RIO - A um mês de sua abertura, a Bienal de Sydney está passando uma crise interna. Artistas que participariam da prestigiada mostra de arte contemporânea estão planejando um boicote ao evento, caso a organização mantenha o patrocínio da Transfield, empresa que presta serviços aos centros de detenção de imigrantes ilegais que tentam entrar na Austrália, entre as ilhas Manus e Nauru.
Uma carta assinada por 28 artistas — incluindo o britânico Martin Boyce, ganhador do prêmio Turner —, foi entregue à organização, pedindo que esta cortasse o financiamento da companhia. A Transfield ajudou a fundar e Bienal em 1973 e, desde então, continuou sendo uma de suas principais patrocinadoras.
“Apelamos para vocês nos ajudarem a mandar uma mensagem para a Transfield, para o governo australiano e para o público: não aceitaremos a detenção de asilados em potencial. Essa violação de direitos humanos é éticamente indefensável. Sendo uma rede de pessoas que trabalham com arte e organizações culturais, não queremos ser associados a essa prática”, dizia o texto.
Nesta sexta-feira, a organização da mostra declarou que não irá cortar os laços com a empresa, apesar das ameaças feitas pelos artistas. Segundo o comunicado divulgado pela organização, o evento não existiria sem o suporte financeiro da Transfield, cujo diretor-executivo é o mesmo diretor da mostra, Luca Belgiorno-Nettis.