RIO - Era uma brincadeira de 1° de abril o álbum que o grupo americano Flaming Lips prometeu ontem que seria seu próximo lançamento.“Flaming side of the moon” (que, de cara, não esconde sua relação com o “The dark side of the moon”, classico de 1973, dos ingleses do Pink Floyd) foi descrito, em comunicado, como uma trilha “cuidadosamente elaborada para sincronizar perfeitamente com o filme de 1939 ‘O Mágico de Oz’.” Estavam aí os primeiros indícios de piada, já que, assim, os FL reforçariam a lenda (sempre negada pelos envolvidos na gravação do disco do Floyd) de que “Dark side” havia sido feito como uma espécie de complemento sonoro para o famoso longa-metragem.
Mais adiante, a banda americana levou a traquinagem ainda mais adiante, assumindo que, na verdade, seu álbum tinha sido gravado mesmo é para ser ouvido em sincronia com “The dark side of the moon”, como uma espécie de complemento ainda mais psicodélico do disco — o que pode ser conferido no Soundcloud do grupo, onde “Flaming side”, que não será lançado oficialmente, pode ser ouvido na íntegra.
“Em condições ideais de escuta”, acrescentou o comunicado, “recomenda-se aos fãs procurar a mixagem original do ‘dark side’, quadrafônica, feita por Alan Parsons, mas o efeito se verificará com o álbum em qualquer formato”. Nessa parte, verifica-se uma sutil alusão irônica a um dos projetos mais descabelados do Flaming Lips, o álbum “Zaireeka”, de 1997, que consistia em quadro CDs feitos para ser ouvidos ao simultaneamente, em quatro aparelhos de som.
Mestres do imprevisível (recentemente, o vocalista Wayne Coyne juntou-se no palco a Miley Cyrus e com ela estaria gravando a “Lucy in the sky with diamonds”, dos Beatles), os Flaming Lips já haviam participado, em 2009, com outros grupos, de um disco de recriações das músicas de “The dark side of the moon”. o “Flaming side” só daria continuidade a sua tradição de iconoclastia. A brincadeira pegou até jornais respeitados, como o “The Guardian”, que depois de publicar artigo sobre o lançamento, teve que admitir que tinha caído num conto do vigário.