RIO — Entre os escândalos mais graves envolvendo o Bolshoi estão o episódio em que o diretor artístico Sergei Filin foi atacado com ácido por um homem mascarado, o dançarino veterano Nikolai Tsiskaridze entrou em conflito e foi forçado a deixar a companhia em junho, além de a solista Svetlana Lunkina ter se mudado para o Canadá após receber ameaça do marido. O novo diretor, Vladimir Urin, que assumiu o cargo depois que o ministro da cultura da Rússia disse que o Bolshoi precisava de uma “renovação”, concedeu sua primeira entrevista nesta segunda-feira a um programa de rádio da BBC.
Seu antecessor, Anatoly Iksanov, foi afastado da direção um ano antes de seu contrato chegar ao fim. Há dez dias na posição, Vladimir Urin disse que os episódios “agora estão no passado”, mas admite que tem “desafios difíceis” pela frente.
“Toda companhia, em algum momento, passa por tempos difíceis, é um processo normal na vida humana. Algumas pessoas passam por momentos gloriosos e trágicos. Tenho certeza de que todos os eventos ruins que aconteceram na vida do Bolshoi estão agora no passado”, comentou o novo diretor que está no cargo há dez dias. “Preciso de mais tempo para entender o básico do que aconteceu. É comum que inverdades sejam divulgadas. Não significa que não tenha acontecido, mas muitas vezes são rumores e coisas mal interpretadas”.
A companhia estreia nesta segunda uma temporada na London Royal Opera House, até 12 de agosto, para celebrar os 50 anos.
“O que é mais importante agora para as pessoas é o que elas vão ver nos palcos. Estou seguro de que se a vida criativa da companhia estiver organizada, serão produzidos trabalhos interessantes e tudo ficará bem”.
Após 22 cirurgias, Sergei Filin está cego do olho direito
Sergei Filin foi submetido a 22 cirurgias, mas elas não evitaram que o diretor artístico do Bolshoi ficasse cego do olho direito após ser atacado com ácido em janeiro. O dançarino da companhia Pavel Dmitrichenko foi acusado de ser o mandante.
“A dor foi imensa e instantânea. Era uma noite de inverno. Peguei muita neve, coloquei nos olhos e nas bochechas para tentar amenizar a agonia”, disse Filin ao Telegraph. “Semana passada, fiz minha 22ª cirurgia. O otimismo que tínhamos no início agora não faz sentido. Meu olho direito não vê nada e meu esquerdo trabalha a 10%. Reconheço claro e escuro, mas não vejo rostos. Mas quero me concentrar no fato de que meus médicos são maravilhosos e existe um plano para o tratamento”.