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Vanessa Gerbelli diz que, assim como Juliana de ‘Em família’, é mãe superprotetora

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RIO — Vanessa Gerbelli acha graça quando é abordada na rua e surgem perguntas sobre a razão de ter “sumido” por tanto tempo. Longe da Globo por uma década, ela explica que, nesse hiato, se dedicou a teatro, cinema e pintura, além de ter atuado em três novelas da Record, “Prova de amor” (2005), “Amor e intrigas” (2007) e “Vidas em jogo” (2011). Apesar de não ter ficado tanto tempo fora do ar assim, a atriz concorda com os fãs num aspecto: Juliana, a personagem obsessiva de “Em família”, que sonha em ser mãe a qualquer custo, trouxe uma repercussão que há muito a atriz não percebia:

— É como se eu tivesse voltado a trabalhar agora. A receptividade tem sido carinhosa. A exposição de uma novela da Globo é muito maior. Eu me surpreendi, achei que fossem rotulá-la como uma vilã por esse possível atentado contra a Gorete (Carol Macedo), mas as pessoas têm simpatia, porque ela é obstinada e tem um desejo muito nobre, que é dar amor, ser mãe — diz.

Vanessa define Juliana como uma neurótica. E o universo dos distúrbios mentais não é tão novo assim para atriz, que em 2012 faturou o prêmio da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro de melhor atriz pela atuação no musical “Quase normal”, em que viveu uma bipolar. Por causa do trabalho, Vanessa mergulhou numa profunda pesquisa e conta que, agora, aproveitou a experiência para compor as nuances de Juliana.

— Estudei com psiquiatras o contexto familiar, como uma família se desequilibra a partir de um membro doente. Aprendi que, por trás de toda loucura, tem sempre uma grande dor, uma fragilidade. E é por isso que Juliana desperta pena, compaixão das pessoas. Por mais que ela seja obstinada e tenha força, não consegue entrar em contato com a frustração de não poder ter filhos — acredita ela, que assistiu a filmes como “Freud além da alma”, de John Huston, “Obsessão”, de Kevin Bacon, e se inspira nas mulheres desequilibradas interpretadas pela atriz Gena Rowland.

As loucuras que Juliana fez para adotar Bia (Bruna Farias) incluem se casar com Jairo (Marcello Melo Jr.), o pai da menina, e roubar uma joia da casa de leilões da sobrinha Helena (Júlia Lemmertz). Antes disso, desesperada de saudade quando afastada da garota, ela tentou sequestrar uma criança na praia. Mas, nos próximos capítulos, a trama da personagem terá uma virada. Ela descobrirá que está grávida de Jairo, mas o autor Manoel Carlos ainda não decidiu se a personagem terá um aborto espontâneo como em gestações anteriores. Além disso, a dona de casa passará a conviver com o comportamento violento do novo marido.

— Ele é do tipo que gosta de bater em quem gosta de apanhar. A Gorete gostava, e eu acho que a Juliana pode vir a gostar também. Jairo é uma máquina de fazer sexo. Vai às últimas consequências para chegar ao prazer. É um desafio para Juliana. E ela gosta disso — afirma o autor de “Em família”, Manoel Carlos, que elogia a atriz: — O público tem pena porque a Vanessa empresta tanto amor e tanta emoção à Juliana, que não há como não se apiedar do seu sofrimento e desejar que ela seja feliz a qualquer preço. Até mesmo ao preço de um crime, sim, é possível que Juliana tenha matado Gorete. Sempre quis trazer a Vanessa de volta à TV Globo, mas só agora consegui. Considero uma das maiores atrizes do mundo — diz Maneco, criador também do outro personagem de maior destaque da carreira de Vanessa na TV: a Fernanda, de “Mulheres apaixonadas” (2003).

Enquanto Maneco não decide o destino de Juliana, Vanessa imagina dois possíveis caminhos para a personagem.

— O primeiro seria ela se submeter a um casamento que seria insuportável, não fosse a menina, por conta das agressões físicas. O outro é que as diferenças entre os dois se tornem um estímulo para o casal acontecer e tentar uma história. A gente não sabe qual é a do Jairo, isso é genial. Ele é dúbio, fica com aquela cara de assustado, mas pode virar um monstro.

