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Os Lobos: a volta dos psicodélicos de Niterói

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RIO - Para muitos, eles são apenas uma banda de Niterói, do final dos anos 1960, da qual saiu o cantor Dalto, famoso alguns anos mais tarde por canções como “Flashback” e “Muito estranho”. Mas Os Lobos têm uma história mais extensa, que ultrapassa a adoração pelos Beatles e Rolling Stones e passa pela revolução psicodélica. Para comemorar a reedição pelo selo Discobertas de “Miragem”, seu primeiro LP, lançado em 1971, o grupo reformado faz nessa sexta-feira, no Teatro Municipal de Niterói, às 21h, um show para lembrar as músicas desse e de outros discos. Capitaneado por dois integrantes que participaram desse álbum (o guitarrista Cássio Tucunduva e o vocalista Antônio Quintella), Os Lobos voltam dispostos a retomar sua história de rock, fazer mais apresentações e gravar mais discos.

— A banda se desfez ainda nos anos 1970, voltou e ainda chegou a gravar um LP para a Niterói Discos em 1991 — conta Cássio, que já acompanhou cantores como Tim Maia, Sérgio Ricardo e Alceu Valença. — Mas logo depois paramos de novo. Aí teve o lançamento de um livro sobre o rock de Niterói e a inclusão da música “Miragem” no filme “1972” (de Ana Maria Bahiana e José Emílio Rondeau, lançado em 2006). Depois, o (pesquisador) Nelio Rodrigues veio nos entrevistar para o volume 2 do livro “Histórias perdidas do rock brasileiro” e o Marcelo Fróes (da Discobertas) se movimentou para relançar o LP. Resolvemos então voltar a tocar.

Grupo de sucesso nos bailes na região serrana do Rio de Janeiro, Os Lobos conquistaram sucesso de rádio com a canção “Fanny”, gravada em 1970 para o selo Savoya (do organista Ed Lincoln). Logo depois dela, Dalto foi seguir outros caminhos, a banda trocou de tecladista (saiu Fábio Motta e entrou Fred Vasconcelos) e mudou de orientação musical.

— A gente era muito influenciado pelos Beatles, mais aí veio Jimi Hendrix, com outra cores. Entrou algum LSD na história e aí compusemos a música “Miragem” — conta Cássio sobre essa canção que acabou virando marca do grupo, com seu arranjo à la The Byrds. — O Antônio Quintella era místico, ligado às filosofias orientais e daí veio aquela letra, dos versos “e era história colorida / quase caleidoscopial / as suas cores entendia / maravilhado então fiquei”.

— Eu tinha visões quando criança e acabei evoluindo para a filosofia iogue, pensava em ser monge, mas depois vi que não era para mim — revela Quintella, grande fã dos Byrds, que chegou a cantar blues nos Estados Unidos, teve carreira solo lançada por Nelson Motta e fez parte do grupo de Tim Maia.

Gravado no estúdio da Musidisc, na Lapa, o LP “Miragem” reúne composições de banda (a faixa-título, o charleston “Seu Lobo”), de Luiz Carlos Sá (“Homem de Neanderthal”, “Santa Teresa”) e de Dalto ( “Pasta dental sabor chiclete”), além de curiosidades como a balada “Avenida Central”, de Paulinho Machado, que contou no LP com um luxuoso quarteto de cordas. Como “Fanny” e outras gravações para a Savoya não foram liberadas pela família de Ed Lincoln para o relançamento, o CD de “Miragem” vem então com raras gravações que o grupo fez para festivais da canção — caso de “Let me sing, let me sing” e “Eu sou eu, Nucuri é o diabo”, que lançariam, em 1972, a carreira solo de um certo Raul Seixas.

— Nossa intenção no show é reproduzir com fidelidade os arranjos das nossas gravações — avisa Cássio. — E não tem essa de baixar os tons por causa da idade, queremos fazer um show impecável, como naquela época.


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