RIO - É preciso começar a se preparar para a despedida: “Mad men” está chegando ao fim, e Don Draper e companhia estão de malas prontas para dizer adeus ao milhões de fãs que deixarão órfãos a partir de 2015. Dividida em duas partes de sete episódios cada, a sétima e última temporada da série, já considerada uma das mais importantes da história da TV, estreia no Brasil nesta segunda, às 21h, na HBO, apenas um dia depois de o tão aguardado episódio ir ao ar nos Estados Unidos. Como finais de séries, ainda mais das aclamadas, são sempre esperados, antecipados, alardeados, sonhados e até mesmo polêmicos ou criticados, a coluna convidou alguns seguidores notórios das aventuras de Don Draper, Roger Sterling, Peggy Olson e de Joan Harris para contar como seria o final ideal para “Mad men”.
Ricardo Linhares, autor: "É um final improvável, mas eu curtiria. Seria interessante ver Don Draper (Jon Hamm) se envolver mais com política. Ele terminaria sendo candidato à presidência dos Estados Unidos, lançado como o novo John Kennedy. Jon Hamm tem pinta para isso, e o personagem é tão carismático e fogoso quanto o falecido ex-presidente. Ele usaria sua bagagem profissional e os macetes do mundo publicitário para fisgar os eleitores e poderia contracenar com políticos que existiram de fato. E, num final totalmente apoteótico, que inverteria o que houve na vida real, ele venceria as eleições presidenciais de 1968 no lugar de Richard Nixon. Como seria o mundo a partir dos anos 1970 com Don Draper à frente da Casa Branca?"
Patrícia Kogut, colunista do GLOBO: "Gostaria que Don Draper se pacificasse e se reconciliasse não apenas com a infância, mas com os elementos do início da carreira — Beth e os filhos, no subúrbio. Seria uma forma de fechar um arco dramático que pairou acima de todas as fases profissionais dele. Vimos Draper envelhecer, prosperar, namorar muito e passar por acontecimentos históricos importantes. Essa passagem de tempo esteve fortemente expressa no crescimento dos filhos dele — fora o fato de Sally ser uma das melhores personagens ali. Então, acho que eles representaram muito no andamento da série. Queria um final feliz para ele. Que ele não fosse derrotado. É um lutador e foi essa sua vontade de vencer o passado sombrio que carregou a série. Trata-se de um voto romântico, mas foi assim que Draper se conectou com o público: como um herói, meio cafajeste, mas herói".
Marina Person, apresentadora: "Torço pelo canalha mais charmoso do mundo. Espero que Don Draper encontre a paz com ele mesmo e consiga resolver seus conflitos: seus problemas éticos no trabalho, essa sede desenfreada pela mulherada e também seu passado obscuro. Eu espero que ele se torne um homem bem resolvido, mas, como a série é muito surpreendente, acho que tudo pode acontecer, tanto a redenção dos pecados de Draper quanto um fim mais duro. Admiro muito também como “Mad men” retrata as mulheres. Joan (Christina Hendricks) fez um sacrifício moral para subir na vida, e Peggy (Elisabeth Moss) precisou abdicar do filho pelo sucesso profissional. Espero que as duas se deem bem".
Ricardo Calazans, editor assistente do GLOBO: "Depois de conquistar contas espetaculares para a Sterling Cooper & Partners e passar quase todo o elenco feminino em revista — sem nunca deixar entornar o copo de uísque —, o que mais Don Draper tem a oferecer ao público? Que tal uma dose extra de honestidade? Agora que seu maior segredo foi revelado, o mago da propaganda poderia assumir que aquele negócio glamouroso da Madison Avenue não é mais para ele. O fim mais generoso para a série, então, seria vê-lo abrir espaço para Peggy, Joan e os filhotes dos anos 1960 brilharem na agência. Afinal, Draper é um gênio e sabe que o tempo muda, o mundo gira e é preciso olhar para o novo sempre. Já Pete Campbell e todos os misóginos e racistas da série merecem o ostracismo e a calvície. Quanto ao nosso herói, um grande final feliz seria vê-lo sozinho, numa Kombi psicodélica, a caminho da California. Será?"
Bruno Gagliasso, ator: "Don Draper parece ter se cansado de mentir. Estou muito ansioso para acompanhar toda a dor e emoção que um homem como ele terá de passar para encarar sua história e sua verdade de frente. “Mad Men” é também sobre o que estamos — e não estamos — dispostos a fazer para ter sucesso, para nos tornarmos uma marca de sucesso. Cada personagem tem sua história, e acho que, assim como me parece que acontecerá com Draper, cada personagem também terá sua história revelada".