ARMAÇÃO DOS BÚZIOS - Solteiro, prestes a lançar um livro de fotografias com tiragem limitada e comemorando 10 anos do projeto Emoções em Alto Mar, Roberto Carlos chegou com uma hora de atraso à coletiva de imprensa que concede todo início do ano, marcada para as 17h deste domingo, no navio ancorado em Búzios, e fazendo piada.
— Acho que estou melhor do TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Sentei numa cadeira roxa. A próxima deve ser marrom... — gargalhou.
Num papo descontraído com os jornalistas, o Rei revelou que está escrevendo uma autobiografia, falou de sua separação do grupo Procure Saber — “Não estamos tão distantes assim” —, e contou ainda que deve lançar este ano um álbum com canções inéditas. Em setembro, ele vai se juntar ao rol de estrelas do quilate de Frank Sinatra e Barbra Streisand, quando pisar pela primeira vez no palco do MGM Arena, em Las Vegas, que deve virar especial da TV Globo.
Leia abaixo a íntegra da entrevista coletiva:
— Em 2006, você havia comentado que estava com vontade de voltar a comer carne. Depois, em 2009, voltou a falar no assunto. Afinal, está ou não comendo carne?
— Voltei a comer carne, sim. Normalmente, mas foi depois de 2009...
— Sobre o livro "Collector's Book', que terá apenas 3.000 exemplares, qual foi o seu grau de envolvimento?
— Meu envolvimento é total. Trabalhei com toda a equipe. Eu estou muito entusiasmado. Eu demoro para fazer as coisas. Eu vou mexendo e opinando. Felizmente, tenho o respeito das pessoas que trabalham comigo. A primeira vez que vi a ideia do livro fiquei emocionado. Está muito bonito.
— É o primeiro livro que você autoriza?
— Na verdade, é um livro de fotografias, não é uma biografia. Mesmo assim, com toda essa gentileza, ele me perguntou sobre todas as fotos. Aprovado em conjunto. Não tem nada a ver com biografia. Cuidado que todo mundo deveria ter.
— Conta o que todo mundo quer saber: quanto custa o livro?
— São 3.000 exemplares. Há 500 disponíveis no navio pelo valor de R$ 4.000. Podem ser pagos em seis parcelas.
— Você está completando 10 anos do projeto Emoções. O que gosta de fazer quando está no navio?
— Gosto de tudo. Do show, de ir ao karaokê...entregar prêmio ao vencedor. Gosto de ir ao cassino, dessa coletiva, de estar com vocês...
— Hoje você está namorando?
— Não estou namorando, não. Tem acontecido muita coisa que não é assim como dizem por aí...
— A Laura Muller (sexóloga) dá uma palestra no navio do Emoções em Alto Mar... Se você participasse, que pergunta faria?
— Eu tenho um amigo... (risos). Faria uma pergunta, mas só para ela.
— Após a polêmica em torno das biografias (o cantor saiu do grupo Procure Saber), como fica o seu posicionamento em relação à questão?
— Acho que é preciso equilibrar o direito à privacidade e a liberdade de expressão. Que se encontre uma solução. Hoje em dia, eu já concordo com a biografia não autorizada. Muitas outras coisas precisam ser estudadas. Eu me considero dono da minha história. Um biógrafo, por melhor que seja, na realidade escreve o que eu vivi. Mas a história é minha, não é propriedade de quem escreve. A comercialização dessa minha história nas mídias... Isso é um direito meu de decidir. A história é minha.
— E tem um biógrafo ajudando...
— Tem uma pessoa que vai colocar numa linguagem apropriada, ainda não vou dizer quem é... Já escrevi coisas até os meus 25 anos. Faltam mais dois terços.
— Está os planos um disco de inéditas para este ano?
— Vou fazer um disco de inéditas. Sempre escolho o repertório a partir do que as canções me causam. Eu canto o que é a minha verdade.
— Você fez um álbum com músicas remixadas em 2013. Como foi esse trabalho?
