RIO - Não é difícil confundir Kiko Pissolato e Felipe Titto: os dois são bonitões, têm um jeito viril, sardas adornadas por barbichas despretensiosas e interpretam empregados da mansão dos Khoury em “Amor à vida”. Além disso, fizeram participações em “Avenida Brasil” e rodaram um longa juntos, “Era”, em inglês, ainda em fase de produção. Para completar, souberam no mesmo dia que estariam na trama das 21h e, desde então, dividem o um flat no Rio de Janeiro.
— Acho que tem isso dos nomes Kiko e Titto, as sardinhas, os trabalhos em comum... É, talvez tenha alguma coisa mesmo — diverte-se Kiko, de 33 anos, quase sete mais velho que Felipe, de 26 (ele faz 27 em setembro).
Felipe conta que devido à tal semelhança, eles já interpretaram até a mesma pessoa num teste publicitário.
— Meu filho, Theo (de 10 anos), fez a fase criança; eu, a fase jovem; e Kiko, a mais adulta. Nos conhecemos há muito tempo e já fizemos muitos testes juntos, como irmãos.
Na trama de Walcyr Carrasco, Kiko encarna o motorista Maciel enquanto Felipe vive o mordomo Wagner. Figuras misteriosas, vêm crescendo em cena ao se envolver mais profundamente com os personagens do núcleo principal. A mando de Félix (Mateus Solano), Maciel atropelou Atílio (Luis Melo) e fingiu estar apaixonado por Valdirene (Tatá Werneck). Já Wagner se envolveu com Edith. (Bárbara Paz), com quem protagonizou cenas cálidas; e, de certa forma, foi o causador da separação da ex- prostituta e do vilão.
— Sabíamos que nossos personagens teriam certa relevância. Só não esperávamos crescer tão rapidamente e tão intensamente. Cheguei a gravar por três semanas seguidas e até brinquei com Mateus (Solano) que agora sabia o que ele passava. A questão é que a expectativa aumenta. E ficamos querendo mais— empolga-se Kiko.
Para Felipe, a participação de Wagner na história ainda vai render nos próximos capítulos. Após revelar a César (Antonio Fagundes) que Jonathan (Thalles Cabral) é seu filho, Edith consegue virar o jogo contra Félix e retorna à mansão cheia das regalias. O caso com o mordomo, portanto, deve seguir adiante.
— Ele gosta de verdade da Edith. Se identifica com o sofrimento dela porque o Félix também pega no pé dele. Mas não faço ideia do passado do Wagner, não sei por que foi contratado. Estamos chegando à metade da novela agora, ainda há muita história pela frente — diz Felipe, que viveu o Marley na 12ª temporada de “Malhação” e fez participações esporádicas nas séries “Retrato falado” e “A diarista”.
Apesar da visibilidade do personagem nos últimos dias, Felipe fala que sua vida continua normalmente. Casado há dois anos com Mel Martinez, que vive com ele no flat, o ator crê que o assédio atual é decorrente das polêmicas da novela.
— Tudo o que é polêmico causa barulho. Imagina, o mordomo todo tatuado que pega a mulher do vilão gay... — justifica ele, contando que não se incomoda com as cenas quentes. — Fico até mais à vontade sem roupa. Não tenho problema com meu corpo, vale tudo se tiver valor artístico.
Ele perdeu a conta de quantas tatuagens possui. A primeira foi um mago. A última, fez diante das câmeras do “Video show”.
— Sei que ter o corpo desenhado limita, me define num perfil de ator. Mas minha ideia é apresentar, ser repórter. E posso apagá-las com maquiagem quando precisar — minimiza, enumerando seu apresentadores preferidos: Luciano Huck, Marcos Mion e Rodrigo Faro.
O paulistano conta que já tem três programas escritos para colocar no ar. Um, voltado para os jovens, com foco em moda, esportes e gastronomia, estava prestes a sair do papel. Mas o convite para “Amor à vida” modificou os planos. Felipe afirma que tem “muitas ideias para agregar” e domina os assuntos que pretende tratar na TV: já fez trabalhos como modelo e teve uma loja de roupas; formou-se como chef de cozinha em Los Angeles, onde morou dois anos e trabalhou num restaurante israelense (sim, ele fala hebraico); e faz “todo tipo de esporte radical que você imagina”.
— Sou hiperativo. Preciso gastar energia, senão não consigo dormir e tenho espasmos à noite. Estou sempre em movimento — afirma ele, que mantém uma rotina regrada de treinamento e alimentação.
Falante e sociável, Felipe é do tipo que puxa assunto com quem encontrar pela frente e gosta de entreter os amigos com piadas. O oposto de Kiko, um “brucutu”, como ele define
— Ele é meu parceiraço, mas é tímido e introvertido — descreve Felipe.
Kiko reitera a fama de sério. Diz que não é “bronco como o Maciel”, mas não é de bagunça, do tipo que “chega, chegando”.
— Não gosto de sair, não rio em stand up. Meu tipo de humor é mais escatológico. Sou ligado à família, fiel à esposa. Não estou na vida a passeio — avisa.
Casado há cinco anos com a atriz Bruna Anauate, que vive em São Paulo, Kiko sabe que seu jeito mais contido pode jogar contra ele na profissão. Mas, bem-humorado, garante não querer a fama e que não está na na carreira artística para ter “50 milhões de seguidores no Instagram”.
— Não quero ser celebridade. As oportunidades vieram pelo meu talento. Penso que, diferente do que ocorre hoje, primeiro é trabalhar para depois atrair o interesse. Eu e minha mulher queremos abrir um teatro, produzir texto de qualidade e não ficar bajulando pessoas — sustenta ele, ator há dez anos, que atuou nas novelas “Cama de Gato” e “Insensato coração”, e nas séries “Força tarefa” e “Na forma da lei”.
Criado em Cosmópolis, no interior paulista, Kiko preserva o jeito caipira de quem cultivava horta e já teve até cavalo no quintal de casa.
— Por isso, adoraria fazer uma novela rural.