NOVA YORK - Não teria sido coerente com sua história se a última apresentação de “Spider-man: Turn off the dark”, ocorrida na Broadway, na noite do último sábado, acabasse livre de problemas.
O musical que custou US$ 75 milhões — sendo o mais caro da História e também um dos mais problemáticos — encerrou sua temporada de três anos e dois meses surpreendendo o público. O super-herói voou sobre a plateia, numa das acrobacias aéreas mais elaboradas já vistas no local, mas, quando o Duende Verde entrou na máquina que faria sua metamorfose, não conseguiu fechar a porta. Foi preciso que um técnico deixasse os bastidores e entrasse no palco para corrigir a falha.
As 1.900 pessoas que assistiam ao espetáculo — que ficou mundialmente conhecido por seus problemas técnicos e pelos atores que se machucaram em ação — aplaudiram a atuação do produtor. O fato de ele ter fechado a máquina da metamorfose garantiu, no mínimo, a segurança de Robert Cuccioli, ator que fazia o papel de vilão em cena. No dia 28 de novembro de 2010, quando o musical estreou na Broadway, o elenco de “Spider-man” precisou parar cinco vezes durante o show por conta de ajustes técnicos. A performance foi alvo de críticas em diversas partes do planeta.
Mas, no sábado, depois que as cortinas se fecharam, Robert Cuccioli agradeceu “às dedicadas e talentosas pessoas que trabalharam nos bastidores” do musical e, em seguida, chamou ao palco os produtores Michael Cohl e Jeremiah Harris, além do atual diretor, Philip William McKinley.
Enquanto a plateia arremessava flores vermelhas e brancas na direção do palco, dois atores que já haviam deixado o elenco, Reeve Carney (que foi Peter Parker por dois anos e meio) e Patrick Page (que ganhou boas críticas como o Duende Verde) se juntaram ao grupo e também ganharam buquês de rosas.
Nenhum menção foi feita aos famosos compositores da trilha, Bono e The Edge, do U2. Também não foi lembrada a primeira diretora do musical, Julie Taymor, que foi demitida no meio da temporada por conta dos atritos que teve com produtores e estrategistas que buscavam melhorar a performance e a popularidade do musical.
Só Glen Berger, o quarto criador do show, que escreveu o roteiro com Julie, apareceu no sábado. Berger anda muito ocupado promovendo um livro de memórias que conta o making of do musical.
Prejuízo de US$ 60 milhões
“Spider-man” teve 1.268 apresentações, numa temporada considerada saudável para os padrões da Broadway, mas que não chegou nem perto de pagar os US$ 75 milhões investidos em sua produção. Na região, a média dos shows custa entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões. Espera-se, portanto, que os produtores de “Spider-man” amarguem um prejuízo de cerca de US$ 60 milhões. Mas ainda há uma luz no horizonte. Estão abertas negociações entre os produtores e Steve Wynn, dono de cassinos em Las Vegas. A ideia é levar o musical para lá com ainda mais efeitos especiais.