseguiu controlar o tempo direitinho.

E em qual situação Carlinhos Brown demorou mais a dar um veredito?

Acho que foi numa das primeiras batalhas do ano passado. Ele estava indo bem, e o diretor (Creso Macedo) me falou no ponto: “Manda ele decidir”. Eu fiquei quieto porque, se você interromper o raciocínio do Brown, ele começa tudo de novo. Aí, quando estava quase chegando lá, Cláudia Leitte interrompeu, e ele voltou ao começo. Depois o Daniel interrompeu, a plateia fez um barulho... Se eu não me engano, ele levou 17 minutos para decidir.

Qual escolha dos jurados que mais o surpreendeu?

Quando Lulu tirou o Dom Paulinho na batalha contra Luana Camarah na temporada passada. Dom Paulinho tinha errado a letra, mas achei que Lulu daria a ele mais uma chance. Nesta temporada, fiquei surpreso de ele ter tirado a Deena Love.

Você se recorda da roupa que Cláudia Leitte usou no primeiro episódio do “The voice”?

Eu me lembro que, na primeira temporada, ela estava amamentando e foi de barriga de fora para um dos primeiros programas. E eu pensei “desgraçada, meu! A mulher teve filho um mês e meio atrás e já está de barriga de fora”. Liguei para a minha mulher (a jornalista Daiana Garbin) para comentar, não estava acreditando.

Sua mulher tem ciúme dos elogios que você faz aos decotes que Cláudia usa no reality?

Não. Minha mulher leva na brincadeira e, às vezes, até concorda (risos). E acha a maquiagem de Cláudia linda. Outro dia, me pediu para perguntar a Cláudia quem é o maquiador dela; descobri que é a própria.

Você parece mais solto nesta temporada, chegou a perceber?

Eu ouvi isso de outras pessoas também, mas não reparei. Acho que, como a minha relação com os técnicos está mais organizada em relação a tempo, talvez sobrem alguns segundinhos para eu brincar. Mas estou me sentindo mais à vontade mesmo.

Você até chorou (no programa do dia 6/11)...

De escorrer lágrima. Foi num momento difícil. Só tinha mais um “peguei”, o da Cláudia. E um programa pela frente na semana seguinte. Não achei que Cláudia fosse usar para pegar o Lui Medeiros (que havia perdido a batalha contra Deena Love). E, ao mesmo tempo, achei que seria muito injusto ele sair porque tinha cantado muito bem. Segurei ele no palco o máximo que eu pude e me emocionei quando ele foi salvo, acho que todo mundo.

Você sofre quando eles são eliminados?

Tem umas eliminações que cortam o coração, tem muita voz boa que vai embora.

Você é um cara sensível?

Acho que sim. Talvez se eu assistisse de casa, me emocionasse mais. No palco, eu fico pensando em muita coisa ao mesmo tempo; tenho que trabalhar, né?

Acontece muito de você discordar da escolha dos técnicos?

É raro, eu os acho justos. Discordo com frequência da decisão do público (risos). Penso: “Putz, eu teria escolhido outra pessoa”.

E sua família reclama com você de algumas decisões?

Não só minha família, o mundo inteiro reclama. As pessoas às vezes se apaixonam por uma voz desde o começo, como a da Deena Love, do Edu Camargo, do Dudu Fileti... E não se conformam quando elas saem. Eu sempre falo para elas prestigiarem o artista também fora do programa.

A abordagem muda quando você troca o “Globo esporte SP” pelo “The voice”?

Muito. O assédio na época do “The voice” é muito maior, até porque o “Globo esporte” é um programa local, e o “The voice”, nacional. Engraçado que todo mundo diz que eu sou muito mais magrinho pessoalmente (ele pesa 67kg e tem 1,77m). E minhas redes sociais ficam muito mais tranquilas durante o “The voice”. Futebol mexe com paixões mais violentas.

Foi falado que os candidatos desta temporada estão menos competitivos do que os das anteriores. Você concorda?

