BERLIM – A produção romena “Child’s pose”, de Calin Peter Netzer, foi a grande vencedora do Urso de Ouro de melhor filme da 63ª edição do Festival de Berlim, encerrada no início da noite deste sábado (16). Drama sobre uma arquiteta da alta sociedade de Bucareste que utiliza todos os seus recursos e contatos para livrar o filho da prisão, o filme foi um dos muitos títulos da competição que enfatizaram a presença da mulher como personagem de histórias de fundo social.
– Tenho mais experiência como batalhadora do que como uma vencedora – começou Ada Solomon, produtora de “Child’s pose”. – Este é um prêmio para a atriz Luminita Gheorghiu, nossa protagonista. Fiquei impressionada com a quantidade de diretoras e de filmes protagonizados por mulher nesta Berlinale.
O Grande Prêmio do Júri, foi para outra história que tangencia problemas contemporâneos, “An episode on the life of an iron picker”, de Danis Tanovic. O novo filme do autor de “Terra de ninguém”, ganhador do Oscar de melhor produção de língua não-inglesa de 2001, acompanha a perigrinação de um catador de ferro velho para conseguir uma cirurgia de emergência para a mulher.
A trama, que é interpretada pela família real que passou por essa experiência, também ficou com o Urso de Prata de melhor interpretação masculina, para Nazif Mujic, o catador de sucata da vida real. A chilena Paulina García confirmou o favoritismo e levou o Urso de Prata de melhor atriz por “Gloria”, de Sebastián Lelio, sobre uma divorciada de meia idade que busca companhia na cena dos bares para solteiros de Santiago.
– Agradeço a Sebastián, por ele ter me dado esse papel incrível – disse Paulina, estreante em cinema.
O prêmio de roteiro ficou com “Pardé”, de Jafar Panahi e Kambozia Partovi, sobre um escritor e uma jovem, ambos perseguidos pela polícia, que buscam refúgio numa casa de praia. Cumprindo domicilar em seu país, o novo filme feito na clandestinidade de Panahi foi representado por seu codiretor, que também atua no longa-metragem.
O júri oficial, presidido pelo realizador chinês Wong Kar-Wai, também concedeu duas menções especiais, ao americano “Promised land”, de Gus Van Sant, e “Layla Fourie”, representante da África do Sul, de Pia Marais, “pela integridade e a convicção de que o cinema pode fazer diferença”.
O Prêmio do Júri foi para a produção canadense “Vic + Flo on vu un ours”, de Denis Cotê, sobre uma ex-detenta de meia idade que tenta se readaptar à liberdade, mas enfrenta a resistência da comunidade onde vive e o fantasma do passado de sua amante. O troféu de direção, grande surpresa da noite, foi para o americano David Gordon Green, pela comédia tramática “Prince Avalanche”. O troféu de contribuição artística foi para o trabalho de câmera de Aziz Zhambakiyev em “Harmony lessons”, de Emir Baigazin, representante do Cazaquistão.
“Flores raras”, de Bruno Barreto, foi o segundo filme de ficção mais votado pelo público da mostra Panorama, a seção paralela mais importante da Berlinale, que acabou sendo vencida por “The broken circle breakdown”, de Felix van Groeningen. O voto da audiência para a categoria documentário ficou com “The act of killing”, de Joshua Oppenheimer. O júri do prêmio de melhor primeiro filme elegeu a produção australiana “The rocket”, de Kim Mordaunt.
Veja a lista com os principais vencedores:
Filme: “Child’s pose”, de Calin Peter Netzer
Grande prêmio do júri : “An episode on the life of an iron picker ”, de Danis Tanovic.
Prêmio Alfred Bauer (para filmes que abrem novas perspectivas): “Vic + Flo on vu un ours”, de Denis Cotê
Diretor: David Gordon Green, por “Prince Avalanche”
Atriz: Paulina García, por “Gloria”, de Sebastián Lelio
Ator: Nazif Mujic, de “An episode in the life of an iron picker”, de Danis Tanovic.
Roteiro: “Pardé”, de Jafar Panahi e Kambozia Partovi.
Contribução artística: “Harmony lessons”, pela câmera, Emir Baigazin. Camera de Aziz Zhambakiyev.