RIO - Realizada na noite desta terça-feira, a cerimônia do 25º Prêmio Shell de Teatro levou ao Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico, artistas de todas gerações do teatro carioca. Iniciada às 21h, com apresentação das atrizes Nicete Bruno e Beth Goulart, a festa consagrou a Cia. Brasileira de Teatro e a sua peça "Esta criança", que havia recebido o maior número de indicações, cinco ao todo, e terminou a noite com quatro das concorridas conchas douradas. A produção levou o prêmio de melhor direção, para Marcio Abreu, melhor iluminação (Nadja Naira), melhor cenário (Fernando Marés) e Renata Sorrah se consagrou na mais disputada categoria da noite, a de melhor atriz. Na disputa estavam atrizes experientes e que também haviam realizado grandes trabalhos de interpretação, como Drica Moraes, que teve uma bela volta ao teatro com a peça "A primeira vista", além de Kelzy Ecard (“Breu”), Patricia Selonk (“A marca da água”) e Simone Spoladore (“Depois da queda”).
- Para mim é muito especial conquistar esse prêmio, porque eu o recebo no palco onde toda essa história começou. Foi aqui (teatro Tom Jobim) que eu assisti a essa companhia (Cia. Brasileira de Teatro) pela primeira vez -- disse atriz, referindo-se à peça "Vida", encenada pelo grupo no Rio em 2010. -- Quando eu vi essa peça eu me apaixonei por eles. Eu saí do teatro querendo trabalhar com eles, fazer parte desse grupo, conhecer esse diretor, esses atores. Então eu realmente sonhei em estar aqui com eles, e esse sonho se realizou.
As atrizes foram as últimas a serem premiadas na noite. Antes de Renata, também subiu ao palco visivelmente emocionado o diretor Marcio Abreu, um carioca radicado em Curitiba, cidade onde fundou a Cia. Brasileira de Teatro.
- É muito especial ganhar esse prêmio no Rio. Ao longo da vida eu me acostumei a ser meio estrangeiro, porque a vida me presenteou com a possibilidade de viver em outros lugares e de me colocar nessa situação de deslocamento, mas o fato é que eu nasci aqui no Rio, sou carioca - disse Abreu. - É por isso que é uma emoção verdadeira. O teatro, entre as muitas coisas que ele nos dá, me possibilitou encontrar muitas pessoas, e pessoas que realmente transformam a nossa vida. E é por isso que eu tenho um amor incondicional por todos os criadores desse espetáculo, a todos da Cia. e pela Renata, que é um encontro especialíssimo que vou levar por toda a minha vida.
Se no ano passado, o Shell premiou, sobretudo, representantes da nova geração do teatro carioca, que ganharam pela primeira vez seus prêmios em categorias importantes, como direção, autor, ator e atriz, este ano as láureas foram distribuídas de modo mais generoso entre nomes de diversas gerações e origens. Formado por Ana Achcar, Bia Junqueira, João Madeira, Macksen Luiz e Sérgio Fonta, o júri do Shell concedeu a dois experientes nomes do teatro o prêmio de melhor autor, dividido entre Paulo de Moraes e Maurício Arruda de Mendonça, da Armazém Cia., que completou 25 anos de atividades em 2012, ano em que estrearam a peça "A marca da água", que concorria também nas categorias melhor atriz (Patrícia Selonk) e cenário (Paulo de Moraes).
Entre os atores, a disputa também foi acirrada, mas Gustavo Gasparani foi o eleito pelo trabalho no musical "As mimosas da Praça Tiradentes", um espetáculo idealizado por Gasparani e que marcou seus 30 anos de carreira. O trabalho superou as próprias expectativas do ator, que foi consagrado mesmo com grandes atuações no páreo, como Tonico Pereira (“A volta ao lar”), Bruce Gomlevsky (“O homem travesseiro”) e Leonardo Medeiros (“O livro de itens do paciente Estevão”).
- Eu tenho de agradecer, em primeiro lugar, a coragem desse júri, que escolheu dar um prêmio a um personagem um tanto marginal, afinal a Vanila Cherry era um travesti de um musical cômico - disse - Realmente não poderia ter ganho um presente maior que esse após um ano em que puder viver personagens e peças tão diferentes, como "As mimosas..." e o "Édipo".
Um dos momentos mais emocionantes da noite foi a homenagem póstuma ao ator Walmor Chagas, morto aos 82 anos no último 18 de janeiro, mas foi lembrado e exaltado por suas inúmeras contribuições ao teatro como ator e produtor, ao longo de vitoriosos 64 anos de carreira.
Na Categoria Especial, o vencedor foi o Grupo Alfândega 88, pela ocupação do teatro Serrador, que desbancou trabalhos importantes como a ocupação Complexo Duplo, guiada por Felipe Vidal e Daniele Ávila Small à frente do teatro Gláucio Gill, Beto Carramanhos, pelo visagismo de “As mimosas da praça Tiradentes” e “O mágico de Oz”, e o produtor Frederico Reder, pela reforma e reabertura do Tereza Rachel (atual Teatro Net Rio).
Os outros ganhadores da noite foram Alexandre Elias (música, por "Gonzagão - A lenda), que recebeu o seu primeiro Shell após cinco indicações anteriores; e Teca Fichinski, pelo figurino de "Valsa nº 6".