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Índia potira é bisavó aos 66 anos

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RIO — A menina Glória Aguiar sempre gostou de dançar.

— Como eu era muito pobre e não podia fazer escola de dança, vestia as roupas da minha mãe e botava as crianças da rua para me assistir, como num teatro — conta ela, lembrando a infância em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, onde nasceu.

Aos 14 anos, já estava casada e vivendo no Rio de Janeiro.

—Trabalhava como garçonete, porque já tinha filho para sustentar, mas não desisti de dançar e fui tentar a sorte na TV Rio. Dancei por dois anos no programa “Festa do Bolinha”, até criar coragem de bater na porta do Chacrinha — relembra.

O apelido ela só ganhou do novo patrão depois de dois anos de expediente.

— Um dia vi uma índia linda num filme e resolvi imitá-la no programa seguinte. Fui com o cabelo preso e uma faixa na testa. Quando o Chacrinha me viu, perguntou o meu nome, se eu dançava lá e me batizou de Índia Potira, personagem que a Lúcia Alves interpretava em “Irmãos Coragem” na época.

Glória ficou no programa de 1970 a 1978. Conta que pediu para sair porque descobriu que os filhos de Abelardo Barbosa negociavam o show dela por um preço bem acima do que lhe pagavam.

— Me arrependo de ter deixado o Chacrinha tão triste. Ele gostava muito de mim. E acabei me envolvendo com gente que não devia — confessa, referindo-se ao relacionamento com um traficante, que a levou para o mundo das drogas e a ser presa por três vezes, “como bode expiatório”, frisa.

Após sair da cadeia, em 1998, trabalhou como auxiliar de serviços gerais. Hoje é dona de casa e mora no Morro da Babilônia, no Leme. Aos 66 anos, Glória é mãe de duas filhas, de 50 e 48 anos. Tem três netos e três bisnetos, e diz que é feliz:

— Nunca fiz mal a ninguém. O único mal que fiz foi a mim mesma.


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