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Uma casa para o autor roteirista

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RIO - As discussões da 11ª Festa Literária Internacional de Paraty acabam de ganhar um reforço de última hora com a Casa do Autor Roteirista, iniciativa que debaterá a criação literária em todas as mídias audiovisuais, e que acontece paralelamente à programação da Flip, entre os dias 4 e 7 de julho. O evento, que ocupará o casarão de nº 8 da Rua da Lapa, no centro histórico de Paraty, com mesas de debates com escritores, roteiristas e atores de TV e de cinema, exibição de filmes, lançamentos de livros e exposição de material iconográfico, acontece no momento em que se discute a importância do autor na expansão do audiovisual brasileiro, estimulada pela Lei da TV Paga, em vigor desde setembro de 2012.

— A ideia da Casa é um sonho antigo nosso, que ganha mais relevância nesse momento de crescimento do audiovisual brasileiro — explica o escritor e roteirista Newton Cannito (“9mm”), ex-secretário do Audiovisual e cocurador do simpósio, junto com a escritora e autora de telenovelas Thelma Guedes (“Cordel encantado”) e o escritor Eromar Bomfim (“O olho da rua”). — Queremos enfatizar a importância do autor roteirista para a criação audiovisual. O autor roteirista é mais do que roteirista; é o autor. Em televisão, o roteirista é o autor. Infelizmente, isso nem sempre é compreendido pela produção independente que, às vezes, não dá poder criativo ao roteirista.

A programação cobrirá todos os aspectos da criação literária dentro do audiovisual nacional. O evento de abertura, no dia 4, é um encontro com o diretor de cinema e TV Luiz Fernando Carvalho (da minissérie “A Pedra do Reino” e do filme “Lavoura arcaica”), convidado para falar sobre a relação de sua obra com a literatura.

‘Lixo em 3d’

Mas haverá também uma mesa de lançamento da nova versão da novela “Saramandaia”, desenvolvida por Ricardo Linhares a partir do texto original de Dias Gomes (1922-1999), autor homenageado com uma exposição; e uma mesa para discutir os rumos do humor brasileiro, intitulada “O humor e os limites do humor — Literatura, cinema e TV”, que terá entre os palestrantes o cartunista Allan Sieber, criador da série de TV a cabo “Vida de estagiário”.

— Uma discussão que gostaria de puxar é: até que ponto um humorista pode contar com a inteligência do público? — antecipa Sieber. — Sendo humor um jogo (o humorista depende da sagacidade do receptor para a piada funcionar), como jogaremos isso, se o pessoal está cada vez mais boçal e não entende ironia ou entrelinhas? Ninguém lê nada e só vai ao cinema para ver lixo, e agora lixo em 3D. Fica difícil dialogar com gente tão burra assim. É complicado.

Cannito quer mostrar que o audiovisual pode ser visto como literatura expandida:

— O roteirista é, antes de tudo, um autor de criação literária. Especializado em audiovisual, mas antes de tudo, um criador literário.


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