Eu li o contrário também. Disso é gosto, não adianta. O diferencial desta temporada é que ela é mais imprevisível. No ano passado, achava que Sam Alves ou Pedro Lima (Bigode Grosso) ganhariam. Este ano, eu não tenho a menor ideia do que vai acontecer.

E o que acha dos que dizem que o “The voice” americano é melhor que o do Brasil?

Discordo. Assisto ao americano também, e acho que a gente não fica devendo nada.

Você acha que é tempo de renovação dos técnicos daqui?

Não. Acho que a gente funciona de um jeito diferente. Nos Estados Unidos, eles trocaram porque já estão na sétima temporada, fazem duas por ano. Acho que ainda há muito para fazer com Lulu, Cláudia, Brown e Daniel. A gente nunca testou as batalhas cruzadas (um time contra o outro) aqui no Brasil, como se faz no “The voice” americano. Seria muito bom fazer isso com os técnicos que a gente já conhece, já ama. Eles têm muita lenha para queimar ainda.

Já gostava de música antes de apresentar o “The voice”?

Sempre gostei. Quando eu tinha uns 18, 19 anos, decidi que queria ser DJ. Toquei em baladas em São Paulo e em festas particulares de 1999 a 2004. Parei de vez em 2006, quando entrei no SporTV.

Como está sua rotina hoje?

Tenho dormido muito pouco, umas seis horas por dia. De quarta para quinta é que eu tento dormir mais, para ficar mais disposto. Fico uns quatro dias por semana no Rio e três em São Paulo, onde moro.

Sua mulher reclama de sua ausência?

Não, ela entende. E é só nos segundos semestres de cada ano. Pelo menos consigo passar os fins de semana em casa. Quando estou no “Globo esporte”, eu passo os fins de semana trabalhando.

O que dá mais prazer a você hoje: apresentar o “The voice” ou o “Globo esporte”?

O que eu estiver fazendo, sem brincadeira. Quando estou no esporte, eu sinto saudade do “The voice” e vice-versa.

Você se imaginava apresentando um programa de entretenimento?

Nunca tinha passado pela minha cabeça. Mas aceitei o convite para apresentar o “The voice” na hora, achei muito legal.

O que faz ao fim dos episódios do “The voice”?

Eu me despeço da plateia, e depois do programa, Fernanda (Souza) e eu descemos ao camarim e damos uma força às vozes eliminadas. Depois, me troco e a gente lancha. Como tapioca, eles levam pão sem glúten para mim (Tiago tem intolerância à proteína). Fofocamos um pouco sobre programa e volto para casa por volta da 1h. Demoro para pegar no sono.

O que fará quando acabar o programa?

Quero ficar um dia inteiro em casa sem arrumar a mala, de pijama. Depois, vou viajar.

Se acha bonito?

Não. Falo para a minha mulher: “Ainda bem que você acha”.

O que queria ser quando era criança?

Programador de jogos de videogame. E já achei que ia ser médico, mas desisti na primeira vez que cortei meu dedo.

Você ainda tem algum desejo profissional não realizado?

Tenho habilidades profissionais que eu gostaria de passar a dominar. Queria aprender a escrever ficção. Toda criança sabe, mas o jornalismo acaba com isso, a gente fica tão cético e objetivo que você acaba esquecendo como faz. Eu gostaria de reaprender.

E pessoal?

Ter um filho, mas precisamos ver o melhor momento para Daiana, que vai carregar o bebê por 9 meses. Mas daqui a pouco deve acontecer.

No dia de Natal, History exibe maratona dos cinco episódios da minissérie ‘A Bíblia’

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Abraão se prepara para sacrificar o filho Isaac em cena da minissérie - Divulgação

RIO - Acredite-se ou não em sua veracidade, não dá para negar que a história contada pela Bíblia é uma bela de uma dramaturgia. Não é à toa que, dizem por aí, trata-se do livro mais lido do mundo. Nesta quinta, dia bem propício para tal, o History faz, a partir das 13h, uma maratona com os cinco episódios da minissérie que narra — de forma resumida, claro — este enredo de forma tão competente que tornou-se uma das produções mais vistas na TV americana em 2013.

