RIO - Logo após a publicação da carta de Woody Allen refutando as acusações de que teria abusado sexualmente de sua filha adotiva com Mia Farrow, Dylan Farrow voltou a falar sobre o assunto. A jovem, hoje com 28 anos, critica a defesa do cineasta, de que Dylan foi influenciada pela mãe, vingativa após a separação e o subsequente casamento de Allen com sua outra filha adotiva, Soon-Yi Previn.
"Mais uma vez, Woody Allen ataca a mim e a minha família, em um esforço para me desacreditar e silenciar - mas nada do que ele diga ou escreva pode mudar a verdade. Por 20 anos, eu nunca vacilei em descrever o que ele fez comigo. Vou carregar as memórias de sobreviver a essas experiências pelo resto da minha vida", disse Dylan, em texto publicado pelo "Hollywood Reporter".
VEJA O TEXTO DE DYLAN FARROW
"Mais uma vez, Woody Allen ataca a mim e a minha família, em um esforço para me desacreditar e silenciar - mas nada do que ele diga ou escreva pode mudar a verdade. Por 20 anos, eu nunca vacilei em descrever o que ele fez comigo. Vou carregar as memórias de sobreviver a essas experiências pelo resto da minha vida
Sua carta é a mais recente repetição do mesmo juridiquês, distorções e mentiras deslavadas que ele direcionou a mim nos últimos 20 anos. Ele insiste que minha mãe apresentou acusações criminais - na verdade, foi uma pediatra que relatou o incidente à polícia com base em meu relato de primeira mão.
Ele sugere que ninguém reclamou de sua má conduta antes de seu ataque em mim - documentos do tribunal mostram que ele estava em tratamento para o que seu próprio terapeuta descreveu como um comportamento "impróprio" comigo já a partir de 1991.
Ele oferece uma reivindicação cuidadosamente redigida de que passou por um detector de mentiras - de fato, ele se recusou a fazer o teste administrado pelas polícias estaduais (ele contratou alguém para administrar seu próprio teste, que as autoridades se recusaram a aceitar como prova).
Estas e outras deturpações foram refutadas em mais detalhes por jornalistas independentes altamente respeitados, incluindo este artigo mais recente aqui.
Com todas as tentativas de deturpar os fatos, é importante lembrar da verdade contida nos documentos do tribunal da única decisão final no caso, pelo Supremo Tribunal de Nova York, em 1992. Ao negar ao meu pai todos os acessos a mim, esta corte:
- Desmascarou os "especialistas" que meu pai reivindica tê-lo exonerado, chamando-os de "coloridos por sua lealdade para com o Sr. Allen", criticando o autor do seu relatório (que nunca me conheceu) por destruir toda a documentação de apoio, e chamando suas conclusões "higienizadas, e, portanto, menos críveis".
- Inclui depoimentos de babás que testemunharam o comportamento sexual impróprio por meu pai comigo.
- Verificou-se que "não há provas críveis para apoiar a afirmação do Sr. Allen de que Mia Farrow treinou Dylan ou que Mia Farrow pôs em prática um desejo de vingança contra ele por seduzir Soon- Yi. O recurso de Allen à estereotipada defesa da "mulher desprezada" é uma tentativa imprudente para desviar a atenção de seu fracasso em agir como um pai responsável e adulto.
- Concluiu que as evidências "provam que o comportamento do Sr. Allen com Dylan foi grosseiramente inadequado e que devem ser tomadas medidas para protegê-la."- Finalmente, o promotor do Estado de Connecticut encontrou "causa provável" para julgar, mas tomou a decisão de não fazê-lo em um esforço para proteger "a criança vítima", dado o meu estado frágil.
Do fundo do meu coração, serei eternamente grata pelas copiosas manifestações de apoio que tenho recebido de sobreviventes e inúmeros outros. Se falar da minha experiência puder ajudar os outros enfrentar seus algozes, vai valer a pena a dor e o sofrimento que meu pai continua a me infligir. Woody Allen tem um arsenal de advogados e publicitários, mas a única coisa que ele não tem do seu lado é a verdade. Espero que este seja o fim de seus ataques cruéis e da campanha de mídia por seus advogados e publicitários, como ele prometeu. Eu não vou deixar a verdade ser enterrada e não vou ser silenciada".