RIO — O ano de Tiago Leifert é dividido em dois: no primeiro semestre, ele é titular do “Globo esporte São Paulo”. No segundo, apresentador do “The voice Brasil”, cuja final será exibida nesta quinta-feira, ao vivo, depois de “Império” às 22h20. Estão na competição a dupla Danilo Reis e Rafael (do time de Lulu Santos), Romero Ribeiro (de Carlinhos Brown), Lui Medeiros (Cláudia Leitte) e Kim Lírio (Daniel).
As duas funções atraem Tiago igualmente, ele afirma. E, aos 34 anos, o jornalista quer acumular mais duas: ser pai e aprender a escrever ficção. Nesta entrevista, Tiago fala sobre a atual temporada de “The voice Brasil”, diz torcer pela permanência dos técnicos Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Daniel e Lulu Santos, afirmando que eles “ainda têm muita lenha para queimar", e conta que não enxerga favoritos para a vitória nesta edição do reality.
Pode contar algumas curiosidades sobre o “The voice Brasil”? Por exemplo, lembra-se de quando Gabriela Solecki ganhou o apelido de Tiaguete?
Foi num ensaio. Era o meu primeiro ao vivo. Falei sem querer: “A que horas a Tiaguete entra?”. A produção a chamava de “The voicete”. E até hoje, coitada, ela é Tiaguete (risos).
E quando você passou a chamar os candidatos de “vozes”?
Uma vez li no roteiro que cada time teria 12 vozes. Aí eu pensei: “Ah, quer saber? Vou chamar esses caras de vozes”. Quem joga futebol é jogador, quem joga tênis, é tenista, então, eles seriam vozes.
E se lembra da primeira vez que você passou aperto num “The voice” ao vivo?
Claro! Foi na primeira temporada, quando ainda estava indo ao ar nas tardes de domingo. A gente fez a primeira parte do programa antes do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 e a segunda, depois. E, em seguida, entraria um jogo de futebol marcado para as 17h. Não poderíamos atrasar a programação de jeito nenhum. Esse foi um um dia tenso, mas a gente conseguiu controlar o tempo direitinho.
E em qual situação Carlinhos Brown demorou mais a dar um veredito?
Acho que foi numa das primeiras batalhas do ano passado. Ele estava indo bem, e o diretor (Creso Macedo) me falou no ponto: “Manda ele decidir”. Eu fiquei quieto porque, se você interromper o raciocínio do Brown, ele começa tudo de novo. Aí, quando estava quase chegando lá, Cláudia Leitte interrompeu, e ele voltou ao começo. Depois o Daniel interrompeu, a plateia fez um barulho... Se eu não me engano, ele levou 17 minutos para decidir.
Qual escolha dos jurados que mais o surpreendeu?
Quando Lulu tirou o Dom Paulinho na batalha contra Luana Camarah na temporada passada. Dom Paulinho tinha errado a letra, mas achei que Lulu daria a ele mais uma chance. Nesta temporada, fiquei surpreso de ele ter tirado a Deena Love.
Você se recorda da roupa que Cláudia Leitte usou no primeiro episódio do “The voice”?
Eu me lembro que, na primeira temporada, ela estava amamentando e foi de barriga de fora para um dos primeiros programas. E eu pensei “desgraçada, meu! A mulher teve filho um mês e meio atrás e já está de barriga de fora”. Liguei para a minha mulher (a jornalista Daiana Garbin) para comentar, não estava acreditando.
Sua mulher tem ciúme dos elogios que você faz aos decotes que Cláudia usa no reality?
Não. Minha mulher leva na brincadeira e, às vezes, até concorda (risos). E acha a maquiagem de Cláudia linda. Outro dia, me pediu para perguntar a Cláudia quem é o maquiador dela; descobri que é a própria.
Você parece mais solto nesta temporada, chegou a perceber?
Eu ouvi isso de outras pessoas também, mas não reparei. Acho que, como a minha relação com os técnicos está mais organizada em relação a tempo, talvez sobrem alguns segundinhos para eu brincar. Mas estou me sentindo mais à vontade mesmo.
Você até chorou (no programa do dia 6/11)...
De escorrer lágrima. Foi num momento difícil. Só tinha mais um “peguei”, o da Cláudia. E um programa pela frente na semana seguinte. Não achei que Cláudia fosse usar para pegar o Lui Medeiros (que havia perdido a batalha contra Deena Love). E, ao mesmo tempo, achei que seria muito injusto ele sair porque tinha cantado muito bem. Segurei ele no palco o máximo que eu pude e me emocionei quando ele foi salvo, acho que todo mundo.
Você sofre quando eles são eliminados?
Tem umas eliminações que cortam o coração, tem muita voz boa que vai embora.
Você é um cara sensível?
