RIO - Em tempos de memes e beijinho no ombro, o compositor Silva lançou, nesta terça-feira, um clipe minimalista e delicado para a canção “Imergir”.
As imagens, que têm o mesmo tom etéreo da música do capixaba, ficaram à cargo do diretor carioca Julio Secchin, também responsável por outros clipes dessa cena mais alternativa da música brasileira, como “Sniper queen”, do produtor Leo Justi; “Taste of your lips”, do cantor Apollo; e “Night lights”, faixa produzida pelo próprio cineasta com participação da cantora Maria Luiza Jobim.
A vontade de colocar na rede um vídeo mais contemplativo do que apelativo era compartilhada pelos dois artistas.
- Foi um sentimento mútuo nosso, de que, em meio a tanto barulho, a calmaria chama mais atenção. Dá chance para uma reflexão, em vez de passar batido e não dizer nada - comenta o diretor Julio Secchin.
As cenas de “Imergir” mostram uma árvore plantada dentro de um bote, que navega mar adentro, enquanto, em terra firme, objetos flutuam como se não houvesse gravidade.
- Tudo é, na verdade, um balanço poético entre o que se perde e o que se leva no término de um relacionamento. Imergir na dor ou dar leveza às lembranças e recordações - explica o diretor, que filmou os takes em dezembro do ano passado em Cabo Frio e Arraial do Cabo.
A maior parte do tempo de produção do vídeo foi gasta, porém, com os efeitos especiais. As cenas em que objetos flutuam foram as mais complexas tecnicamente, já que é necessário filmar o fundo (a floresta) e os objetos separadamente, no chroma key, para só depois, no processo de edição, casar as duas imagens e apagar digitalmente os cabos que seguram as peças.
Os takes que mostram um barco navegando no mar, com uma árvore plantada dentro dele, se assemelham às obras “Homenagem à JMW Turner” (2002) e “Herança” (2007), do artista plástico Thiago Rocha Pitta. Ao ser perguntado sobre o trabalho do artista mineiro, o cineasta confirma a alusão:
- O trabalho do Thiago não foi só uma inspiração, achei legal fazer uma homenagem à obra dele. Sempre fui fã - comenta Secchin. - As referências não param por aí, essa é só mais uma delas. De certa forma, o [filme] “Gravidade” também foi uma influência importante, além dos últimos trabalhos do [diretor] Terrence Malick e coisas mais antigas do Gus Van Sant.