Se na ficção Vanessa, de 40 anos, vive um período conturbado, a vida pessoal da atriz não poderia atravessar melhor momento. A diferença de idade entre ela e o namorado, Gabriel Falcão, é de 17 anos, mas Vanessa conta que o amor supera qualquer possibilidade de conflito. Reservada, dá indícios que a decisão de assumir o romance com o protagonista de “Malhação”, em fevereiro deste ano, não partiu dela.

— A gente já se expõe tanto como ator, mostra nosso corpo, damos a nossa opinião sobre os assuntos, que prefiro preservar a minha vida pessoal. Tenho estratégias para impedir essa invasão. Evito, por exemplo, ir a eventos onde estarão muitos fotógrafos, com muitas celebridades. Sou uma pessoa mais tímida, reservada, não vou à festa para aparecer e sim porque o conteúdo me interessa. Já trabalho muito, se for obrigada a manter um protocolo midiático, não vou viver — avalia.

Os comentários sobre a diferença de idade do casal não tiram o sono da atriz:

— A diferença de idade não é uma questão para mim, então, não posso me incomodar. Se me chateasse, não entraria nessa relação. Fiquei surpresa com o interesse das pessoas. Para o Gabriel, que está entrando no mundo da televisão, também é tudo novo.

Se Vanessa já está em foco por conta da vida pessoal e do papel de destaque na novela, ela ainda teve que se mostrar mais numa recente cena de nudez, em que sua personagem, finalmente, vai para cama com Jairo. O namorado não ficou com ciúme, conta a atriz, mas as gravações não foram simples, apesar de Vanessa enfatizar que “não deixa nenhum trabalho ser permeado pela vaidade”.

— Não tenho pretensão de ser modelo de corpo, deixo na mão da direção. Fizemos com bastante cuidado. A diretora Tereza Lampreia tirou todo mundo do estúdio. A gente estava protegendo as partes íntimas, e a cena foi editada de acordo com a classificação indicativa. Como foi minha “primeira vez”, achei necessário o uso de tapa-sexo. Mas, para falar a verdade, não vejo muita diferença entre estar nua ou usá-lo. Cria-se a ilusão que você está com uma calcinha, protegida de alguma forma — diz, sorrindo.

A intensa rotina de gravações vem mexendo com o fuso horário da atriz. Com pouca frente de capítulos, Vanessa explica que é comum gravar cenas noturnas durante o dia e vice-versa. O dia vem virando noite nas gravações de “Em família”, e o tempo para pagar uma conta ou resolver afazeres domésticos está escasso. Essa correria, somada a uma contratura nas costas, fez com que a ela abrisse mão das aulas de musculação e pilates. Mas para compensar, conta que leva uma alimentação saudável à base de saladas, evitando doces, frituras e massas.

O tempo também tem sido pouco para o filho Tito, de 7 anos, outra prioridade em sua vida. O menino é fruto do casamento, encerrado em 2008, com o diretor Vinícius Coimbra.

— Quando o Tito era bebê, eu era protetora, meio over, porque a gente fica fora da casinha. Nós mulheres, ficamos com os hormônios desequilibrados. Hoje em dia, permaneço com uma tendência a proteger, mas fico brigando com isso — assume.

Além da maternidade, outro prazer de Vanessa é pintar. Formada em Artes Plásticas, ela já teve seus quadros expostos em Berlim, Finlândia e Lisboa. Leonina com ascendente em leão, ela se define como paciente, mas confessa que também “roda a baiana”. É vaidosa, sem neuroses, mas tem medo de envelhecer. Gosta ainda de meditar e conta que prefere cuidar da alma do que do corpo.

— A crise da perda da juventude está ligada ao despertar da questão da morte. A morte é inevitável, envelhecer é inevitável. Até agora tem sido bom, mas à medida que surja um déficit de visão, audição, vou ficar braba. É aí que entra a ioga, uma preparação para o que vem para frente. Acho que temos que aprender a domar a mente. Nós nos deixamos perturbar por um monte de informações que nos tiram do eixo. Pretendo envelhecer meditando mais.


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