RIO - A New York City Opera, ópera da cidade de Nova York, foi fundada em 1973, com o objetivo de popularizar um estilo musical identificado com a elite. Hoje, 70 anos depois, a companhia que tornou acessíveis espetáculos de estrelas como Beverly Sills, Plácido Domingo e Renée Fleming pode ser forçada a cancelar a maior parte das apresentações da atual temporada e toda a próxima, caso não consiga arrecadar US$ 20 milhões até o fim do ano (cerca de R$ 45 milhões).
Em 2011, a companhia deixou o Lincoln Center, onde ensaiava e fazia cerca de 100 apresentações anuais. Sem lugar fixo, viu o número de exibições despencar para cerca de 20 e deixa dúvidas sobre a capacidade de Nova York seguir o exemplo das grandes capitais europeias, que comportam mais de uma grande companhia de ópera.
George Steel, diretor artístico informou, em entrevista ao "New York Times", que não há como manter a programação sem um aporte financeiro.
"Nós tivemos orçamentos equilibrados nos últimos dois anos e temos feito um trabalho incrível no palco. Mas não podemos avançar sem uma entrada significativa de capital", afirma.
O valor que o grupo precisa arrecadar representa quase o dobro dos US$ 11,5 levantados no ano passado. Uma quantia superior até mesmo à obtida em seu auge, anterior à recessão de 2008.
Temporada comprometida
Na semana que vem, a ópera apresentará uma nova produção, mas promete cancelar outras três: "Endimione", de Johann Christian Bach, "Castelo do Barba Azul ", de Bartok e " Bodas de Fígaro", de Mozart, serão suspensas caso a companhia não arrecade US$ 7 milhões até o fim do mês. Para manter intocada a programação de 2014, a meta é levantar US$ 13 milhões até dezembro.
Steel ainda destaca que os compromissos passados impedem a companhia de arcar com os custos de novas produções.
"Escalonamos nossos gastos e renegociamos contratos para equilibrar o orçamento, mas não temos dinheiro na mão para arcar com despesas futuras".
Presidente da ópera, Charles Wall, afirma saber que a meta de arrecadação é desafiadora, mas mostrou-se pragmático.
"Você não pode executar a ópera com uma esperança e uma oração. Você tem que pagar as contas. E você tem que levantar o dinheiro para pagá-las. Essa é a maneira mais simples, não há como gastar o que não se tem", explica.