A atração foi comandada pelo casal Mark Burnett e Roma Downey. Ele, produtor de reality shows como "Survivor" e "The voice"; ela, atriz que ficou famosa como a protagonista de "O toque de um anjo". Juntos, eles decidiram que não queriam fazer uma daquelas séries religiosas cafonas. "Uma coisa que tínhamos certeza é de que não queríamos fazer algo estilo burrinho e sandálias para agradar às avós", disse Downey na época do lançamento ao "The New York Times".

Pelo contrário: com um orçamento de 22 milhões de dólares, “A Bíblia” capricha na contemporaneidade até onde é possível fazê-lo, com direito a anjo que luta artes marciais, batalhas sangrentas e efeitos especiais de respeito quando Moisés divide o Mar Vermelho, Jesus anda sobre as águas ou Daniel cai na cova dos leões.


Presidente do Ibram será secretário de Cultura de Minas Gerais

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RIO — Citado como um dos favoritos ao cargo de ministro da Cultura, em substituição a Marta Suplicy, que saiu do governo no início de novembro, o mineiro Angelo Oswaldo deixa a presidência do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) no próximo dia 31. Mas para assumir a secretaria de Cultura de Minas Gerais. A saída foi oficializada anteontem, num encontro com a presidente Dilma Rousseff, de quem ele é amigo. Ex-prefeito de Ouro Preto, Oswaldo ficou um ano e meio no cargo, período no qual precisou enfrentar a polêmica sobre o decreto que permite que bens culturais “passíveis de musealização” sejam declarados de “interesse público” e também uma greve das instituições federais às vésperas da Copa do Mundo.

— Eu e a presidente até brincamos sobre a especulação para o ministério — diz Oswaldo, 67 anos. — Vou para Minas com muito entusiasmo, por acreditar nas propostas do governador Fernando Pimentel (PT). Eu já fui secretário de Cultura de Minas entre 1999 e 2002, na gestão do Itamar Franco, e conheço o desafio. Temos que construir uma política pública para a cultura, com ampla participação da sociedade e atenção ao interior do estado. Nos últimos anos, muitos projetos da secretaria se limitavam a Belo Horizonte, deixando o interior carente.

“A GREVE FOI JUSTA”

No Instituto Brasileiro de Museus, Oswaldo diz ter focado suas ações em abrir as instituições para a sociedade. O Ibram foi criado em janeiro de 2009, a partir de um departamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e é responsável pela administração direta de 30 museus federais, mas tem como objetivo o planejamento de políticas para os 3.500 museus públicos e privados do país.

— Eles têm que ser dinâmicos. Antigamente dizia-se que um museu fechava as portas para guardar acervo, mas hoje ele tem que abrir suas portas para compartilhar conhecimento. Há algumas semanas, por exemplo, eu estava no Rio, onde lancei com o prefeito Eduardo Paes o Passaporte Museus Cariocas, um projeto que integra as instituições à comemoração dos 450 anos de fundação do Rio. Todos os museus terão uma programação especial, assumindo um protagonismo de pensar a cidade — diz Oswaldo.

O momento mais conturbado da gestão do mineiro no Ibram ocorreu no fim de 2013, pouco depois da publicação do Decreto 8.124, que regulamentou o Estatuto dos Museus e a criação do Ibram. O texto foi motivo de polêmica por permitir que bens culturais sejam declarados de interesse público, obrigando seu proprietário a informar anualmente o Ibram sobre o estado da obra, dar ao instituto preferência em caso de venda e também restringir transferências ao exterior.

— Fizeram um escândalo em cima disso, que atribuo a uma ação política contra o governo. Disseram que o decreto promoveria a desapropriação das coleções, que seria o fim do colecionismo. Tudo isso foi uma balela. O decreto apenas criou a possibilidade de proteção especial de alguns bens, para termos referência sobre nossas coleções. Ninguém vai desapropriar nada — promete Oswaldo.

