RIO - O que Murilo Benício e Ulysses S. Grant (1822-1885), o décimo-oitavo presidente americano têm em comum? A barba, com a qual o ator aparece em “Amores roubados”, minissérie que estreia nesta segunda, às 22h15. Para compor o altivo empresário Jaime Favais, dono da vinícola Vieira Braga, o ator conta que buscou inspiração na nota de 50 dólares americana, com a imagem do político estampada.
— Estava em Nova York, vi a nota, e achei que seria bom para o Jaime. Propus à direção e eles aprovaram a ideia — relembra.
Todavia, Murilo revela que não imaginava o trabalho que teria pela frente. Além do calor dos sertões pernambucano e baiano, onde várias cenas foram gravadas, ele descobriu que barba exige cuidados.
— É que nem cuidar do cabelo. Eu tinha que lavar, passar xampú, secar, escovar. Coisas que eu não sabia que eram necessárias — observa o ator.
Apesar do trabalho, Murilo diz que o visual bardudo foi fundamental para a composição de Jaime, marido de Isabel (Patricia Pillar) que desconfia estar vítima de traição da mulher com o garanhão Leandro (Cauã Reymond).
— É fundamental para mim esse processo de composição. Eu fecho ideias de personagens e acredito muito nelas. O Jaime não precisava ter barba, não precisava ser assim. Outro ator poderia fazê-lo de forma completamente diferente. O meu processo tinha isso. Foi por esse caminho — explica ele que aparece imberbe no último capítulo da série. — É uma cena de flashback.
Empolgadíssimo com a minissérie, Murilo conta que 'Amores roubados' o fez relembrar por que decidiu seguir a profissão de ator aos 11 anos. E contou que a presença de atores ainda não tão familiarizados com o processo televisivo, como Jesuíta Barbosa, Atonio Fábio e César Ferrario, trouxe frescor ao set.
— Os atores são disponíveis. Querem fazer, estão dispostos a se arriscar, a se redescobrir. Mas tem muita gente que atrapalha no caminho. Há muitos atores que não foram descobertos porque tinha gente atrapalhando — lamenta ele, criticando quem entra na vida artística apenas pela fama.
— Hoje em dia, há muitos dias, estamos vivendo um momento aterrorizador porque há pessoas do ramo e pessoas de ramos. Pessoas que são e que não são da profissão. Com o estouro da mídia e de não sei o quê, os atores estão cada vez sendo menos atores. Qualquer pessoa que saia do 'Big Brother' ou de qualquer escândalo é possível candidado a ator, o que é o maior absurdo. E aí, por mais que você coloque essa pessoa ali, a gente entende que não é ator ou atriz.