— Na verdade, foi um trabalho dos DJs. Eles fizeram os arranjos, e são surpreendentes. Fiquei contente com esse trabalho. Deu uma roupagem nova e jovem a essas músicas que têm tanto tempo. Lançamos cinco, mas ainda vamos lançar outro disco com remixes de outros DJs.
— Já foi enredo de dois carnavais: em 1987, na Unidos do Cabuçu, e em 2011, pela Beija-flor. Como se sentiu em ambas as ocasiões?
— Foi um impacto muito grande. É muito especial ser tema de uma escola. Foi uma grande emoção da segunda vez também. Um dos grandes momentos da minha vida. Estar ali na Avenida com um samba enredo falando da gente. Não tenho palavras. É fantástico.
— O que achou do beijo gay da novela "Amor à vida"?
— Foi feito com muita elegância. Não me chocou. Vejo as coisas com naturalidade. Duas pessoas que se amam se beijam na boca. Os gays têm direito. Não causou problema a ninguém. Todo ser humano tem direito a ser feliz.
— Está acontecendo um movimento de musicais sobre artistas. Já tivemos Cazuza, Tim Maia e Elis Regina. Já te convidaram para algum projeto?
— Já me convidaram. Tenho ouvido falar sobre isso. Tenho pensado nisso com muito cuidado. Pode ser que eu tope, mas não sei quando vai acontecer. Eu estou escrevendo a minha biografia. Ninguém vai contar a minha história melhor do que eu. Muita gente pensa que eu vou esconder coisas por um motivo ou outro, mas, na minha, eu vou contar tudo. O que eu vivi, sofri, alegrias... Ninguém vai falar melhor do que eu. Já vai sair daqui a pouco. Isso pode virar em seguida filme, ou seriado, e até peça de teatro.
— Complete a história da biografia... Por que saiu do Procure Saber?
— Não houve nada grave com o Procure Saber... Agora meu propósito é defender a biografia não autorizada... Resolvi fazer a minha parte nesta história separadamente. Estou de acordo com coisas do grupo. Tenho respeito pelas pessoas. Uma boa relação. Nos consultado. Não estamos tão afastados assim.
— Por que proibiu a biografia escrita pelo Paulo César Araújo?
— Aquilo é uma outra história. Tem muita coisa com que eu não concordo. Ali rola uma invasão de privacidade... Deveria ter sido consultado. Por isso tomei aquela atitude de protestar judicialmente.
— Hoje existem muitas redes sociais. Como é sua relação com a tecnologia?
— Eu olho, tenho meu site, Facebook... Eu vejo o que está acontecendo. Gosto de ler o que estão dizendo. Mas não sou de ficar duas ou três horas na internet. Faço as minhas consultas. Não tenho tempo para ficar interagindo. Respeito quem fica... é divertido.
— Sobre a viagem para Las Vegas, você tem alguma relação com o lugar? O show vai ser o próximo especial de fim de ano?
— Já fui umas duas vezes as Las Vegas, vi shows maravilhosos. Gosto de ir ao cassino. A TV Globo também está avaliando o show como especial. Eles vão decidir nas próximas semanas.
— Preparado para cantar 'Quero que vá tudo pro inferno'?
— Muita gente tem me incentivado. A canção foi importante. Lutando contra o TOC, de repente, esse ano, pode ser. Estou pensando, sim. Quero que vá...
— O que faz com presentes que ganha?
— Guardo tudo que eu ganho. Em casa, no estúdio, em SP, eu tô pensando até em um lugar para colocar tudo. Estão guardados... Tem uns que vejo todos os dias. Guardados com amor e carinho.
— Silvio Santos declarou que lava louça ao falar sobre sua intimidade. Como é você na intimidade?
— Não tenho lavado louça, não. Mas, se pintar, eu lavo. Não tenho problemas em fazer coisas comuns. Sei lavar roupa, sei passar... No início da minha carreira, eu mesmo fazia isso. Tinha um ferrinho portátil.
(*) O repórter viajou a convite do Projeto Emoções