Outra dificuldade da gestão foi uma greve de mais de dois meses, deflagrada pelos servidores do ministério pouco antes da Copa do Mundo. Sem acordo entre grevistas e governo, a ação fechou os museus federais no momento em que o país mais recebia turistas e só foi encerrada por uma decisão da Justiça.

— A greve foi justa, o Ibram poderia crescer muito se tivéssemos um plano de cargos e salários e mais concursos. Mas é preciso compreender que o governo tem suas dificuldades — diz Oswaldo. — O debate precisa continuar. O ano de 2015 será difícil para todos, mas o governo é sensível aos problemas dos servidores. É preciso manter o diálogo.

Agora, Oswaldo já se planeja para estar em Minas Gerais em 1º de janeiro, para a posse de Fernando Pimentel. Seu substituto no Ibram dependerá da escolha de quem vier a ser o novo ministro da Cultura. Até lá, o Ibram será gerido interinamente por Emerson Santos, assessor especial do gabinete do instituto.

Crítica: Uma jornada do terror ao paraíso

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Pode parecer paradoxal, mas o primeiro movimento da 2ª sinfonia de Gustav Mahler, embora peça uma cadência de marcha, não pode ter o tempo rigidamente marcado — seja nas partes conduzidas por acordes brutos seja nos momentos de remanso — ou se torna inevitavelmente chato. No outro extremo, quando os tempi são muito flexíveis, a tensão pode afrouxar ou, mesmo que seja mantida, o intervencionismo do regente periga se sobrepor às intenções do compositor. Entre os dois polos, acelerando a música nas horas certas, construindo clímaxes, endurecendo e amaciando o som, os músicos das orquestras Petrobras Sinfônica e Sinfônica Heliópolis, unidos sob a batuta do maestro Isaac Karabtchevsky, conseguiram prender a atenção dos espectadores que foram ver essa sinfonia, a “Ressurreição”, desde seu longo movimento de abertura, na noite de segunda-feira no Teatro Municipal.

Foi uma performance mais lapidada do que outra vista em outubro no mesmo palco, com Karabtchevsky regendo apenas a Petrobras Sinfônica. Aquela marcou o início das comemorações dos 80 anos do maestro. Esta fechou o ciclo. O bis do concerto foi um “parabéns pra você” tocado pelos músicos e, depois, foi-lhe oferecido um bolo de aniversário, no restaurante Assyrio, no teatro. A noite havia começado com um breve documentário projetado num telão sobre o palco, com personalidades do mundo musical elogiando o regente.

Algumas coisas chamaram a atenção. O explosivo tutti por volta de dez minutos do movimento final da sinfonia soou exasperado como raramente se ouve (mesmo em gravações). Alternando demonstrações de força como essa ou a efêmera fanfarra que tempera o terceiro movimento quase no fim (ele termina com a indicação que o permeia quase inteiro, a de “In ruhig fliessender Bewegung”, isto é, “Em movimento fluente e calmo”) com a sofisticação e o sabor vienense que dão vida ao belo segundo movimento, Karabtchevsky mostrou que tem ideias próprias sobre a música.

Ele teve o apoio dos instrumentistas para realizar a visão de Mahler, numa jornada que vai do terror e da desolação causados pela morte à entrada no paraíso. Num panorama de entrosamento e afinação, as imperfeições existentes foram releváveis — e há sempre, em Mahler, notas sadicamente agudas para dificultar. Os Canarinhos de Petrópolis fizeram entrada serena no último movimento e interpretaram com convicção sua parte, faltando talvez um pouco mais de grave. Tanto a soprano Lina Mendes quanto a mezzo-soprano Edinéia Oliveira (solene como exige o 4º movimento) têm vibrato um pouco forte, e a costura com a orquestra não foi perfeita, mas passaram emoção.

