RIO - O ano ainda não acabou (oficialmente), mas os analistas de mercado estimam que os cinemas do país terão vendido cerca de 152 milhões de ingressos, contra os 146 milhões de 2012. As continuações de aventuras protagonizadas por super-heróis reinaram absolutas no ranking dos filmes mais vistos no circuito brasileiro este ano, com destaque para “Homem de Ferro 3”, com 7,6 milhões de espectadores, “Meu malvado favorito 2”, com 6,9 milhões, e “Thor 2 — O Mundo Sombrio”, com 4,79 milhões, que encabeçam a lista, reproduzindo um pouco a performance do gênero no mercado internacional.
Na tabela dos dez maiores sucessos de público no país, segundo levantamento do Filme B, o portal que contabiliza dados do mercado cinematográfico, dois são produções brasileiras: “Minha mãe é uma peça”, de André Pellenz, com 4,6 milhões de ingressos vendidos, e “De pernas pro ar 2", de Roberto Santucci, com 4,2 milhões. Os dois títulos reafirmam a comédia como o mais bem-sucedido filão do cinema nacional, que vai ajudar a empurrar a sua taxa de ocupação nas salas dos 10,62%, em 2012, para os 18,3% este ano, segundo projeções da Ancine (Agência Nacional do Cinema).
Sem motivos para festejar
Segundo os dados da agência, dos mais de 120 longas nacionais lançados em 2013, 11 venderam mais de 500 mil ingressos e 12 venderam entre 100 mil e 500 mil ingressos. O terceiro e o quarto lugares do ranking brasileiro são ocupados por “Meu passado me condena”, de Julia Rezende, com 2,9 milhões de ingressos, e “Vai que dá certo”, de Maurício Farias, com 2,7 milhões. O órgão comemora a perspectiva de que o filme nacional feche o ano com 25,3 milhões de espectadores, 2 milhões a mais do que o recorde de 2010.
Fora do circuito dos filmes brasileiros que quebraram a barreira do milhão de espectadores, vale lembrar o fenômeno regional encarnado por “Cine Holliúdy”, de Halder Gomes, modesta produção cearense conferida por mais de 450 mil pessoas, sendo que 300 mil só no Ceará, sua terra natal.
Mas há produtores e diretores brasileiros que não veem grandes motivos para comemorações. Dizem, até, que o cinema brasileiro dá sinais de estagnação. Lembram que o percentual de 18,3% que se desenha para a fatia do filme nacional no país em 2013 ainda é inferior à marca histórica atingida em 2003, que chegou aos 21,4%, ano em que foram lançados apenas 30 títulos brasileiros no circuito. No mesmo intervalo de tempo, o parque exibidor cresceu de 1.817 salas para as atuais 2.730.
Os mais céticos criticam, inclusive, dependência da atividade à tutela estatal, que cria dispositivos de fomento que não garantem a autonomia de produtoras e distribuidoras. O que se vê, segundo estes, é a consolidação de um modelo de financiamento de filmes que só fortalece a Ancine.
O mico do ano: astros dão prejuízo em Hollywood
Apesar do clima de festa dentro da indústria do cinema americano, que espera fechar o ano com US$ 10, 3 bilhões de arrecadação — apenas US$ 2 milhões maior do que a renda do ano passado —, 2013 vai fazer Hollywood repensar o modelo de investimento em surperproduções com grandes astros.
Pelo menos cinco filmes com orçamento acima dos US$ 100 milhões, estrelados por nomes quentes no mercado americano, naufragaram na bilheteria doméstica.
“Jack, o caçador de gigantes” (Warner), de Bryan Singer, com Ewan McGregor, por exemplo, custou cerca de US$ 185 milhões e faturou apenas US$ 65 milhões dentro de casa; “Depois da Terra” (Sony), de M. Night Shymalan, com Will Smith, custou US$ 130 milhões e fez US$ 60 milhões; “O cavaleiro solitário” (Disney), de Gore Verbinski, com Johnny Depp, precisou de astronômicos US$ 215 milhões, mas fez míseros US$ 89 milhões.
Pela cartilha de Hollywood, um filme só começa a dar lucro depois que arrecada o dobro do orçamento.