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Vanessa Giácomo confessa não se sentir muito à vontade nas cenas mais sensuais de ‘Amor à vida’

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RIO — A entrevista com Vanessa Giácomo já está quase no fim quando a atriz, no ar como a vingativa Aline, de “Amor à vida” — sua personagem de maior repercussão em nove anos de carreira na TV —, revela a importância deste papel para ela.

— Se eu não estivesse trabalhando agora, seria pior. Faço a Aline para a minha mãe também. Tem tantos momentos desta novela em que eu queria ligar e dizer: “Mãe, está dando certo" — diz, com a voz embargada, antes de chorar.

Vanessa perdeu a mãe, Ivonete, vítima de um câncer, há 10 meses. Mas já vivenciava o drama da doença no ano passado, na época em que fazia “Gabriela”. Exibida no horário das 23h e também escrita por Walcyr Carrasco, a novela foi considerada pela atriz como uma superação.

— Achei que não ia conseguir passar por isso. Mas alguma coisa te dá força e você vai em frente. Foi uma forma de não me entregar a essa tristeza.

No momento, o trabalho toma quase todo o tempo da atriz. Depois de um começo morno, a periguete interpretada por ela vem dominando a trama das 21h. As cenas importantes da vilã, que se apodera de todo o dinheiro do marido César (Antonio Fagundes) depois de deixá-lo cego, vêm exigindo uma concentração maior da atriz, que passou a ser odiada pelos telespectadores.

— Desde o início, sempre achei que a vingança dela ia se tornar quase uma psicopatia, uma obsessão. Uma pessoa que chega ao ponto de se deitar com um homem que odeia e ter um filho dele, não pensa só em se vingar, vai além. Ela tem uma frieza, uma coisa mais forte que nem a tia consegue controlar. Até agora ninguém deu na minha cara, mas estou começando a ficar com medo.

As maldades da novela mexem com o emocional da atriz. Ela confessa que, embora não goste de levar o personagem para casa, às vezes, é inevitável. Vanessa costuma sair exausta das gravações.

— Aí falo: “Ai, meu Deus, preciso tomar um banho de sal grosso”.

Para a atriz, Aline revela seu pior lado quando maltrata seu filho na trama. Mãe de Raul, de 5 anos, e Moisés, de 3, frutos de seu relacionamento com o ator Daniel de Oliveira, Vanessa confessa que precisa desfocar o olhar para conseguir falar o texto diante do bebê:

— A personagem é muito fria. Dói fazer as cenas com a criança, ter que falar com o bebê, que eu amo tanto fora de cena, daquele jeito. Ele fica olhando para a minha cara. É o mais bonzinho do planeta e eu tenho que falar: “Para de chorar!”. E ele não chora nunca (risos), nem quando sai do colo da mãe.

Vanessa tampouco se sente confortável quando precisa gravar as cenas mais quentes da personagem. Aline tem uma sensualidade aflorada e agora vem protagonizando sequências de sexo com Ninho (Juliano Cazarré). Sempre com decote e minissaia na novela, a atriz não se considera sensual fora do estúdio. E entrega:

— Qualquer cena que envolve contato físico é mais complicada. Principalmente quando você tem intimidade zero com a pessoa. Com o Cazarré estou começando a contracenar agora. Mas a direção ajuda muito. Sou uma atriz intuitiva, vejo na hora da gravação como vai ser a cena, a locação, como eles vão posicionar a câmera, isso tudo ajuda para dar um clima...

A sensualidade da personagem, diz, surge naturalmente.

— O texto já é muito explícito. Mas nestes momentos, não acho que o mais importante seja a sensualidade, por mais que ela tenha cenas de sexo. Aline não precisa mais seduzir ninguém. O foco dela agora é trazer o Ninho para a vingança — explica a atriz.

Para Antonio Fagundes, que divide com ela a maioria das cenas, Vanessa é só elogios. Assim como fez com Tony Ramos, com quem contracenou em “Cabocla” (2004), a atriz procura transformar a experiência em aprendizado. Ela reforça a fama de que o veterano não erra jamais o texto e é sempre pontual com os horários.

— É uma parceria. E isso você vai afinando. Fagundes é aberto, embora às vezes você possa olhar a figura dele e ter uma impressão contrária. Ele é um grande ator, profissional, sério. Se tiver que ficar até de madrugada, vai ficar. E tem uma coisa com o texto, não erra.