Ridley Scott revê o ‘Êxodo’ hebreu em superprodução de US$ 160 milhões

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LOS ANGELES - Quando sir Ridley Scott convidou Christian Bale para viver Moisés no cinema, o ator galês imaginou o personagem central do Antigo Testamento como referência para alguma aventura passada no distante Antigo Egito, mais “Alien, o oitavo passageiro” do que “Gladiador”. Ledo engano. Primeiro épico bíblico do diretor de 77 anos, “Êxodo — Deuses e reis” estreia nos cinemas brasileiros hoje em formato 3-D, com figurino carregado no dourado, maquiagem forte, mais de 4 mil figurantes e a reconstrução de duas cidades egípcias em um set de proporções gigantescas na Andaluzia, além das sete pragas e da travessia do Mar Vermelho apresentadas com o auxílio do que há de mais avançado nos efeitos em computação digital de Hollywood.

— Fui sincero e disse a Ridley que aquela me parecia a ideia mais ridícula do mundo. Mas ele me respondeu, sem titubear: “Meu Moisés vai sim usar sandálias, terá cabelos compridos e tudo a que tiver direito”. Ainda insisti: “Mas, Ridley, então você quer que eu faça o Moisés mesmo?” E ele: “É, o próprio”. Fui correndo ler o Antigo Testamento, a Torá e o Alcorão e fiquei impressionado, não sabia da real dimensão do personagem, de suas contradições. Ele é, ao mesmo tempo, um profeta, um nobre, um guerrilheiro e, se levarmos em conta a morte dos primogênitos egípcios e as demais pragas, além da ira contra os judeus que idolatravam um símbolo religioso por ele considerado pagão e foram sumariamente executados, uma espécie de terrorista também. Um homem de extremos, às vezes violento, às vezes um pacifista convicto. Uma contradição ambulante. Ou seja, um prato cheio para mim — conta Bale, conhecido por seu temperamento difícil e vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante por “O vencedor” (2010).

CRÍTICAS AO ELENCO CAUCASIANO

Há duas semanas em cartaz nos EUA, “Êxodo” tem enfrentado o nariz torcido da crítica. Scott teve de sair em defesa da decisão de escalar protagonistas caucasianos em uma trama passada no norte da África e no Oriente Médio. Além do Moisés de Bale, o australiano Joel Edgerton vive o faraó Ramsés II, Aaron Paul, o Jesse de “Breaking Bad”, encarna o futuro profeta Josué e os coadjuvantes de maior destaque são John Turturro, Sigourney Weaver e sir Ben Kingsley. O diretor afirmou à “Variety” que não teria como escalar um “Mohamed desconhecido” em uma produção estimada em US$ 160 milhões (cerca de R$ 425 milhões).

— Este é um filme de estúdio, e ele não aconteceria sem os incentivos fiscais do governo espanhol e se eu não tivesse concordado em reduzir para 74 os 140 dias de filmagem. Sabia que pagaria um preço, mas eu queria muito concretizar este projeto — diz Scott. — Sua grandiosidade é apenas fruto da natureza da história que eu queria contar. Sempre inicio o trabalho me debruçando sobre os personagens centrais. Em seguida, imagino o universo ao redor deles. Em ‘Êxodo’ tinha de ser algo faraônico. Se o set é realmente sensacional, ele influencia a interpretação dos atores. E eu queria apresentar um Moisés mais acessível, tentar decifrar o que é de fato real e o que é mito. Não tenho dúvida alguma de que Moisés foi uma pessoa de carne e osso.

Enquanto a ciência ainda discute se o êxodo dos hebreus — ao menos 600 mil homens adultos cruzando o Sinai — seria de fato uma possibilidade histórica, Scott apresenta seu Moisés como líder de um exército informal, dotado da visão estratégica dos melhores generais. A construção na Andaluzia do gueto hebreu de Mênfis, tal qual imaginado pelo diretor, impressiona pelas semelhanças das ruelas e casas de pedra com a malha urbana da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

— Não há paralelo intencional — avisa Scott. — O roteiro não foi escrito com o Oriente Médio atual em mente. Mas a familiaridade é óbvia. Dê a terra logo a eles!

