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Intérprete original de Crô, Marcelo Serrado revela que não faria outro personagem gay na TV

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MIAMI - Pode-se dizer que “Fina estampa” ficou conhecida como “a novela do Crô”. O personagem que marcou a volta de Marcelo Serrado à Rede Globo, após três produções na Record, logo entrou para o time dos mais famosos da história da teledramaturgia brasileira. Basta lembrar que, em novembro, o irresistivelmente submisso mordomo gay chega aos cinemas, pelas mãos do diretor Bruno Barreto, com roteiro de seu criador, Aguinaldo Silva. Na adaptação da Telemundo, Crô foi rebatizado de Ro (apelido de Rosario Flores). Fora isso, está tudo lá: o topete, a gravata borboleta, os trejeitos. E qualquer semelhança não é mera coincidência.

O papel foi entregue a Ariel Texidó, um ator cubano (de Havana) com um jeitão de Wagner Moura que por coincidência estreou numa série televisiva de Ruy Guerra, “Me alquilo para soñar” (1992), e de lá para cá atuou em incontáveis peças, alguns filmes e uma dezena de novelas. Na noite de estreia de “Marido en alquiler”, Texidó — que mora em Miami há oito anos — conta que seu sonho é conhecer Serrado, mas não o encontrou na internet. A convite do GLOBO, os dois começam no dia seguinte a combinar, por e-mail, a mútua entrevista a seguir.

“Obrigada por deixar-me uma plataforma sólida, de onde permito me jogar de segunda a sábado e sonhar aos domingos com Ro. Aqui tens um amigo, abraços”, escreveu Texidó em espanhol na primeira mensagem. Serrado respondeu em português: “Querido amigo, lhe desejo todo o sucesso. Já vi uma foto sua com a roupa do personagem. Com certeza vai ser um sucesso! Te desejo tudo de bom e saiba que tens um amigo aqui.”

As primeiras perguntas, de Ro para Crô, vieram na próxima missiva.

Como nasceu Crô?

— Através de muita pesquisa, de pessoas reais e filmes. Eu sabia que tinha um personagem forte na mão, mas ao mesmo tempo arriscado. Mas também muito bem escrito e desenhado pelo Aguinaldo Silva.

Quem o inspirou?

— Um filme chamado “Santiago”, de João Moreira Salles. Um rapaz que conheci que tinha um cabelo “topete” e minha visita a boates para conhecer tipos diferentes.

O que sentia quando voltava para casa e se desprendia de Crô?

— Não levo o personagem para casa, porém, às vezes, vinha um gesto de Crô... Ele falava muito com as mãos.

O que ajudou você?

— Tive ajuda de alguns preparadores de elenco que me ajudaram a aprofundar a personagem. E tinha um grande texto que me ajudava.

Em seguida, após suas respostas, Serrado escreveu suas perguntas para Texidó:

Como se sente fazendo o Crô?

— Estou em uma “zona de conforto”.

Você chegou a ver algo do que eu fiz na internet? Isso o ajudou ou atrapalhou?

— Sim, vi muito, YouTube, Globo.com foram as fontes principais, e isso me ajudou tanto que decidimos respeitar a plataforma que você havia deixado, que permitia jogar com movimentos multifuncionais, ricas cadeias de ações. Me obrigou, ademais, a estudar o movimento das mãos dos bailarinos e jogar com o balanço do corpo, tudo isso graças à minha esposa, que é bailarina.

Qual foi o último trabalho que fez na TV?

— Um assassino muito frívolo, Víctor Andrade, em "Relaciones peligrosas".

Como você "constrói" uma personagem?

— É só deixá-las fluírem. À medida em que vão entrando, faço uma mescla de toda a informação que o texto me dá da personagem e ponho nela um signo zodiacal. Digamos que Ro é virgem com ascendente em libra.

O que espera da dupla Tereza Cristina e Crô?

— Que trascendam.

Texidó responde com mais duas últimas perguntas para Serrado.

Voltarias a fazer outro personagem homossexual?

— Não.

Quais são seus personagens favoritos de interpretar?

— Personagens fortes!

O cubano concorda — “Também não faria outro homossexual, esse espaço é de Ro” — e se despede: “Saudações de um amigo.”


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