RIO - Antes de começar a peça, a plateia é convidada a contar um segredo “inconfessável” — próprio ou de outra pessoa —, daqueles que a gente promete nunca repetir por aí. Num papelzinho, cada um escreve sua revelação mantendo o anonimato, claro. Já no palco, os atores tiram as anotações de uma urna, leem algumas em voz alta, e assim começa o espetáculo. As pequenas confissões ganham vida em longas cenas improvisadas. A ideia original que rege “Segredos”, da companhia Teatro do Nada, em cartaz no Teatro Ipanema, rende boas histórias — e risadas.
O público tem soltado a língua, ou melhor, a caneta e confidenciado situações como “no fundo, no fundo, no fundo, não me importo com os beagles”, “falo que sou black bloc só para pegar mulher”, “transo com o síndico para não pagar condomínio”, “eu ainda durmo com bicho de pelúcia, apesar de ter 30 anos”, entre outras que você vê acima.
Ao longo da apresentação, novos segredos são retirados e utilizados nas performances individuais ou em grupo, num total de 15 por noite.
— O prazer pessoal e único de ter seu segredo lido e usado pelos atores é ao mesmo tempo libertador e empolgante. A cada vez que um dos atores retira um segredo da urna, todos na plateia pensam “será que agora é o meu?”. E se for, só ele, o autor, saberá disso. Só ele saberá o que os outros pensam da sua confissão — afirma Claudio Amado, ator e um dos diretores da companhia.
O cenário é composto apenas por cubos de madeira que se transformam em cadeiras, camas, mesas etc. Além disso, os atores recorrem à mímica para criar objetos imaginários, tornando viável o surgimento de qualquer cenário.