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Betty Faria comenta reprise de ‘Água viva’ e, aos 72 anos, conta como encara a velhice

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RIO — Passados 34 anos da primeira exibição de “Água viva” (1980), reprisada atualmente no Viva, as lembranças de Betty Faria sobre a novela continuam fortes.

— Não havia paparazzo, mas fazíamos muito mais sucesso. “Água viva” tem bom elenco e dois diretores (Paulo Ubiratan e Roberto Talma) que perseguiam a verdade. Existia menos chororô e mais realidade. Sou noveleira e detesto mulher que chora e borra a maquiagem para dizer que é dramática — critica a atriz, que participa da série Depoimentos para a Posteridade, do Museu da Imagem e do Som (MIS) nesta quarta-feira, no Rio.

Aos 72 anos e com mais de 30 novelas no currículo, incluindo sucessos como “Tieta” (1990), Betty se diz bem resolvida com a idade. E não reluta em ir à praia de biquíni, mesmo após ter sido criticada ao ter sua foto com o traje publicada em um site de celebridades, no ano passado.

— Pude viver momentos de beleza, não tenho mais, mas não é por isso que não vou poder ir à praia de biquíni. Não sou ressentida, posei três vezes para a “Playboy” e tenho o direito de ficar velha. Se não gosta, não publica, não olha, deleta, vai a m... Fiquei com raiva porque me arrasaram. É como se quisessem que eu estivesse com o porte da Tieta — desabafa a atriz, que revela um arrependimento: ter recusado o papel de viúva Porcina em “Roque Santeiro” (1985). — Estava apaixonada por alguém de fora do Brasil. Era uma ponte aérea louca para Los Angeles. Uma pessoa que fez parte da minha história. Há três anos tentei visitá-lo, ele estava com câncer, foi embora antes de eu chegar.

Ao voltar a falar sobre “Água viva”, Betty se empolga. Na história, ela interpretava Lígia, mulher ambiciosa disputada pelos irmãos Miguel Fragonard (Raul Cortez) e Nélson (Reginaldo Faria). Enquanto muitos torceram o nariz para o comportamento da personagem no Brasil, ela se tornou um ícone em Portugal, segundo a atriz.

— Quando cheguei ao país, as mulheres ainda estavam tentando se libertar do regime conservador e autoritário do Salazar. Lígia virou ídolo porque tinha coragem, força. No começo, realmente ela era muito superficial, fútil, mas foi desenvolvendo um lado de coragem para criar os filhos, sendo honesta com os seus sentimentos — defende.

A trama escrita por Gilberto Braga com a colaboração de Manoel Carlos lançou modismos. Alavancou a prática do windsurfe no Brasil, tornou Reginaldo Faria símbolo sexual e chegou ao fim com uma média de 90 pontos no Ibope.

Betty lembra com saudade do amigo Raul Cortez, morto em 2006, vítima de um câncer:

— Era um ator extraordinário. Sempre que chegava a São Paulo, me buscava para jantar. Raul deu uma festa num sítio quando ele achou que estava definitivamente curado e tive a honra de ser convidada . Meses depois, a doença o levou.

“Água viva” chamou a atenção de Betty para o talento a ser lapidado de uma jovem promessa da época. Aos 17 anos, Gloria Pires vivia Sandra, a filha de Miguel com Lucy Fragonard (Tetê Medina).

— Já tinha trabalhado com ela, mas foi em “Água viva” que tive a certeza de quem era. Ao gravar uma cena de embate comigo e Raul (Cortez), ela se emocionou. Terminamos e o choro continuou. Por ser jovem, ainda não tinha controle sobre seus sentimentos. Glorinha (como Betty chama a colega) vai fundo na emoção. A comparo a grandes atrizes do cinema como Meryl Streep.

Ao falar de Tônia Carrero, a socialite Stela Simpson na novela, Betty afirma que sempre houve um preconceito com a atriz por causa da beleza:

— Ela não era tão reconhecida porque sempre foi muito bonita, de bom gosto, e curtia estar bem vestida. Havia um ranço que a mulher feia é que tem que ser boa atriz. Um ranço brasileiro invejoso. Tom Jobim já falava isso.


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