RIO — O artista plástico Nelson Leirner recebeu nesta semana a notícia de que cerca de 20 obras suas, desaparecidas há cinco anos, foram encontradas em Nova York. Elas estavam dentro de um contêiner abandonado e obtido por um comprador.
O paradeiro das peças era desconhecido desde que a Roebling Hall, onde Leirner trabalhava, foi à falência, em 2008. De acordo com o pintor e desenhista, o diretor da galeria, Joel Beck, sumiu com os trabalhos e, depois, ficou incomunicável.
Um dos fundadores do Grupo Rex, responsável rela realização de happenings na década de 1960 e por questionar a "institucionalização da arte", Leirner achou o reaparecimento das obras "hilário".
— Achei engraçado. É uma história pitoresca e divertida. Já fui censurado, enfrento processos. Sempre me envolvo com alguma polêmica por causa do meu trabalho. Parece uma espécie de sina — diz o artista, que não pretende recuperar os quadros, já que "daria muito trabalho" — Teria que entrar com um advogado e abrir um processo. Vou deixar para lá. O dono (do contêiner) que fique com eles. Não vou mexer porque vou receber cacos de obras.
"Cacos" porque as peças foram encontradas em péssimo estado, de acordo com Leirner.
Em maio de 2011, cinco obras do paulistano foram roubadas durante um assalto a um caminhão na rodovia Fernão Dias, em São Paulo. Até hoje não foram encontradas. Na ocasião, homens armados interceptaram o veículo e renderam o motorista. Parte dos trabalhos seguia para uma exposição em Salvador. Artistas como Tunga e Mario Cravo Júnior também foram vítimas do roubo.
— Os ladrões devem ter levado um susto, porque quando roubaram o caminhão provavelmente não sabiam o que tinha dentro — diz Leirner, que não sabe precisar o valor das obras levadas.