RIO — O maestro carioca John Neschling retorna à cidade onde viveu tanto sua consagração como os momentos mais difíceis da carreira. Ele será o novo diretor artístico do Teatro Municipal de São Paulo, substituindo o maestro Abel Rocha. Segundo amigos de Neschling, que está na Europa, ele volta ao Brasil no início da próxima semana e deve se reunir com o novo secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira.
Beatriz Amaral, nova diretora geral da Fundação Teatro Municipal de São Paulo, não confirma se Neschling vai mesmo ocupar o cargo, mas se disse feliz pela indicação:
— Ainda não sei de nada, mas admiro muito o trabalho do Neschling, que já provou o quanto é talentoso. Acho uma indicação soberba.
O nome de Neschling já estava sendo cotado para o cargo de diretor do Municipal — onde trabalhou como diretor de 1989 a 1990, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina — desde que Juca fora anunciado como secretário de Cultura do prefeito Fernando Haddad. Em 2010, quando era ministro da Cultura, Juca deu apoio à Companhia Brasileira de Ópera, iniciativa de Neschling que percorreu o país com “O barbeiro de Sevilha”, de Rossini. O projeto, porém, se desintegrou logo que Juca deixou o ministério. Na época, Neschling afirmou não ter mais condições de trabalho e se desligou da companhia, indo morar na Suíça, onde vive até hoje.
O maestro tem uma ligação especial com São Paulo. Foi ele quem conduziu a reestruturação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), da qual esteve à frente como regente-titular e diretor artístico de 1997 a 2009. Neschling foi o responsável por transformar o conjunto na orquestra mais importante da América Latina. O triunfo, porém, veio acompanhado por uma severa crise na Osesp. Conhecido por seu temperamento explosivo, Neschling teve sua administração criticada por músicos do conjunto, que o acusavam pela postura de “maestro-estrela”, com um salário de R$ 100 mil mensais. Em janeiro de 2009, foi demitido da orquestra depois de uma entrevista na qual criticava a Fundação Osesp. Em agosto de 2012, o maestro esteve na Sala São Paulo, regendo um concerto da Orquestra Suíça Italiana.