Acho que sim. Talvez se eu assistisse de casa, me emocionasse mais. No palco, eu fico pensando em muita coisa ao mesmo tempo; tenho que trabalhar, né?
Acontece muito de você discordar da escolha dos técnicos?
É raro, eu os acho justos. Discordo com frequência da decisão do público (risos). Penso: “Putz, eu teria escolhido outra pessoa”.
E sua família reclama com você de algumas decisões?
Não só minha família, o mundo inteiro reclama. As pessoas às vezes se apaixonam por uma voz desde o começo, como a da Deena Love, do Edu Camargo, do Dudu Fileti... E não se conformam quando elas saem. Eu sempre falo para elas prestigiarem o artista também fora do programa.
A abordagem muda quando você troca o “Globo esporte SP” pelo “The voice”?
Muito. O assédio na época do “The voice” é muito maior, até porque o “Globo esporte” é um programa local, e o “The voice”, nacional. Engraçado que todo mundo diz que eu sou muito mais magrinho pessoalmente (ele pesa 67kg e tem 1,77m). E minhas redes sociais ficam muito mais tranquilas durante o “The voice”. Futebol mexe com paixões mais violentas.
Foi falado que os candidatos desta temporada estão menos competitivos do que os das anteriores. Você concorda?
Eu li o contrário também. Disso é gosto, não adianta. O diferencial desta temporada é que ela é mais imprevisível. No ano passado, achava que Sam Alves ou Pedro Lima (Bigode Grosso) ganhariam. Este ano, eu não tenho a menor ideia do que vai acontecer.
E o que acha dos que dizem que o “The voice” americano é melhor que o do Brasil?
Discordo. Assisto ao americano também, e acho que a gente não fica devendo nada.
Você acha que é tempo de renovação dos técnicos daqui?
Não. Acho que a gente funciona de um jeito diferente. Nos Estados Unidos, eles trocaram porque já estão na sétima temporada, fazem duas por ano. Acho que ainda há muito para fazer com Lulu, Cláudia, Brown e Daniel. A gente nunca testou as batalhas cruzadas (um time contra o outro) aqui no Brasil, como se faz no “The voice” americano. Seria muito bom fazer isso com os técnicos que a gente já conhece, já ama. Eles têm muita lenha para queimar ainda.
Já gostava de música antes de apresentar o “The voice”?
Sempre gostei. Quando eu tinha uns 18, 19 anos, decidi que queria ser DJ. Toquei em baladas em São Paulo e em festas particulares de 1999 a 2004. Parei de vez em 2006, quando entrei no SporTV.
Como está sua rotina hoje?
Tenho dormido muito pouco, umas seis horas por dia. De quarta para quinta é que eu tento dormir mais, para ficar mais disposto. Fico uns quatro dias por semana no Rio e três em São Paulo, onde moro.
Sua mulher reclama de sua ausência?
Não, ela entende. E é só nos segundos semestres de cada ano. Pelo menos consigo passar os fins de semana em casa. Quando estou no “Globo esporte”, eu passo os fins de semana trabalhando.
O que dá mais prazer a você hoje: apresentar o “The voice” ou o “Globo esporte”?
O que eu estiver fazendo, sem brincadeira. Quando estou no esporte, eu sinto saudade do “The voice” e vice-versa.
Você se imaginava apresentando um programa de entretenimento?
Nunca tinha passado pela minha cabeça. Mas aceitei o convite para apresentar o “The voice” na hora, achei muito legal.
O que faz ao fim dos episódios do “The voice”?
Eu me despeço da plateia, e depois do programa, Fernanda (Souza) e eu descemos ao camarim e damos uma força às vozes eliminadas. Depois, me troco e a gente lancha. Como tapioca, eles levam pão sem glúten para mim (Tiago tem intolerância à proteína). Fofocamos um pouco sobre programa e volto para casa por volta da 1h. Demoro para pegar no sono.
O que fará quando acabar o programa?
Quero ficar um dia inteiro em casa sem arrumar a mala, de pijama. Depois, vou viajar.
Se acha bonito?
Não. Falo para a minha mulher: “Ainda bem que você acha”.
O que queria ser quando era criança?
Programador de jogos de videogame. E já achei que ia ser médico, mas desisti na primeira vez que cortei meu dedo.
Você ainda tem algum desejo profissional não realizado?
Tenho habilidades profissionais que eu gostaria de passar a dominar. Queria aprender a escrever ficção. Toda criança sabe, mas o jornalismo acaba com isso, a gente fica tão cético e objetivo que você acaba esquecendo como faz. Eu gostaria de reaprender.
E pessoal?
Ter um filho, mas precisamos ver o melhor momento para Daiana, que vai carregar o bebê por 9 meses. Mas daqui a pouco deve acontecer.