VENEZA – Um ano após ganhar o Leão de Ouro do Festival de Veneza, com o controverso “Pietá”, Kim Ki-duk volta à mostra italiana com um novo filme polêmico. Exibido na manhã desta terça-feira (3) como atração do pacote de filmes fora de concurso, “Moebius”, o novo trabalho do diretor sul-coreano, deixou meia plateia chocada com a história de uma família de classe média desfeita por episódios envolvendo castração, adultério e incesto. O diretor negou qualquer tipo de influência de mitos gregos.
– Conceitos como o complexo de Édipo são muito difundidos em países do Ocidente, mas não é um assunto que me seja familiar, ou qualquer outra teoria psicanlalítica baseada em tragédias gregas. O que eu quis fazer em “Moebius” foi mostrar como o sexo é percebido na sociedade sul-coreana, em suas consequências mais extremas – afirmou o diretor de filmes como “A ilha” (2000) durante a coletiva de imprensa que se seguiu à exibição do longa-metragem.
Conduzido por personagens sem nomes e narrado sem auxílio de diálogos, “Moebius” descreve o cotidiano de violências de um adolescente insensível (Seo Young-ju), sua mãe alcóolatra (Lee Eun-woo) e seu pai libidinoso (Cho Jae-hyun). Em nota enviada à organização do festival, Kim Ki-duk diz que o filme mostra como o pai, a mãe e o filho deles “estão ligados um ao outro como um pessoa só, como uma ritinha de Moebius (nome artístico do cartunista francês Jean Henri Gaston Giraud, morto ano passado)”.
Devido a seu conteúdo explosivo, Kim Ki-duk foi obrigado a cortar cerca de três minutos de sequências mais explícitas para que “Moebius” pudesse ser lançado em seu país de origem – a versão mostrada em Veneza é a original, completa.
– Costumo ser criticado por compatriotas que moram fora da Coreia do Sul, porque meus filmes falam dos problemas de nosso país. Mas só critico o meu país porque o amo, não fecho os olhos para seus problemas.