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Festival Recine traz o Rio como grande estrela

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RIO - Ingrid Bergman encontra Cary Grant em um banco de praça de uma Cinelândia ainda com ares bucólicos em “Interlúdio” (1946), de Alfred Hitchcock. Helena Ignez atravessa toda lépida o calçadão de Copacabana já em vertiginoso processo de verticalização do bairro, em “Copacabana mon amour” (1970), de Rogério Sganzerla. Senhoras e senhores engalanados olham as elegantes vitrines da Rua Uruguaiana e da Avenida Central (atual Rio Branco) do início do século XX em “Rio de memórias” (1987), de José Inácio Parente.

Em pleno processo de transformação urbana do Rio, que se prepara para acolher a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o 12º Festival de Cinema de Arquivo — Recine oferece ao carioca a chance de olhar o passado da cidade. A mostra, que começa hoje, às 19h, no Arquivo Nacional, com a exibição aberta ao público de “Rio de memórias” (um passeio pela evolução da capital fluminense a partir de fotos tiradas entre 1840 e 1930), exibe, até o dia 29, mais de 70 títulos que têm o Rio como cenário e/ou personagem.

— A escolha da cidade como tema este ano foi motivada não só pelas mudanças que ela vem sofrendo, mas também pelo fato de ter servido de extraordinário cenário para o cinema nacional e o estrangeiro, além de ter inspirado outras artes — explica Mauro Domingues, coordenador-geral de Processamento e Preservação do Acervo Nacional e curador da programação do festival. — Há que se destacar que aqui aconteceu a primeira filmagem no Brasil, por Alfonso Segreto, em 1898.

As imagens raras do Rio de outras épocas se espalham pela programação do Recine, que é composto por uma mostra informativa, com produções antigas, e outra competitiva, com filmes recentes que utilizam imagens de arquivo. Entre os primeiros destacam-se “Cidade do Rio de Janeiro” (1924), de Alberto Botelho, “Fragmentos da terra encantada” (1922), de Silvino Santos, e “Japoneses no Brasil” (1935), de Eisuke Saeki, preciosos documentos audiovisuais que sugerem o fascínio exercido pela então capital da República.

Méier, Lapa e Copacabana

— Os filmes retratam bem as mudanças urbanas sofridas pelo Rio, a evolução do carioca e de sua cultura — observa Domingues. — Podemos destacar o “Rio de memórias”, do Parente, que completou 25 anos e abre o festival. É uma produção que parte da história da fotografia desde o século XIX, tendo o Rio de Janeiro como cenário. Temos também um filme doméstico, feito por um cinegrafista amador em 1931, doado ao Arquivo Nacional, que trata do aniversário do Méier.

A viagem pela cidade continua em títulos como “Maxixe, a dança proibida” (1979), de Alex Viany, “Reidy, a construção da utopia” (2009), de Ana Maria Magalhães, que traça a trajetória do arquiteto e urbanista Affonso Eduardo Reidy, “L.A.P.A.” (2008), de Cavi Borges e Emílio Rodrigues, sobre o bairro boêmio, e “Ladrões de cinema” (1977), de Fernando Coni Campos, sobre foliões que assaltam uma equipe de filmagem e resolvem fazer um filme com o material roubado.

O Recine ainda exibirá, em primeira mão, as cópias restauradas de “Copacabana mon amour”, de Sganzerla (1946-2004), uma visão tropicalista do mais popular bairro do país, e de “Ganga bruta” (1933), clássico da Cinédia dirigido por Humberto Mauro (1897-1983), um pioneiro do cinema brasileiro, que terá sessão comemorativa de seus 80 anos de lançamento dia 28, no MAM.

Há também produções que oferecem um olhar forasteiro do Rio. Além de “Interlúdio”, “Orfeu Negro” (1959), de Marcel Camus, “É tudo verdade” (1993), documentário de Bill Krohn, Myron Meisel, Richard Wilson e Norman Foster que recupera a passagem de Orson Welles pelo Rio, nos anos 1940, e a animação “Alô, amigos” (1943), de Norman Ferguson e Wilfred Jackson, produção da Disney que apresentou Zé Carioca ao mundo.


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