RIO - Este foi um ano “bombástico” para os paraenses da Gang do Eletro. O grupo de tecnobrega lançou seu primeiro CD, dois videoclipes (das músicas “Velocidade do eletro” e “Só no charminho”), dividiu com Caetano Veloso o troféu de Melhor Show no Prêmio Multishow e ainda emplacou faixas em duas novelas. Em “Além do Horizonte”, da TV Globo, pode-se ouvir a canção “Dançando no salão” e em “Chiquititas”, do SBT, “Piripaque”. Para completar, a banda acabou de voltar de uma turnê pela Europa, onde tocou nos festivais Global Copenhagen, na Dinamarca, e Rencontres Trans Musicales, de Rennes, na França. Depois de conquistar o Brasil, é a vez da Gang tentar abocanhar o mundo.
- Todo mundo participou e dançou, até na Dinamarca, onde tinham poucos brasileiros na plateia. Não tem jeito: o ritmo é muito contagiante. Não tem como ficar parado - sentencia a cantora Keila Gentil, única mulher do quarteto, que, este ano, também fez shows nos Estados Unidos e na Alemanha. - Para o ritmo que a gente toca, que é bem diferente e tem influência do eletrônico, o mercado internacional tem aberto muitas portas, e nós queremos aproveitá-las. Estamos com objetivos grandes em 2014. Queremos fazer esse mercado do tecnobrega girar no Brasil e lá fora.
Keila coloca fé no futuro do tecnobrega e do eletromelody (a mistura de tecnobrega com o eletro house que o grupo inventou), que tiveram um boom de dois anos para cá. Ela acredita que os ritmos paraenses vieram para ficar, mesmo depois que a poeira baixar e eles não forem mais uma novidade.
- Assim como outros gêneros que vieram da periferia, o tecnobrega sofre muito preconceito. O samba e o funk, por exemplo, passaram por essa dificuldade, mas acabaram sendo reconhecidos como parte da cultura brasileira. Acho que o mesmo vai acontecer com o tecnobrega. Ele vai se tornar um movimento, como o axé e o funk - prevê a vocalista, falando, pelo telefone, de Ananindeua, a poucos quilômetros de Belém. - Se ele se sustentou durante tanto tempo dentro do Pará, agora que alcançou outros lugares, vai estourar.
Não satisfeita em colocar os gringos além-mar para dançar e em lotar shows nas cinco regiões do Brasil, a Gang do Eletro ainda emplacou seus sucessos em duas novelas nacionais. Mesmo fazendo parte da geração mais conectada à internet, Keila confessa que ouvir sua voz na TV foi emocionante.
- Quando me disseram que as músicas entrariam nas novelas, a ficha não caiu na hora. Mas, quando realmente ouvi a faixa na novela, bateu uma sensação de vitória inacreditável. Pensei: “Pronto, mais uma barreira quebrada” - lembra a cantora, que já vê resultado da exposição de seu grupo na televisão. - Temos recebido muitas mensagens de fãs do interior de São Paulo e de outros estados dizendo que conheceram nosso som através da novela.
Em 2014, a turma do eletromelody não pretende diminuir o ritmo. Já no ano que vem o quarteto parenese lançará seu segundo álbum e também passará uma temporada em São Paulo, onde fazem grande parte de seus shows.
- Nosso proceso criativo acontece o tempo todo. Não paramos de fazer música. O Waldo [Squash, DJ e líder da banda] tem coletado ritmos novos nas nossas andanças por aí e está absorvendo essas influências, mas sem nunca perder nossa essência, que é o tecnobrega - diz Keila.