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Heloisa Périssé estreia série na TV exatos dois anos após a morte do pai: ‘É Jesuscidência’, diz

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Os últimos meses foram de experiências inéditas para Heloisa Périssé: a atriz caiu em um bueiro, praticou luta no gel, se molhou no Piscinão de Ramos e tomou um banho de lama. Tudo em nome da personagem, ou melhor, das personagens que interpreta na série “A segunda dama", que estreia nesta quinta depois de “A grande família”.

Na história, escrita por ela em parceria com Paula Amaral e Izabel Muniz, a atriz vive as gêmeas Analu e Marali. Mulheres em condições de vida totalmente opostas que, separadas ainda na infância, se encontram depois de anos. E decidem trocar de lugar. No elenco, Dan Stulbach, Elizângela Vergueiro, Helio de la Peña, José Loreto, Laura Cardoso, Zezeh Barbosa e João Pedro Zappa nos papéis principais.

— A história em si não é muito nova, mas ela gera uma identificação — valoriza Heloisa. — É um texto com humor leve e fácil, que passeia por todos os gêneros com tintas fortes.

Para protagonizar a série, em nove episódios, Heloisa abriu mão do papel que faria em “Joia rara” e mergulhou no processo de composição das irmãs, coisa que ela adora. Para marcar bem as diferenças entre uma e outra, a atriz deu “RG, CPF e signo para cada uma”:

— A Analu é Escorpião, e Marali nasceu na cúspide de Sagitário. Marali é sanguínea, solar, toda para fora, coração. E Analu é séria, soturna, sexual, objetiva, estudada. Foi ótimo fazê-la porque eu tenho sangue italiano e minha tendência é falar, me movimentar, gesticular...

Conhecida por seu timing para a comédia, visto em programas como “A escolinha do professor Raimundo" e “Sob nova direção”, Heloísa é do tipo bem-humorada, “com bons olhos para a vida". Engraçada, tem sempre várias histórias divertidas para contar. Mas também é tímida, sem aquela “angústia de aparecer”.

— Sou discreta. E nunca pensei “vou ser engraçada”. Isso é inerente à pessoa. Uma vez cheguei no aeroporto e falei: ‘Moço, me dá uma passagem que minha tia morreu’. Ele olhou para mim e caiu na gargalhada. Eu falei: ‘É sério’ (risos). Acho que o homem achou a minha expressão engraçada, sei lá.

O que tira a atriz do sério? O trânsito, que a deixa “pirada e enlouquecida”. E também as notícias que lê no jornal.

— Falando como cidadã, parece um momento de total descontrole. A sensação é que estamos jogados. Porque está complicado, as pessoas desacreditadas estão fazendo justiça com as próprias mãos, como se fossem bárbaros. Isso me faz pensar que tipo de mundo minhas filhas vão herdar (Luiza, 14, e Antonia, 7). Antes de ler o jornal, dou até uma benzida, uma orada.

Orar, aliás, é um hábito corriqueiro da atriz. É assim que ela “se conecta, agradece, pede a Deus”. Evangélica há 15 anos, Heloisa frequenta a Igreja Presbiteriana e gosta de ler a Bíblia diariamente, até no iPhone. Durante a entrevista, cita vários salmos que tem decorados.

— Tem um que diz ‘Se Deus não olha, em vão vigia a sentinela’. Então eu creio nisso, entendeu? Não sou inocente de achar que as coisas não acontecem por isso. É que quem tem Deus tem um conforto em relação aos problemas. Eu acredito que vou encontrar meu pai... vamos nos ver... (começa a chorar). O dia da estreia do seriado marca os dois anos de morte dele (Cesar Périssé morreu aos 86 anos, em decorrência de uma cirurgia). E não é coincidência. É “Jesuscidência”.

Quase uma “beatinha”, como ela mesma diz, Heloisa afirma que a religião nunca interferiu no trabalho ou vice-versa. Nem mesmo na relação com as filhas, não tão fervorosas quanto a mãe. Afinal, o importante é “aceitar as diferenças”.

— Respeito que qualquer pessoa tenha a religião que quiser, inclusive minhas filhas. Eu falo para Luiza: ‘Se você não acreditar em Deus, fica tranquila porque Ele crê em você’. Quando vou à igreja, agradeço por viver em um país livre, onde posso professar a religião que eu quiser. Eu acredito que Deus tem controle total. Ele sabe quantos fios de cabelo tem na sua cabeça e conhece as estrelas pelo nome — diz.

Mas mesmo crendo que Deus está no comando, Heloisa passa longe de ser acomodada. Além de ser “gulosa” na profissão, ela faz questão de estar presente no cotidiano das filhas, mesmo de longe. Agora, por exemplo, está viajando o Brasil com o monólogo “E foram quase felizes para sempre”, em que interpreta 15 personagens. Ao mesmo tempo, está organizando a festa de 15 anos da filha mais velha, da união com Lug de Paula. Antonia é filha de Heloisa com o diretor Mauro Farias, com quem está casada há 12 anos.

— Eu adoro organizar festas para as minhas filhas, mas odeio comemorações para mim. Nem digo quando é meu aniversário. Talvez seja um lado amargo. Até gosto do “Parabéns”, o que me irrita é a obrigatoriedade. E aquela loucura dos presentes. Costumo sempre pedir cestas básicas para doar — comenta.

Entre os preparativos para o evento — em agosto — e as apresentações da peça, Heloisa se prepara para começar a gravar “Boogie woogie", próxima trama das 18h que estreia em agosto. Na novela escrita por Rui Vilhena e com direção-geral de Ricardo Waddington, passada na década de 70, ela será uma mulher reprimida, casada com um militar.

— Sempre faço as novelas do Ricardo e da Amora (Mautner), e todas até agora foram um sucesso. Acho que dou sorte — diverte-se a atriz, que atuou em “Cama de gato” (2009), “Cordel encantado” (2011) e “Avenida Brasil" (2012).

Além de atuar, Heloisa pensa, ainda, em escrever uma sinopse. Os personagens e as tramas paralelas ela já tem. Falta apenas a espinha dorsal.

— Eu sou assim. Nem sei como é acalmar demais, provavelmente inventaria algo. Ainda estou em uma fase da vida onde tudo me solicita. Eu reclamo que organizo tudo, mas, na verdade, vou na frente, sabe? (risos) — reconhece a atriz, contando que o celular já virou “uma extensão da própria mão”.

Entre todas as atividades, ela não descuida da boa forma. Aos 47 anos, sem nunca ter feito plásticas, Heloísa mantém a disciplina: corre, faz musculação e se controla na alimentação. Também é cuidadosa com a pele (“eu ligo para a minha dermatologista só para conversar, ela cuida da pele e do espírito") e faz análise há seis anos.

— Sou amiga do tempo. Ele me rende boas coisas, sabe? Para mim, é notório que minha beleza hoje é mais interna. É como você vai indo para o seu eixo, energeticamente falando. Porque as coisas sabem exatamente o lugar onde elas têm que ir, entende? — filosofa a atriz que, há um tempo, passou a enxergar a vida de outro foco, pela ótica da morte. — A morte é um fato, então a gente tem que fazer disso aqui uma coisa edificante. Quero viver para honra e glória de Deus, que eu possa construir o melhor para quem está à minha volta.


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