RIO - Os alunos da Escola Mundial vão ganhar companhia a partir desta segunda. Em mais uma aposta no público infantojuvenil, o SBT estreia “Chiquititas”, às 20h30m, antes de encerrar “Carrossel”, que deve chegar ao fim no meio do mês. Exibir o remake da novela de 1997 paralelamente às aventuras de Maria Joaquina, Cirilo & cia seria uma tática para manter a audiência do horário na atual faixa dos 12 pontos? A autora Íris Abravanel afirma que sim:
— A direção da emissora decidiu pelo remake baseada no sucesso de “Carrossel” e nas pesquisas que indicavam a carência de uma programação infantojuvenil no horário — explica a mulher de Silvio Santos, avisando que pretende tirar férias após o novo trabalho: — Eu e minha equipe precisamos. Mas é tão gratificante que a gente até esquece o cansaço.
Para garantir o mesmo bom desempenho, Íris, também autora de “Carrossel”, trabalha novamente com o diretor-geral Reynaldo Boury. Desta vez, a dupla leva para as telas uma nova versão da novelinha argentina. Na época, o elenco contava com gente como Bruno Gagliasso, Débora Falabella, Fernanda Souza, Flávia Monteiro e Jonatas Faro, entre outros.
Para chegar aos atores da trama atual, o SBT realizou diversos testes de elenco com crianças entre 8 e 15 anos. Os 35 selecionados — que além de atuar, cantam e dançam — começaram as gravações em fevereiro, numa produção que durou oito meses. Em cena, a história acompanha a rotina das crianças no orfanato Raio de Luz. Presidido pelo empresário Ricardo Almeida Campos (Roberto Frota), o casarão oferece moradia e estudo a órfãos como Mili (Giovanna. Grigio). Espécie de irmã mais velha para todas as amigas, Mili é a líder da turma das meninas, que conta com a encrenqueira Bia (Raissa Chaddad), a vaidosa Vivi (Lívia Inhudes), a extrovertida Tati (Gabriella Saraivah), a carismática Ana (Giulia Garcia) e a sonhadora Cris (Cinhtia Cruz). Ligada em tecnologia, Cris escreve um blog, onde posta fotos e as últimas novidades do orfanato.
— A maior questão da Mili é descobrir quem são seus pais — adianta Giovanna. — Como minha situação real é diferente da dela, preciso de um preparo emocional mesmo. “O que é não ter os pais?”, “Como é não saber do passado?”. É tocante.
Mais tarde, o orfanato vai abrigar, ainda, as crianças Pata (Julia Oliver), Maria (Sophia Valverde), Binho (Gui Vieira), Mosca (Gabriel Santana) e Rafa (Filipe Cavalcante), que, inicialmente, tentam a vida nas ruas. Completam o time a zeladora Ernestina (Carla Fioroni), o cozinheiro Chico (João Acaiabe) e a diretora Sofia (Lízia Vieira).
A situação do lugar começa a passar por mudanças quando José Ricardo Junior (Guilherme Boury), filho do dono do orfanato, chega ao Brasil após uma temporada em Londres. Revoltado com o pai por causa da morte da mãe, o rapaz fica chocado ao deparar-se com a realidade da irmã, Gabriela (Naiumi Goldini). Reclusa do mundo, ela viveu um drama pessoal há 13 anos, quando se apaixonou e engravidou de Miguel (Daniel Andrade), filho de Valentina (Sandra Pêra), a empregada dos Almeida Campos. Desde então, a família esconde um segredo. No decorrer da ação, Junior se envolve com Carol (Manuela do Monte), estudante de Psicologia que se torna professora do orfanato. Ela mora com a filha, Dani (Carolina Chamberlain), e o irmão, Beto (Emílio Eric).
Por meio dos dramas da adolescência, a autora vai abordar, ao longo dos cerca de 300 capítulos (quase um ano no ar) temas como rejeição, abandono e a chegada da puberdade. A orfandade e a questão da adoção, ela diz, serão tratados com a leveza que o público-alvo demanda.
— Necessariamente, a criança órfã não está condenada à infelicidade. Ela pode se sentir acolhida pelas amigas e funcionários do orfanato e enxergá-los como sua nova família. O preconceito existe, mas temos que aprender a lidar com as diferenças — analisa Íris, contando que estudou para ser professora e trabalhou como voluntária em uma escola onde havia várias crianças adotadas: — A essência da criança é a mesma, não importa se adotada ou não. Criança tem que ser cuidada e acompanhada em seu desenvolvimento. É como a árvore bem plantada que dará frutos.
Há cinco anos no núcleo de teledramaturgia do SBT, Íris optou por fazer pouquíssimas alterações na trama: os nomes dos personagens foram mantidos e há poucos tipos novos em cena. Mas, ao contrário da versão anterior, os meninos estão presentes desde o início da história. E a professora Carol, que trabalhava na Fábrica Pureza, agora dá expediente como garçonete no Café Boutique, ao lado de sua turma de “jovens descolados” como Tobias (Pedro Lemos), Clarita (Letícia Navas) e Maria Cecilia (Lisandra Paredes). Há, ainda, o grupo “Top 3”, formado por três garotas arrogantes que vão esnobar as meninas do orfanato.
Também a exemplo de “Carrossel”, “Chiquititas” será entremeada por muita música, com clipes e coreografias. E se na primeira versão as crianças eram dubladas, a situação agora é diferente. Para dar conta do recado, elas vêm, desde janeiro, tendo aulas com o coreógrafo Eudóxio Junior. E o trabalho foi árduo, ele explica: nos dois primeiros meses, foram três horas diárias de preparação, com aulas de alongamento, expressão corporal, ritmo e interpretação.
Reynaldo Boury garante que, afora as mudanças, o objetivo continua o mesmo.
— Hoje as crianças têm computador e tablet, estamos atualizando a história. Mas o que queremos é manter a família brasileira unida. Que a criança possa assistir à novela junto com o pai e com o avô.