RIO - Se fora do país o leilão de “O grito”, de Edvard Munch, por US$ 120 milhões (em maio, na Sotheby’s), marcou o ano das artes plásticas, no Brasil o mercado também assumiu o protagonismo. Aqui, 2012 foi o ano da presença das gigantes internacionais que comercializam obras de arte.
O primeiro passo foi dado pela White Cube, que, em maio, integrou o time de 110 galerias da feira SP Arte. Em quatro horas na feira paulistana, a casa vendeu R$ 55 milhões. Meses depois, anunciou a abertura, concretizada em novembro, de uma filial em São Paulo.
Talvez estimulada pela concorrente (ou apenas em fuga da crise), a gigante Gagosian veio à ArtRio. Na segunda edição da feira, em setembro, a casa não só teve um estande como criou uma exposição de esculturas que incluía peças de Calder e Yayoi Kusama, entre outros.
A ArtRio, aliás, ganhou força na segunda edição. Levou 74 mil pessoas ao Píer Mauá, distribuiu 120 galerias (60 estrangeiras) em 13 mil metros quadrados e soube aproveitar o agitado calendário de 2012: a feira coincidiu com a elogiada 30ª Bienal de São Paulo e ajudou a criar um circuito que moveu curadores, colecionadores e marchands internacionais entre São Paulo, Rio e Minas (lá, no Instituto Inhotim, foi o ano da inauguração de diversos pavilhões, entre eles um dedicado a Tunga).
O crescimento da ArtRio provocou alguns problemas. O público numeroso, por exemplo, assustou galeristas, que até fecharam mais cedo temendo pelos acervos.
O protagonismo do mercado na arte nacional também se deu fora do país: 2012 foi o ano em que Beatriz Milhazes recuperou o posto de artista viva mais cara do Brasil, que perdera para Adriana Varejão em 2011. Em novembro, a tela “Meu limão” (2000), de Milhazes, foi comprada por US$ 2,1 milhões em Nova York.
O efeito da internacionalização apareceu ainda em grandes mostras. O Centro Cultural Banco do Brasil trouxe do Museu d’Orsay, de Paris, 85 obras do Impressionismo. O país abrigou ainda grande retrospectiva do escultor Alberto Giacometti.
E, como nem tudo é glória, o Rio viu a inauguração do MAR (Museu de Arte do Rio), na Zona Portuária, ser adiada seguidas vezes. Mais triste foi o incêndio na coleção do marchand Jean Boghici, em agosto, que destruiu trabalhos de valor inestimável (alguns, na lista da mostra inaugural no MAR). A maior perda foi a de “Samba”, de Di Cavalcanti, uma das principais obras da arte brasileira.