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Morre o artista americano Walter de Maria

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RIO — Conhecido por criar instalações minimalistas em grande escala, o artista americano Walter De Maria morreu na última quinta-feira, aos 77 anos, vítima de um acidente vascular cerebral.

Recluso, ele raramente dava entrevistas ou se deixava fotografar e até evitava expor em museus quando podia — dava preferência às instalações a céu aberto ou em lugares pouco convencionais. Sua obra mais célebre é exemplo claro disso: para “The lightning field” (campo de raios), uma intervenção de 1977, De Maria fincou 400 hastes metálicas por um quilômetro no deserto do Novo México. O retângulo formado pelas hastes atrai descargas elétricas durante tempestades e, assim, a luz natural cria efeitos inesperados.

A reclusão e a escolha criteriosa de onde mostrar ou desenvolver as instalações fizeram seu nome ser pouco conhecido e sua obra, pouco exposta nos Estados Unidos. Por outro lado, é aclamado pela crítica, sendo reconhecido por criar obras conceituais em grande escala, complexas e ao mesmo tempo acessíveis ao público.

No mesmo ano em que criou a famosa “The lightning field”, o artista fez na Documenta de Kassel, na Alemanha, a instalação “Vertical earth kilometer” — uma barra metálica de um quilômetro enterrada numa praça no centro da cidade. Pouco depois, em 1979, criou uma versão da peça (com 500 barras de latão) ao longo da West Broadway, em Nova York.

“Ele é um dos grandes artistas do nosso tempo”, disse o diretor do Los Angeles County Museum, Michael Govan, ao jornal “Los Angeles Times”. Em outubro do ano passado, De Maria mostou lá a instalação “The 2000 Sculpture”, que consistia em 2.000 barras brancas instaladas num pavilhão do museu de forma a criar diferentes percepções no espaço com a mudança da luz do lado de fora do edifício. “Seu trabalho tem uma qualidade única. É sublime e direto”, completou Govan.

Além da carreira como artista, De Maria muitas vezes flertou com a música e tocou bateria na banda de rock The Primitives, nos anos 1960. Atualmente, uma obra sua está em exposição na Bienal de Veneza. Lá, mostra uma instalação com centenas de cilindros de latão na última sala da exposição. O curador Massimiliano Gioni declarou que sua obra “festeja a pureza muda e gélida da geometria”.

Pela escala e pelos espaços inusitados que escolhia para criar, De Maria acabou por desenvolver relação estreita com a Dia Art Foundation, que mantém o Dia:Beacon, museu-parque nos arredores de Nova York, e que bancou diversos projetos de arte de grande escala (impensável para museus convencionais). Foi a Dia, por exemplo, quem encomendou a obra “The lightning field”.


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