RIO - Walcyr Carrasco jura que não é vingativo. O autor se viu no centro de uma polêmica durante “Amor à vida” quando a atriz Marina Ruy Barbosa desistiu de raspar o cabelo para representar a fase de recuperação de sua personagem, Nicole, que sofria de uma doença terminal. Sem alternativas, Walcyr matou a personagem: a atriz seguiu aparecendo em cena como um fantasma durante um período.
— Neste caso, não tinha o que fazer. Ela foi uma atriz que subverteu a trama. A personagem da Marina morreu porque não tive alternativa. Ela tinha uma doença fatal. Para se curar, teria que mostrar as consequências físicas do tratamento. Já tinha dito que ela estava perdendo cabelo em cena — explica o autor, dizendo não descartar uma nova parceria profissional com Marina: — Não devemos dizer nunca. As pessoas mudam, se transformam.
Com atores que já apoiaram seus personagens em cacos (improvisos) nas suas novelas, conta Walcyr, ele jamais voltou a trabalhar.
— Eu deixo de me interessar pelo personagem quando um ator não fala o texto que escrevo. Houve um caso em que parei de escrever para o ator, que virou quase um figurante.
Em “Amor à vida”, a única atriz que tinha autorização do autor para improvisar era Tatá Werneck, a periguete Valdirene da trama.
— Ela veio da comédia e fez cenas com muitas pessoas que não eram atores, como o Neymar, no começo da novela. Tatá estava autorizada a sair do texto quando fosse preciso — justifica ele.
Mas a prática é condenada por Walcyr:
— Eu odeio (diz, com ênfase nesta palavra) ator que usa caco. É uma prova de que ele não é bom, que não consegue botar intenção naquilo que está escrito e precisa usar muletas, falar do seu jeito. Se um ator diz o texto sempre do jeito dele, faz tudo sempre igual.