RIO - O jeito que Wagner Moura e o diretor Aderbal Freire-Filho encontraram para matar a saudade de Hamlet, espetáculo montado em 2008, foi reunir fotos, textos e comentários sobre a peça em um livro lançado anteontem, dentro do Tempo Festival, no Teatro Poeirinha.
“Foi o personagem mais importante que fiz na minha carreira. Nunca mais fiz nada igual”, relembrava Wagner. O ator não foi nem um pouco econômico em suas dedicatórias, e escrevia textos enormes e supercarinhosos para os amigos. Mateus Solano, que interpretou Hamlet em outra montagem, chegou acompanhado da mulher, Paula Braun.
Naquele mesmo momento, seu personagem na novela das nove, Félix, era desmascarado e confessava ter jogado a sobrinha recém-nascida numa caçamba de lixo. Só se falava disso nas redes sociais.
“Mas eu nem falei com eles e já vou chegar assim, tirando foto?”, perguntou Mateus ao assessor, que o chamava para posar ao lado de Wagner e Aderbal.
Quem chegava lá nesta hora era Marieta Severo, namorada de Aderbal — ele, que a dirige em “Incêndios”, abriu um sorrisão ao vê-la entrado. Maria Ribeiro e Ricardo Pereira também foram ao Poeirinha encontrar os amigos.
Aderbal falava sobre o assunto de que mais gosta: teatro. “Eu sou tão apegado aos espetáculos que fico mal quando acabam”, dizia. “Guardo pedaços do cenário na esperança de um dia remontá-los. Eu queria muito que fosse possível resgatar minhas primeiras montagens, seria incrível.”
Já Wagner Moura, agora com uma barba ralinha e cabelos mais compridos, tentava encontrar um motivo para seu fascínio pelo teatro. “Eu gosto justamente por ser efêmero. Quem viu, viu, quem não viu não vê mais. É único. Uma peça boa marca mais do que qualquer filme ou novela. Teatro é fogo que queima.”