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Colecionador em Miami denuncia roubo de ao menos 95 obras de museu cubano

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RIO - A história começou a ser revelada quando Ramón Cernuda - um exilado cubano que vive nos EUA e coleciona arte de seu país - chamou as autoridades da ilha para confirmar se a pintura que lhe venderam, duas semanas antes, em uma galeria de Miami, havia sido roubada do Museu Nacional de Belas Artes de Havana. Em um primeiro momento, a vice-presidente do museu, Luz Merino, disse que não havia nenhuma notícia de roubo, mas após três horas, constatou que a suspeita era real. A obra que Cernuda comprou foi roubada não se sabe quando, junto a quase uma centena de peças que valem milhares de dólares.

"Carnaval infantil", do artista de vanguarda cubano Eduardo Abela, foi apenas a primeira peça do Museu Nacional de Belas Artes que Ramón Cernuda encontrou em uma galeria de Miami em fevereiro. Trata-se de um óleo sobre madeira de formato pequeno - 30X20 centímetros - dos anos 1950, considerada a melhor fase do pintor.

O colecionador é proprietário da galeria Cernuda Arte de Coral Gables desde o ano 2000. Ele pagou U$ 15 mil pela tela. "Detectamos que a obra era roubada durante o processo de catalogação, quando vimos que ela estava reproduzida em um livro sobre Abela, publicado em Sevilha, onde estava registrado claramente que pertencia à coleção do Museu Nacional. Em seguida, contactamos o museu", disse.

Em outras oportunidades, Cernuda colaborou com a unidade especial de crimes de arte e antiguidades do FBI. Há dois anos, foi graças a uma denúncia sua que os agentes federais detiveram em sua galeria um grupo de ladrões, que tentavam vender a ele uma dezena de obras do modernismo cubano roubadas.

Depois de informar Havana sobre sua descoberta (do quadro de Abela), Cernuda retornou à galeria onde encontrou a peça. "No dia seguinte, eu perguntei o que mais estava lá. Mostraram-me dez (do aclamado pintor cubano Leopoldo) Romañach, que tinham sido mutilados com uma faca." Ele ligou novamente para Havana. Essas obras também pertenciam ao museu.

Em 28 de fevereiro, o Conselho Nacional de Patrimônio Cultura de Cuba confirmou publicamente que "detectou ausências importantes" no depósito da instituição. Os oficiais cubanos confirmaram que várias obras estavam desaparecidas, chegando a uma estimativa de 95 obras. Eles confirmaram ainda que as telas foram cortadas de suas molduras originais, o que tornou mais difícil a percepção de que havia alguma coisa errada no depósito, à primeira vista.

O "Carnaval infantil", de Eduardo Abela, está agora nas mãos do FBI e será devolvida ao Museu Nacional de Belas Artes de Havana. Quando ao destino e à história do resto da coleção - como saíram do museu e de Cuba, se houve funcionários do museu envolvidos no processo e outras questões - pouco ou nada se sabe por enquanto.


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