NASHVILLE — Os músicos do Kings of Leon garantem que vivem um momento de harmonia. O problema é que ninguém acredita neles. Uma briga durante um show em Dallas, em 2011, levou a tweets raivosos, o cancelamento de 26 shows e muita repercussão negativa.
Mas desde então a banda já fez dezenas de apresentações sem nenhum problema, os músicos criaram raízes, casaram com modelos, tiveram filhos e gravaram um novo disco, “Mechanical Bull”, que está sendo lançado nesta terça-feira nos EUA. Eles seguiram em frente e estão esperando, com paciência, que sua história seja reescrita.
“O que aconteceu em Dallas ficou muito em evidência”, lamenta o baixista Jared Followill. "E as pessoas ficaram pensando, ‘uau, esses caras realmente não se dão bem’, ou ‘eles realmente se odiavam naquela época’. As pessoas precisam saber que nós sempre nos odiamos. Não foi além do normal, apenas ganhou maior cobertura na imprensa (na época).”
“Muita gente twittou sobre isso”, disse o guitarrista Matthew Followill e todos na sala riram.
O fim abrupto do show em Dallas e a repercussão que seguir foi apenas uma tempestade passageira para os irmãos Followill — Nathan, Caleb e Jared — e seu primo Matthew. Uma mistura dos excessos do rock’n’roll com o calor escaldante, cansaço geral e emoções em frangalhos. E tudo ficou bem dois dias depois;
“Nós brigamos como irmãos, depois nos abraçamos e fazemos as pazes como irmãos”, disse o vocalista Caleb Followill. “É assim que funciona.”
“E a beleza disso é que você pode brigar com seus colegas de banda, mas depois faz as pazes com o irmão ou o primo”, corta o baterista Nathan Followill.
“É um longo, longo e lento beijo seco, de boca fechada”, retoma Caleb. “Na verdade odiamos Jared e Matt. Não suportamos eles.”
E todos na sala estão rindo de novo.
Tem sido assim ultimamente e os Followill esperam que o novo álbum, “Mechanical Bull”, acabe com os boatos. O Kings of Leon já fez 50 shows desde Dallas, entre eles apresentações elogiadas em festivais, como o Global Citizen Festival, em Nova York, e o Austin City Limits Festival. Além disso, o single “Supersoaker” está no top 10 da Billboard na categoria rock alternativo.
O clima é muito diferente da época de "Come Around Sundown", lançado em 2010 após o sucesso estrondoso de músicas como "Use Somebody" e "Sex on Fire". A popularidade inesperada gerou atritos com a base de fãs original da banda, pequena mas apaixonada. “Sundown” foi gravado enquanto os Followill tentavam se descobrir que direção seguiriam e o disco soa cansado e tenso.
“Ficamos no meio do caminho”, admite Jared. “Eles dizem para bater enquanto o ferro está quente e certamente fizemos isso, mas com um martelo de madeira, entende?”
Depois disso, eles tiraram um ano de férias, se afastaram do mundo do rock e preparam seu retorno com calma. Transformaram uma antiga fábrica de tintas em estúdio e trabalharam num espaço próprio pela primeiro vez na carreira.
“Quando você começa a pensar no quanto custa regravar um solo de guitarra, já está no lugar errado”, argumenta Caleb.
Caleb Followill trouxe dez músicas que vinha compondo sozinho em casa, uma mudança no modo de trabalho da banda. Enquanto isso, eles buscavam trechos e sons em fitas antigas. A mudança na vida particular também ajudou os músicos a encontrarem mais estabilidade. Longe da estrada, todos na banda agora têm filhos, menos Jared, o mais novo, com 26 anos.
Eles também criaram seu próprio selo, Serpents & Snakes, para lançar discos de amigos; o festival Music City Eats, de comidas e bebidas; e passaram a viver mais perto da própria vizinhança, em Nashville.
“É engraçado, já estou casado há quatro anos, e esse foi o primeiro ano no qual tive a oportunidade de ser um marido normal, ir a jantares e cumprir meu papel de pai”, diz Nathan. “Esse ano finquei mais raízes que na última década. Nashville é ótimo.”