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Um Raio-X do CTAv, o centro de fomento à produção e preservação, entra em fase de expansão

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Fundado em 1985 a partir de uma parceria entre o Brasil e o National Film Board (NFB) do Canadá, a fim de viabilizar recursos tecnológicos à classe cinematográfica para produção e preservação, o Centro Técnico do Audiovisual (CTAv) inaugura nesta terça-feira, às 10h40m, um novo prédio em suas instalações, na Avenida Brasil, em Benfica, para acomodar seu acervo cinematográfico. Com 15 mil latas de filme, 20 mil negativos fotográficos e 1,5 mil cartazes, ele é um dos maiores e mais valiosos do país. Durante a inauguração, com a presença da ministra da Cultura, Marta Suplicy, o secretário do Audiovisual, Leopoldo Nunes, anunciará a criação de um programa de estímulo à formação profissional que será oferecido pelo centro a partir deste mês, começando com cursos sobre dramaturgia para séries e capacitação de preservadores. As aulas e a nova ala de reserva técnica fazem parte de um projeto para repaginar o CTAv.

— Queremos recuperar a imagem de que o CTAv tem tecnologia para oferecer ao cinema de todo o país — diz Leopoldo Nunes.

Há dois meses, o centro passou a ser gestado pelo cineasta Roberval Duarte. Com um orçamento de R$ 5 milhões anuais, Duarte, ex-programador do CCBB e diretor de curtas como “Asfixia” (2004), está empenhado em tornar visível tudo o que se faz ali dentro, entre a produção de DVDs com cults nacionais (distribuídos gratuitamente em instituições de ensino de todo o país), programas para a web como o “Pílulas cinematográficas” (sobre jovens realizadores) e a revista “Filme Cultura”. Ao largo de gigantescos arquivos, onde técnicos especializados revisam a saúde física de clássicos nacionais — como documentários do diretor pioneiro Humberto Mauro (1897-1993) —, o centro abriga um parque digital, com estúdios para mixagem de som e duas câmeras. Ele é disponibilizado para cineastas de todo o país, a custo zero.

Berço do Anima mundi

O acesso à tecnologia é feito a partir de editais, lançados a cada dois meses para apoiar filmes de baixo orçamento.

— O CTAv nasceu com a missão de auxiliar o cinema independente, mas nunca teve uma política de comunicação efetiva com a sociedade. Queremos mudar isso. A difusão sempre fez parte de nossos objetivos — diz Duarte, lembrando que o centro trabalha em parceria com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) operacionalizando a legendagem de filmes nacionais selecionados para festivais no exterior.

Longas-metragens ainda inéditos como “Os fins e os meios”, de Murilo Salles, e “Educação sentimental”, de Julio Bressane, que vai representar o Brasil no Festival de Locarno, iniciado ontem na Suíça, tiveram o som mixado lá.

— Hoje, quando todo mundo mixa seus filmes em computadores domésticos, o CTAv tem o melhor estúdio para finalizar som no Rio. E de graça — diz Murilo Salles.

Na década 1980, quando ainda existia a Embrafilme (distribuidora e fomentadora criada pelo Estado em 1970 e sucateada em 1990, no governo Collor), o CTAv, ligado aos canadenses do NFB, ofereceu recursos técnicos a uma das mais influentes gerações de animadores do país. Do encontro de promessas do setor, como os diretores Marcos Magalhães, Aída Queiroz, Léa Zagury e César Coelho, nasceu o festival Anima Mundi, cuja 21ª edição começou há cinco dias. A truca, aparelho usado pelos realizadores para animar curtas, ainda está lá, disponível.

— Temos hoje um projeto para criar uma oficina de animação aqui para mobilizar os jovens estudantes das comunidades ao nosso redor, como os moradores do Parque Alegria — diz Duarte, que, à frente de uma equipe de 70 profissionais, trabalha em parceria com a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, em ações de difusão do cinema brasileiro.

Construído ao longo de cinco anos para alcançar o padrão de conservação preciso, o prédio novo pode armazenar até 100 mil rolos de filme. A ideia é que o espaço possa acolher, além do próprio acervo, filmes que venham de outras instituições de memória. Além disso, a instituição será a base da Programadora Brasil, projeto que já fez 969 produções nacionais circularem por espaços como universidades e cineclubes, sempre em DVD.

— O CTAv foi referência para quem se formou nos anos 1980 — diz Nunes. — É hora de fortalecê-lo. (Rodrigo Fonseca)


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