RIO - Na foto acima, Sheron Menezzes está caracterizada como a escrava Esperança Garcia, nascida no Piauí em 1770, famosa pela coragem ao denunciar os maus-tratos sofridos na fazenda em que vivia. Cris Vianna aparecerá vestida como a célebre Xica da Silva, enquanto os músicos Gabriel Moura e Mariene de Castro encarnam o casal Cartola e dona Zica. As personalidades são retratadas na terceira temporada do programa “Heróis de todo mundo”, que o Futura estreia quarta, às 19h55. Em pequenos esquetes de dois minutos, 15 personalidades negras contemporâneas interpretam outras figuras históricas que foram importantes na sociedade brasileira.
— Para escolher os nomes, usamos três critérios: revelar personalidades que o público não tem noção de que eram negras, mostrar pessoas que foram pioneiras, além das que estão acima de discussão — lista o diretor Luiz Antonio Pilar.
Outros destaques desta nova leva de episódios são Lea Garcia como a artista Ana das Carrancas; Antonio Pompêo como Abdias do Nascimento; e Zezeh Barbosa como Clementina de Jesus. A ideia da atração, proposta por Pilar em 2004, deu origem a todo um projeto dentro do Futura.
— O canal assumiu uma programação com recorte racial, colocaram apresentadores negros, coordenadores de programas negros — conta Pilar.
Trata-se do projeto “A cor da cultura”, criado pelo Futura em 2004, em consonância com a Lei 10.639, que determina a inclusão do ensino da história e da cultura afro-brasileiras no currículo escolar. O canal produz conteúdos audiovisuais sobre o tema, entre eles o “Heróis”, o infantil “Livros animados” e o “Nota 10 – especial a cor da cultura”.
— É um projeto para todos os brasileiros, não só para negros. É importante que todos conheçam nossas origens e elas remetem ao continente africano, tão pouco estudado — defende a gerente-geral do Futura, Lúcia Araújo.
Outros canais também têm exemplos de atrações em que a questão racial se manifesta. Eles vão do “Aglomerado”, da TV Brasil, apresentado por MV Bill e Nega Gizza ao “Espelho”, de Lázaro Ramos, no Canal Brasil, passando por “O bagulho é doido”, do mesmo canal, comandado também por MV Bill, e o “Conexões urbanas”, do Multishow, produzido pelo Afroreggae.