Apesar de estar no ar numa novela do horário nobre, Vanessa garante que foge das capas de revista e que prefere ficar longe dos holofotes em seus momentos de folga. Nascida em Volta Redonda, no estado do Rio, ela preserva os hábitos simples. Diz, por exemplo, que sua felicidade está em receber os amigos em casa. A atriz se define ainda como reservada e luta para que sua vida não se torne mais interessante do que a sua carreira.

— Desde que comecei na TV nunca tive o desejo de ser celebridade. Felicidade para mim não é quando estou numa festa com um vestido maravilhoso de grife. Esses momentos são trabalho. Claro que tem os colegas, pessoas com quem você confraterniza, mas sempre será um trabalho porque tem milhares de câmeras viradas para mim. Você não relaxa quando tem que sair bem para foto. Saio cansada desses eventos — confessa.

O fato de ser reservada não a afasta do público e dos fãs, acredita Vanessa. Ariana e calma por natureza, ela revela que também tem seus momentos de rodar a baiana.

— Não gosto de ver injustiças com pessoas mais simples. Isso me tira do sério.

A atriz garante que adora ter contato com todo tipo de gente e que nunca se colocou num pedestal por estar na TV.

— Gosto de todo mundo, de sair na rua, fazer as minhas compras no mercado. Converso com gente diferente, apesar de ser mais reservada. Se eu viajo para o Nordeste, curto conviver com as pessoas de lá. Isso também me ajuda muito a construir personagens.

Aos 30 anos, Vanessa demonstra ser bem resolvida com a idade e diz que nunca teve tempo para crise.

— Aos 30 anos você ainda está nova. Vejo mulheres de 40 tão lindas, exuberantes, no auge. Não sou uma pessoa que toma remédio para dormir, para depressão. Tem atrizes amigas minhas que estranham: “Como assim você não toma remédio?”. Nunca fui ao analista ou psicólogo. Eu é que sou a errada? — questiona.

A atriz não é uma pessoa vaidosa que troca de bolsa e brincos todos os dias. Só não abre mão da maquiagem. Com bom humor, ela justifica:

— Não quero ir à padaria e deixar que digam: “Ela é tão bonita na TV e ao vivo é isso aí”.

Vanessa conta que sua personalidade mais tranquila foi motivo de dúvidas da direção da novela na escalação para o papel da vilã. O diretor-geral Mauro Mendonça Filho, que trabalhou com ela “Gabriela”, apostou que a atriz tiraria de letra o lado sedutor de Aline. Mas temeu que ela não conseguisse se transformar numa pessoa pesada em cena.

A atriz embarcou em pesquisas e buscou inspiração no cinema para fazer a vilã. E optou por um estilo minimalista. Não queria cair num clichê com a secretária que dá em cima do patrão.

— Assisti a muitos filmes clássicos com a Barbara Stanwyck. Ela tinha uma linha muito sutil na maldade e acho que os clássicos têm isso, que não é tão exagerado. As mulheres eram muito delicadas e matavam, uma loucura. Achava interessante ter isso no início da trajetória da personagem. Ter uma doçura, mas por dentro sempre uma situação de mal estar. Ela odeia, mas fala sorrindo. Fui pensando nos olhares e não quis fazer careta. Quando ela abraçava o César, só muito de vez em quando eu fazia um olhar. Quando você entrega tudo de um personagem, depois não tem para onde ir. Tenho muito cuidado com isso — garante.

O resultado agradou ao autor Walcyr Carrasco, com quem a atriz trabalhou em “Morde & assopra” (2011) e “Gabriela” (2012).

— Sempre soube que Vanessa era uma excelente atriz, capaz de fazer qualquer papel, de heroína a vilã — elogia ele.

Vanessa conta que soube esperar seu momento na trama e que conteve a ansiedade até a personagem acontecer na história do horário nobre.

— Não tenho essa vaidade do tipo: ‘Eu preciso estar brilhando, gravando muito, ser a maior’. É muito melhor para o ator ter uma trajetória e ir crescendo ao longo da novela. Quando você começa já no primeiro capítulo a gravar um monte de cenas, tem que tomar cuidado porque sua exposição é maior e a probabilidade de as pessoas começarem a cansar também — opina.

Como exemplo, ela cita o colega Mateus Solano, que soube reinventar o vilão Félix apoiado nas mudanças sugeridas no texto do autor.

— Ele faz com maestria a vilania. Começou lá em cima, humanizou o personagem e agora está levando para a linha do humor. Se ficasse igual desde o início, ninguém aguentaria — avalia.


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