RIO - O portal Trama Virtual, que hospeda mais de 205 mil canções de 78.676 artistas, sai do ar neste domingo. Junto com ele, somem — ou terão seu acesso dificultado — raridades da música independente nacional.
— Em nossa página do Trama Virtual há muitas faixas que só podem ser encontradas na comunidade “Discografias” do Orkut ou então em alguns torrents obscuros pela internet — diz Lucas Silveira, da banda gaúcha Fresno.
Junto com as primeiras gravações do Fresno, lá podem ser baixados gratuitamente todos os álbuns de bandas como Teatro Mágico e Carbona e gravações ao vivo dos primeiros shows da banda de punk rock Dance of Days.
Segundo João Marcello Bôscoli, presidente do Trama Virtual, o site era abastecido com cópias digitais das faixas originais; então, na teoria, o material não será perdido. As bandas poderiam disponibilizar as músicas em outros sites de compartilhamento de arquivos.
— Se as bandas não guardaram as músicas, elas perderam o master de suas próprias canções — afirma Bôscoli.
Bandas como Dance of Days e Gloria, porém, tinham faixas guardadas apenas no Trama Virtual.
Anterior ao Myspace
Criado pela gravadora Trama em 2001, o site se tornou uma espécie de ponto de encontro para os fãs da música independente brasileira. Era a forma de uma banda entrar no mapa antes mesmo da criação do Myspace, em 2003. Qualquer usuário podia ouvir ou baixar as músicas disponibilizadas pelos grupos de graça. O portal ainda foi pioneiro no esquema de downloads remunerados. A partir de 2007, os artistas passaram a receber uma quantia por faixa baixada. O usuário continuou sem pagar nada pelo serviço, já que a verba vinha de anunciantes do site.
Bôscoli diz que o portal “cumpriu seu papel” numa época anterior a YouTube, iTunes ou Facebook. Agora, argumenta, o site sai de cena deixando substitutos como SoundCloud, Deezer, Bandcamp e Spotify.