A decisão mais contundente do diretor de “Telma & Louise” em “Êxodo” foi elaborar um Deus que surge na pele de uma criança, com comportamento ao mesmo tempo honesto e impulsivo. As cenas impressionantes de enfrentamentos como o conflito de bigas entre egípcios e hititas na Batalha de Kadesh, são pano de fundo, na cerzidura de Scott, para a rivalidade entre os quase-irmãos Moisés e Ramsés. Mas são os diálogos entre o Deus de Abraão e o patriarca hebreu, muito mais íntimos do que o evocado por DeMille no clássico filme de 1956, que dão mais singularidade a “Êxodo”.

— E o Moisés de Ridley é um espelho do Deus do Antigo Testamento, aquele que pune, castiga. O filme nos faz pensar, espero, que um homem pode ser percebido como líder revolucionário, engajado na luta pela libertação de seu povo, ou, ao mesmo tempo, dependendo de quem tem a primazia de contar a História, como terrorista. De que modo você reagiria se Moisés entrasse aqui agora e participasse de nossa conversa? Eu, certamente, não me sentiria confortável. Foi assim que o vi, que o encontrei — diz Bale.

‘Os caras de pau’, com Leandro Hassum e Marcius Melhem, vira longa após anos na TV

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RIO — “Os caras de pau em o misterioso roubo do anel”, que estreia nesta quinta-feira, foi rodado com dois objetivos em mente. Em primeiro lugar, era preciso se distanciar do formato original do programa, exibido na Rede Globo como um especial, em 2006, e depois como seriado fixo, de 2010 a 2013. (Veja o trailer abaixo)

— As ferramentas dramatúrgicas são diferentes num longa-metragem. Você tem um arco maior para preencher. Na TV, fazíamos esquetes — diz o ator Marcius Melhem, que também assina o roteiro de “Os caras de pau”, com Mauro Wilson, Chico Soares e Celso Taddei.

Em segundo lugar, o desejo era criar uma comédia que se destacasse na bem-sucedida e prolífica produção nacional do gênero. “Para não cair na mesmice”, nas palavras do produtor Augusto Casé.

— Temos aqui um filme de ação e aventura para a família toda — observa o diretor Felipe Joffily, que estreou nos cinemas com “Ódiquê?” (2004). — Eu mesmo considero que fiz, anteriormente, comédias de nicho, como “Muita calma nessa hora” e “E aí... Comeu?”, que era mais restrita ainda, porque tinha um conteúdo ácido, sobre o comportamento masculino.

Em “Os caras de pau”, o longa, Leandro Hassum e Melhem voltam às peles dos seguranças Jorginho e Pedrão, agora encarregados de proteger o anel mais valioso do mundo. A joia é roubada, e eles são acusados pelo crime. Na trajetória para provar sua inocência, a dupla atravessa situações completa e propositalmente inverossímeis. Eles pulam de paraquedas e vão parar dentro de um caixa-forte. Também lutam contra ninjas que brotam aleatoriamente.

QUASE 40 LOCAÇÕES EXTERNAS

Embora Joffily considere “Os caras de pau” o filme mais difícil que já fez em termos técnicos — foram usadas quase 40 locações externas, deixando a equipe à mercê de imprevisibilidades climáticas e urbanas —, pinçar humor no absurdo lhe permitiu uma maior liberdade criativa. E a trama reúne referências que vão de “O poderoso chefão” (1972), “Quanto mais quente melhor”(1959) e “Os irmãos cara de pau” (1980) ao desenho “Scooby Doo”.

— As cenas de ação que consegui fazer foram bem tranquilas — diz Hassum, que gravou o filme antes de se submeter a uma operação de redução de estômago, no começo de novembro. — Apesar do meu peso na época, até que sou um gordo bem ágil. E, como sempre fiz humor físico, estou acostumado a usar o corpo nos papéis. Já fui mais abusado no passado nas cenas de ação. Hoje, faço o que o coordenador de dublês acha que não será muito arriscado. Afinal, se eu me machucar, o filme para. Aí é prejuízo, e os produtores me matam.

