MADRID — A autora do novo “Ecce Homo”, uma senhora espanhola que ficou famosa após restaurar um quadro de Cristo, receberá metade dos lucros gerados pela utilização comercial da imagem. Cecilia Giménez, de 82 anos, decidiu fazer por conta própria a restauração de uma obra pintada na década de 1910 por um artista local chamado Elías García Martínez na parede de uma igreja barroca na pequena cidade de Borja, na Espanha. O resultado, no entanto, ficou completamente diferente do original, gerando um irônico rebatismo de “Ecce Homo” (“Eis o homem”) para “Ecce Mono” (“Eis o macaco”).
A “restauração” logo caiu no gosto dos internautas, dando origem a paródias em todo o mundo — e logo petições exigiam que a restauração fosse mantida. Desde então, a até então desconhecida igreja recebeu mais de 40 mil turistas, segundo a fundação que mantém o local. A fundação, administrada pelo município de Borja, começou a cobrar um euro pela entrada para financiar a conservação da pintura e suas obras de caridade e já arrecadou mais de €50 mil (cerca de R$ 160 mil).
Cecilia assinou um contrato pelo qual receberá 49% de todo o lucro gerado pela venda de lembranças (como taças, canecas, camisetas) com a imagem. O resto do dinheiro irá para a fundação. A fama também lhe garantiu uma exposição de seus quadros em uma galeria da cidade. O advogado de Cecilia, no entanto, garante que ela não está preocupada com o dinheiro.
“É muito importante que fique claro que ninguém vai lucrar com essa situação”, afirma Antonio Val-Carreres.
Mas nem todos ficaram felizes com a história. Os descendentes do autor da obra original, Elías García Martínez, lamentam que o quadro tenha ficado desfigurado.
“Esta é a principal discordância”, explica o prefeito de Borja, Juan María Ojeda. “Há uma parte que quer a restauração, certamente impossível hoje, e outra parte que pede apenas que se retire o quadro da igreja. Não querem nenhum benefício econômico, apenas moral”, assegura.