Quantcast
Channel: OGlobo
Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716

Museu revê trajetória de gravurista Rubem Grilo

$
0
0

RIO - Quando criou suas primeiras xilogravuras, no início dos anos 1970, Rubem Grilo não havia feito “nem a opção de ser artista, nem a opção de ser gravador”, como lembra. Queria mesmo era ser escultor e via na gravura em madeira um caminho útil para treinar, a um só tempo, o entalhe e o desenho. Não sabia, porém, que, 40 anos depois, seguiria como um operário da xilogravura.

Nesta terça-feira, às 12h, ele inaugura uma retrospectiva de seu trabalho como gravador no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Já havia doado 900 obras em miniatura para o museu que, agora, com o prêmio de aquisição Marcantonio Vilaça, comprou mais 500 gravuras do artista.

— O mercado de arte é dispersivo, as pessoas compram, levam para casa, e a obra é tirada de circulação. Fiz a opção de deixar meu trabalho numa instituição, em que a memória é preservada e se mantém acessível ao público — afirma o gravador, hoje com 66 anos.

‘E assim se passaram 43 anos’

Embora o Museu Nacional de Belas Artes passe a ter agora mais de mil trabalhos de Grilo, a exposição apresenta apenas um recorte de sua obra, com 125 gravuras do mineiro que em 1971 escolheu o Rio para morar e trabalhar.

Foi na cidade que ele concluiu o curso de Agronomia e passou a estudar xilogravura, encantado pelos trabalhos de Oswaldo Goeldi (1895-1961) que via na Biblioteca Nacional. Como diz, não fez a opção exata pela gravura, mas via nela um suporte para aprender a entalhar a madeira, necessidade básica para concretizar o desejo de ser escultor.

— Eu fazia gravura para aprender a fazer. E assim se passaram 43 anos — diz o artista. — Tudo sempre me pareceu um treino. Eu estava ensaiando para fazer uma obra e, no fundo, a obra é isso. A busca para se superar acabou sendo a minha principal obra.

Na xilogravura, aprendeu a “transferir a subjetividade para a matéria”:

— Pegar o material que não é nada, seja tinta, madeira ou papel, e fazer aquilo ser expressivo.

Nos anos 1970, quando fazia as primeiras séries, porém, o artista se cansou da discussão conceitual no campo das artes. Decidiu procurar espaço na imprensa e logo tornou-se ilustrador de publicações como “Pasquim”, “Opinião”, “Jornal do Brasil”. Hoje trabalha como colaborador da “Folha de S.Paulo”.

Na exposição atual, suas séries antigas, dos aprendizados nos anos 1970, estarão ao lado de xilogravuras recentes, dos anos 2000, fase em que Grilo, enfim, sente-se “num estágio amadurecido”.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716


<script src="https://jsc.adskeeper.com/r/s/rssing.com.1596347.js" async> </script>