Quantcast
Channel: OGlobo
Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716

Criação de ministério da cultura divide opiniões na Argentina

$
0
0

BUENOS AIRES — Criado nesta quarta-feira (7), o Ministério da Cultura argentino precisou apenas do anúncio de seu lançamento para causar polêmica. A comunidade artística do país comemorou a elevação do cargo de secretaria, enquanto outros questionaram a forma como ele foi criado – através de uma medida provisória de urgência – e a capacidade política da nova ministra, a cantora folk Teresa Parodi, que substituiu o antigo secretário, o diretor de cinema Jorge Coscia.

— A criação de um ministério me parece muito positiva. A cultura precisa de uma política própria e que seu representante tenha influência no gabinete presidencial. De todo modo, acredito que uma decisão assim deveria passar pelo Congresso. Por outro lado, não sei qual experiência para assumir o cargo tem a nova ministra — disse o escritor Luis Gregorich. — A popularidade que Parodi tem como cantora dará maior visibilidade ao setor mais ao final deste governo. É possível que este seja um dos motivos para sua escolha.

José Nun, secretário de cultura durante o governo de Néstor Kirchner, questionou a designação de Parodi para o cargo.

— Ela fez a carreira como cantora e não se conhece nenhuma contribuição significativa de sua parte no campo de políticas culturais — criticou, considerando também que o governo de Cristina Kirchner não apoia verdadeiramente o setor. — A cultura não interessa e nem possui um papel fundamental para este governo.

Já Mario “Pacho” O’Donnell, secretário de cultura durante o governo Menem e escolhido pelo governo de Cristina para assumir o Instituto de Revisionismo Histórico, comemorou as duas notícias e foi positivo quanto à trajetória de Parodi.

— Ela tem experiência administrativa tanto no centro cultural da antiga Escola de Mecânica da Armada (Esma, um dos maiores centros de tortura durante a ditadura do país) como na Sociedade Argentina de Autores e Compositores de Música (Sadaic). Além disso, pertence à cultura popular. Suas primeiras declarações foram muito felizes. Vai trabalhar pela diversidade cultural iberoamericana e intensificará a visão federalista da cultura — disse, minutos antes do ato oficial que comemorou a criação do ministério.

O escritor Abel Posse se mostrou bastante esperançoso.

— Nestes anos, a área tem sido tocada por uma politicagem de quinta, na qual o futebol e a mobilização massiva foram mais importantes que a cultura. Vivemos en uma “subculturação”, um atraso cultural gritante. A cultura é a maior tarefa pendente da Argentina. Torço para que, depois de ter sido tão relegada, ela adquira um papel de importância.

A saída de Jorge Coscia da pasta foi uma boa notícia para o governo de Buenos Aires, que se entusiasma com a ideia de que a chegada de Parodi possa significar uma maior abertura para o diálogo. Segundo o ministro municipal de cultura, Hernán Lombardi, a elevação de secretaria para ministério é também muito positiva.

— A figura do antigo secretário ideologizava tudo, não havia possibilidade de diálogo. Esperamos que isto mude agora. A primeira coisa que fizemos foi solicitar [a Parodi] uma reunião para pedir estratégias públicas. É óbvio que haverá diferenças no lado político, mas temos que trabalhar em conjunto — disse. — A cultura merece um ministério. Eu sou um dos que preferem muitos ministérios pequenos do que poucos grandes e que tornam elefantes brancos.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716


<script src="https://jsc.adskeeper.com/r/s/rssing.com.1596347.js" async> </script>