SÃO PAULO - Concentrada em projetos de arte, e não em artistas, a 31ª Bienal de São Paulo receberá 75 obras, com 25% de participação brasileira, entre 6 de setembro e 7 de dezembro. Na manhã de ontem, no Pavilhão da Bienal, foram anunciadas 30 delas — que, segundo o curador-chefe, o escocês Charles Esche, são norteadas pelas palavras-chaves imaginação, transformação, conflito e coletividade. Entre elas estão criações de Romy Pocztaruk, de Tunga — que trabalhará junto com a coreógrafa Lia Rodrigues — e do coletivo de arte, política e educação Contrafilé.
— Quando falamos de projeto, não falamos de artista. Porque eles estão trabalhando juntos e em até mais de uma obra. É mais um projeto do que um objeto — explica Esche.
Segundo os curadores, os trabalhos serão agrupados por diferentes “densidades”. Ao lado do videoartista chileno Juan Downey (1940-1993), que viajou pelas Américas nos anos 1980 produzindo vídeos com povos indígenas, estará a pesquisa feita na Transamazônica pela fotógrafa gaúcha Romy Pocztaruk, além de retratos da bósnia Danica Dakic e do paraense Armando Queiroz — este trata da invisibilidade e do desaparecimento violento dos povos indígenas no Brasil.
A ideia de “trans” — transgressão, transgênero, transexualidade, transformação e trânsito — também marcará a 31ª edição, como nos filmes de Virginia Medeiros, Nurit Sharet, Val del Omar e Yal Bartana.
— Este ano pretendemos ser mais transformadores. Queremos tocar as pessoas, não fazer mais uma arte passiva, distante — diz a curadora associada Luiza Proença.
A edição — para a qual já foram captados 85% dos R$ 24 milhões orçados — também vai lidar com as experiências coletivas dos recentes protestos no Brasil e e em outros países. Ana Lira e o turco Halil Altindere focaram suas câmeras para atos ocorridos em Pernambuco e Istambul, por exemplo, enquanto o basco Juan Pérez Agirregoikoa trabalha num filme sobre a confluência entre religião e capitalismo.