NOVA YORK — A Bienal do Whitney é a cereja de um bolo de eventos de arte que movimentam a semana em Nova York. É a primeira vez em que a mostra-símbolo do museu coincide com a mais tradicional feira de arte da cidade, a Armory Show, que por sua vez puxa outras oito feiras. E as galerias de Manhattan aproveitaram para agendar uma série de aberturas, entre elas uma individual da brasileira Mira Schendel na Hauser & Wirth.
A 16ª edição da Armory reúne desde ontem 205 galerias de 26 países em dois píeres à margem do Rio Hudson. Seis brasileiras participam: Silvia Cintra, Luciana Brito, Nara Roesler, Baró, Raquel Arnaud e Bergamin. Num momento em que as galerias estrangeiras flertam como nunca com artistas brasileiros — a Lehmann Maupin, por exemplo, acaba de assinar com Os Gêmeos e Sonia Gomes —, os expositores nacionais comemoram o volume de vendas já alcançado.
Do outro lado de Manhattan, a feira da Art Dealers Association of America (ADAA) reúne 72 galerias americanas em seu 26º ano, 38 com mostras individuais. As obras de linho e linha do paraense radicado em Londres Tonico Lemos Auad ocupam todo o espaço da nova-iorquina CRG — quase tudo foi vendido na abertura, anteontem.
Nas demais feiras — Independent Art Fair, Volta NY, Moving Image, Spring/Break Art Show, New City Art Fair, Scope New York e The (Un)Fair —, o movimento também tem sido grande. Tanto que a Independent anunciou uma segunda edição em novembro.
Nas galerias, entre os destaques está a primeira exposição de Sarah Lucas nos Estados Unidos em quase uma década, na Gladstone, e a Brucennial, exposição do coletivo Bruce High Quality Foundation, basicamente com artistas emergentes.
A primeira mostra de Mira Schendel na Hauser & Wirth — que passou a representar seu espólio em 2013 — abriu a maratona, na terça-feira. A galeria expõe obras dos anos 1960 aos 1980, incluindo a famosa instalação “Ondas paradas de probabilidade”, apresentada na Bienal de São Paulo de 1969, e “Sarrafo” (1987), de sua última série.
— Queria ir no caminho oposto da Tate — diz Olivier Renaud-Clément, organizador da mostra, referindo-se à exposição que a instituição londrina dedicou à artista em 2013. — Queria algo mais leve, lá foi muito denso, aqui não é uma exposição de museu. Também tentei fazer uma coisa representativa, que basicamente abre as portas para muitas práticas de Mira. Tudo é relacionado, mas tem muita coisa diferente, dá para ter uma boa noção do que ela fez em vida.