NOVA YORK - Um trabalho feito em maio de 2012 pelo misterioso artista de rua Banksy, intitulado “Slave labor (Bunting boy)”, desapareceu de um muro próximo a uma loja de artigos populares em Londres, na semana passada, e reapareceu numa casa de leilões em Miami. Agora, os representantes de Haringey, a região no norte da capital inglesa, onde estava o painel, querem tê-lo de volta.
A obra, feita em spray, mostra um garoto ajoelhado operando uma antiga máquina de costura, criando uma série de reproduções da Union Jack, a bandeira do Reino Unido — o símbolo aparece nas cores azul, vermelho e branco, enquanto o resto do desenho foi feito em tons cinza e sépia. O trabalho surgiu no ano passado, em meio às celebrações dos 60 anos da Rainha Elizabeth no trono. Ele foi considerado um ácido comentário social, como a maioria das obras de Banksy, e desde então se tornou uma atração cultural naquela região, também conhecida como Turnpike Lane.
Celebridade mundial das artes, embora mantenha firmemente seu anonimato, o artista é agora tema de uma nova biografia, “Banksy: The man behind the wall”, escrita por Will Ellsworth-Jones (lançada pela editora St. Martin’s Press). Dois anos atrás, o documentário que ele dirigiu, “Exit through the gift shop”, chegou a ser indicado ao Oscar.
— Esse trabalho de Banksy criou um grande entusiasmo quando surgiu, e os moradores da região estão, compreensivelmente, chocados e irritados com a sua remoção para a venda para particulares — disse Alan Strickland, um membro do conselho local. — A comunidade sente que esse trabalho artístico foi dado a ela e considera que a obra deve ser mantida em seu local de origem, e não vendida em um leilão barato.
Na verdade, um leilão nem tão barato assim. A Fine Art Auctions Miami, onde a obra reapareceu, a incluiu numa venda de arte de rua, moderna e contemporânea, marcada para sábado, e espera arrecadar entre US$ 500 mil e US$ 700 mil pelo trabalho.
Como “Slave labor” chegou a Miami é um mistério. Poundland, a loja em cujo muro a obra primeiramente apareceu, afirma que não tem nada a ver com sua remoção. Enquanto isso, a casa de leilões não divulga quem é o vendedor e nem como teve acesso à obra.
“A Fine Art Auctions Miami fez todos os procedimentos referentes à propriedade do trabalho”, afirmou uma porta-voz da casa de leilões. “Infelizmente, por lei e por razões contratuais, não podemos revelar qualquer informação adicional sobre essa propriedade. Estaremos prontos para fazê-lo se ficar provado que esse trabalho foi removido e adquirido ilegalmente.”