'A entrevista', enfim, estreia nos Estados Unidos

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RIO — A véspera de Natal marcou uma etapa sem precedentes na história do cinema. Pela primeira vez, uma superprodução de Hollywood entra em cartaz nos Estados Unidos não em grandes complexos, como de costume, mas em salas independentes. Pelo menos 300 locais exibem, a partir desta quinta, a polêmica comédia "A entrevista", pivô do maior ataque cibernético supostamente perpetrado por um país estrangeiro em solo americano.

Mas à meia-noite, uma sessão especial (e lotada), com a presença dos diretores Seth Rogen e Evan Goldberg, já havia projetado o filme, em que os personagens de Rogen e James Franco recebem a missão de assassinar o líder norte-coreano Kim Jong-un, em Pyongyang.

"Se não fossem cinemas como esse e pessoas como vocês, nada disso estaria acontecendo", agradeceu Seth Rogen, segundo o site "Deadline".

Vários espectadores fizeram fila no Silent Movie Theatre para assistir ao longa, mas a exibição foi além de um típico evento de entretenimento: também teve um tom político. Do lado de fora, pessoas bebiam cidra quente e diziam ter ido à sessão para apoiar a liberdade de expressão e de escolha.

Fãs fazem fila para assistir à sessão de meia-noite de 'A entrevista', no cinema Silent Movie Theatre, em Los Angeles - JONATHAN ALCORN / REUTERS
Homem vai à sessão em Los Angeles carregando uma bandeira dos EUA - JONATHAN ALCORN / REUTERS

Um homem, fantasiado de Papai Noel, portava uma bandeira dos Estados Unidos, um claro ato de afirmação patriótica, e também uma resposta aos acontecimentos das últimas semanas. Quando o autodenominado grupo hacker Guardiões da Paz ameaçou realizar ataques terroristas nos locais que exibissem "A entrevista", as principais cadeias de cinema optaram por tirar de cartaz a produção, o que teria forçado a Sony a cancelar o filme de forma generalizada — não só nos EUA, mas em todo o mundo, incluindo o Brasil.

A reação da indústria cinematográfica foi extremamente negativa. Atores, produtores e até políticos se posicionaram contra o cancelamento. O próprio presidente Barack Obama acusou a Sony de ter "cometido um erro". Coube aos cinemas independentes o papel de dar um passo à frente e colocar as suas telas à disposição. Na última terça-feira, o estúdio finalmente deu sinal verde para que esses locais exibissem o filme.

Os diretores Evan Goldberg e Seth Rogen discursam antes da exibição de 'A entrevista' em sessão especial em Los Angeles - JONATHAN ALCORN / REUTERS

Um dia depois veio o segundo anúncio, mais surpreendente ainda: a empresa decidiu oferecer "A entrevista" na internet, em três serviços de vídeo sob demanda (VOD, na sigla em inglês): o Google Play, o Xbox e o YouTube, além do site SeeTheInterview.com. O aluguel e compra do filme, porém, só estão disponíveis para residentes americanos. A estreia no Brasil segue indefinida.

A estreia do longa nesta quinta-feira (por enquanto sem incidentes), portanto, marca o encerramento de um ciclo conturbado num dos maiores estúdios de Hollywood. Desde o início de novembro, informações confidenciais (e às vezes constrangedoras) foram vazadas dos computadores da Sony. Hackers divulgaram informações como os salários de astros e e-mails contendo intrigas entre altos executivos da indústria. Analistas calculam que o prejuízo provocado pelos ciberataques pode passar de US$ 200 milhões.

Ironicamente, os críticos que puderam assistir ao filme em exibições antecipadas não se mostraram tão entusiasmados com o seu conteúdo. No site Rotten Tomatoes, que compila diversas críticas sobre um determinado filme, a taxa de aprovação de "A entrevista" está, até a manhã desta quinta-feira, em 50%. É um número baixo em comparação às outras comédias que selaram a conhecida parceria entre James Franco e Seth Rogen, como "É o fim" (83%).

O cinema Crest Theater, em Los Angeles, é um dos locais que 'orgulhosamente' (como visto no letreiro) exibem 'A entrevista' a partir desta quinta-feira - KEVORK DJANSEZIAN / REUTERS

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