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‘É muito estranho fazer eu mesma em cena’, diz Giovanna Antonelli, sobre participação em ‘Pé na cova’

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RIO - E não é que Giovanna Antonelli foi parar no Irajá? Ruço (Miguel Falabella) é um dos que custam a acreditar na aparição “daquela famosa da televisão que já andou até nas Arábias com uns panos na cabeça”, em “Pé na cova”. Já Darlene (Marília Pêra) faz todas as caras e bocas de espanto possíveis ao notar a presença da atriz. E até a ousada Odete Roitman (Luma Costa) tenta se aproximar da visita para exibir um dos seus shows como stripper virtual. Afinal, não é todo dia que uma estrela surge diante da família Pereira.

A participação de Giovanna, que pela primeira vez interpreta ela mesma em cena, vai ao ar em “A musa do Irajá”, o terceiro episódio da segunda temporada da série, que estreia em 1º de outubro, na Globo.

— É muito estranho fazer eu mesma, mas está sendo divertido — garante a atriz.

Na trama, ela chega ao bairro da Zona Norte carioca depois de ficar encurralada num tiroteio na Avenida Brasil. Desesperada, bate na F.U.I. (Funenária Unidos do Irajá) atrás de ajuda. Sem ter como ligar para pedir socorro — o telefone do lugar está quebrado e o aparelho da atriz ficou no carro quando ela fugiu da troca de tiros—, Giovanna passa a noite com a família, que a recebe com festa.

A atriz aparece com um figurino discreto — saia de couro preta e blusa branca — em sua primeira cena. Mas depois ousa na maquiagem e arrisca um visual colorido igual ao de Luz Divina (Eliana Rocha). A princípio, a surtada irmã de Juscelino (Alexandre Zachia) é ríspida com Giovanna por confundir a atriz com uma de suas personagens. É que no seriado Giovanna está no ar num folhetim fictício no papel de gêmeas, uma boa e outra má.

Entre risadas do elenco que interrompiam vez ou outra as gravações, e registros fotográficos com seu próprio celular nos intervalos, Giovanna — ainda com bobs nos cabelos — parece mesmo se divertir.

— Sou superespectadora e apaixonada pelo programa. Não encontrava o Miguel desde “Aquele beijo” (trama protagonizada por ela e escrita pelo autor, em 2011). Conheço essa equipe e está sendo uma delícia — completa.

O nome da atriz foi o escolhido para substituir Flávia Alessandra, que não aceitou o trabalho por questões de agenda. E agradou ao elenco.

— Giovanna é estrelíssima, uma atriz maravilhosa, vai ser um plus nesta segunda temporada — destaca Marília.

Na maquiagem, Luma conta como será a cena em que contracenará com a convidada, sua amiga fora de cena e madrinha de casamento.

— Odete quer mostrar um show para ela e pergunta se não tem um trabalho na Globo. Mas depois pensa melhor e diz que, como adotou uma criança e vive com outra mulher, tem medo de a vida pessoal dela ser muito invadida pela carreira — conta Luma, aos risos.

Nesta segunda temporada, alguns personagens passam por mudanças. Odete e Tamanco (Mart’nália) estão casadas e adotam uma criança.

— Odete se transforma numa mãezona do tipo leoa e carinhosa. Mas não deixa o estilo agressivo com os outros. Continua fazendo strip na casa do pai, mas na casa dela com Tamanco age de outra forma — adianta Luma.

Mart’nália diz que, antes da primeira temporada de “Pé na cova”, a equipe ainda não sabia muito bem como seria a aceitação desse casal. Mas relaxou.

— Até as velhinhas vêm falar comigo na rua. Tamanco é carinhoso e família. E é isso o que pega — acredita a cantora.

Amizade cênica

Um dos autores e protagonista de “Pé na cova”, Miguel comemora o fato de ter emplacado uma segunda temporada de uma atração “que vai na contramão de tudo o que é feito atualmente na TV”.

— É um produto diferenciado aqui dentro. É como o Salgueiro. Não é melhor, nem pior. É diferente — diz, aos risos, em seu camarim: — Aqui, o ser de exceção não é tratado como chacota. Eles são o que são.

Falabella revela que há uma certa parcela de rejeição ao seriado, mas diz que “quem gosta, gosta muito”.

— Eu sou popular e fiz essa escolha desde cedo na minha carreira. Mas você acaba meio aprisionado. Fiquei muito engessado num tipo de humor com o “Sai do baixo” e depois com o “Toma lá, dá cá”. Não busco só o humor pelo humor. Nesta temporada, o programa fica mais humano ainda. É uma comédia mais sofisticada, da palavra, da loucura e da observação — enumera o autor.

Por trás de uma aparente bizarrice, a família Pereira demonstrou ser um grupo perfeitamente normal.

— Agora eles já se tornaram uma família para o público. Os preconceitos já foram vencidos por quem tinha que vencer. Eles são a nossa família moderna. Falamos sobre as ambiguidades e opções sexuais. É muito legal tratar desse assunto num país com tão poucos direitos. Nesse Paquistão, como eu digo. Poder ter esse programa na TV é muito saudável — diz Falabella.

Marília aprova o fato de interpretar uma mulher fora dos padrões. E define a série como “uma aposta corajosa”.

— Nestes últimos anos eu vinha sendo colocada na Globo como uma mulher elegante e fina. A Marília Pêra não é assim. Mas foi difícil eles me deixarem falar errado em cena — entrega a atriz.

Ela confessa que foi difícil romper com essa imagem.

— Mas eu queria ser desmiolada, ser engraçada. Darlene é bagaceira, e eles não queriam me deixar ser bagaceira.

Acostumada ao estilo de Falabella, Marília diz que seus últimos contratos com a Globo foram renovados em função da vontade do autor em tê-la em seus elencos. Mas diz que a proximidade dos dois, que atuaram juntos por um ano e meio no musical “Hello, Dolly”, é apenas cênica.

— Eu e Miguel não frequentamos a casa um do outro. Não somos esse tipo de amigos. Nossa amizade se fortifica no trabalho. Nos vemos no teatro e na TV, mas é raro ele vir ao meu camarim ou eu ir ao dele. Nossa conversa é através dos personagens. No jogo cênico você acaba conhecendo a personalidade do outro. E eu o conheço profundamente


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